A MISTERIOSA VILA 18 - O VELHO COCHEIRO
Asgard, tirou da sua túnica e me entregou uma baioneta de cobre. Ela deveria ter uns cinquenta centímetros, o cabo era trabalhado em osso, uma escultura da cabeça de um cão.
- Guarde com você, é a única arma letal contra eles. Disse.
Pulei nas águas e geladas, a escuridão já se aproximava, em meio as sombras dos barcos que dançavam sobre a superfície escura, nadei até o Gaivota. Subi a pequena escada de madeira surrada pelo vento e o sal, me senti em casa. Minha pequena traineira guardava boas recordações. Olhei em direção de onde viera, e não vi mais nenhum sinal do barco ou de Asgard, ele já havia desaparecido em direção aos paredões do continente. O gaivota estava atracado em meio aos outros barcos de pesca, o barulho do vento que soprava com intensidade produzindo sons peculiares dos cabos batendo nos mastros, o ruidoso grasnar de gaivotas, se empoleirando nas cruzetas do mastro para dormir, era algo reconfortante. No convés, próximo a borda, havia um casal de pelicanos eles já faziam dali seu lar.
Fui direto ao chuveiro tomei um banho, em seguida preparei um café forte, como ainda restavam bastantes mantimentos, preparei um bife e devorei com pão, pois havia um bom tempo que meu estomago não via nenhum alimento. Sempre com a baioneta ao meu alcance, deitei-me na rede do convés, a ansiedade era tamanha que passei a noite entre cochilos, e despertares, estava alquebrado. Meus pensamentos eram intensos, mais agora me enchiam de confiança, afinal tinha um grande guerreiro que me ajudaria, então os acontecimentos dali em diante poderiam mudar a meu favor.
O dia mal amanheceu o sol ainda não havia se mostrado, olhei atentamente em volta e todos dormiam, exceto, alguns pescadores que já se movimentavam sobre suas embarcações com destino ao alto mar, as gaivotas já haviam voado, em busca do seu café da manhã. Porém o casal de pelicanos, ainda permanecia a bordo com sintoma de preguiça, não os incomodei, afinal, eram meus amigos do mar. Então, sai à procura do cocheiro no galpão. A cada passo minha ansiedade aumentava, só pensava em tomar Isabelle de volta, ir embora dali e acabar aquilo tudo. Andei sobre o cais de madeira entre os barcos e acessei a viela que chegava no galpão. Ao chegar à entrada, observei que o cocheiro estava sentado no canto esquerdo entre duas carruagens e fumava um cachimbo. Parei na entrada olhei para ele e o cumprimentei.
– Bom dia!
Ele olhou para mim, e murmurou algo que não compreendi. Aproximei-me e me sentei no outro banquinho de madeira próximo a ele e disse.
- Voltei do desfiladeiro com ajuda do amigo Asgard, Ele me mandou encontrá-lo.
- Já estou ciente, você fica aqui comigo vou lhe mostrar seus aposentos.
Levantou-se e eu o segui até os fundos do galpão, e ali havia um pequeno quarto de madeira, uma cama e um candeeiro na pare-de, havia também, um pote com água, uma latrina e um chuveiro.
– Aqui você estará seguro, quando Asgard fizer contato, seguremos suas instruções.
Eu havia trazido meu alforje e dentro dele meu surrado e precioso sobretudo de couro, umas calças, e algumas camisas. Então, coloquei minhas coisas sobre a cama feita de bambu. O colchão era preenchido com penas, creio que de gansos. Observei atentamente o ambiente, havia uma janela do lado esquerdo, que dava vista para as docas, por entre as aberturas da madeira eu poderia observar o movimento lá fora. Assim passei o resto do dia. Assim que anoiteceu, o velho apareceu na porta, bateu duas vezes, eu abri e ele entrou com um bule de café, um pão, e ovos fritos. Eu estava faminto, devorei tudo em minutos. Agradeci ao velho e ele me desejou boa noite. Na saída disse:
- Estarei aqui no galpão eu durmo na cabine da carruagem, qualquer coisa, estarei atento.