Vodka Russa.
Um chamado de Socorro! Uma voz aguda que clamava, Socorro!
Alberto abre os olhos, salta de seu sofá em um movimento quase único, uma garrafa de bebida preenchia sua mão, foi até porta do apartamento, se aproxima do olho mágico, um susto, um barulho, a queda, o silêncio.
Estava agora no chão, a cabeça olhava para cima, como em um sonho, não sabia como tinha chegado lá, mas ali estava.
A cabeça zonza, herança da confraternização de natal regada a vodka russa.
Avistou em sua cama uma mulher nua, dormindo serenamente, existia nela qualquer coisa de felicidade, curtos cabelos castanhos, pele de seda, lembrava Lena, espere! Era Lena, ela o tinha largado a um ano atrás, o que fazia ali? As questões vinham junto com o frio, a respiração estava pesada, imagens turvas, vultos pontuais de preto passavam em sua frente.
Algo descia em suas pernas, havia certo alívio naquela sensação, encharcava-se, suas mãos e pernas tremiam, dentro dele alguma coisa o dilacerava, sua visão em vermelho, as mãos agora embebecidas em sangue, ele não compreendia, voltou seu olhar para Lena, agora ele que pretendia pedir ajuda, o clamor seria seu, a voz aguda seria dele.
O grito não saiu, suprimido pela surpresa, tudo parecia diferente, só agora ele reparou no apartamento desarrumado, mas o choque foi Lena, estava sentada, com as mãos amarradas em cruz com um olhar que misturava esperança e pavor envoltos por lágrimas secas de rímel. Seus seios com marcas de mordida e rosto deformado, ainda completamente nua, o único pedaço de pano que tinha, era um lenço, em volta de seu pescoço.
Podia jurar, que a viu sorrir, faltavam-lhe dentes. Um estrondo!
A porta estoura, homens de preto invadem e o cercam, ao redor da poça de sangue e urina, lhe apontavam armas e gritavam com vozes abafadas por máscaras, outros tantos corriam preocupados para Lena.
A percepção de seu próprio eu começa a sumir, não se mexia, o deolhar se fixou, respiração cessou, antes do último reflexo neural acontecer, ele deduziu que era um sonho, mas não acordou.