A MISTERIOSA VILA 17 - ASGARD GUERREIRO MORTAL

Seguimos nossa travessia lentamente. O oceano com seu implacavel olhar molhado, nos vigiava todo o tempo. Continuei a nossa conversa.

- Asgard, como posso esquecer alguém que me completou com seu amor verdadeiro - se não me ajudar entenderei sua posição, mas irei resgatar Isabelle custe a minha própria vida, e será uma honra morrer por ela. Falei com o coração.

Asgard olhou para o horizonte, ficou parado como se estivesse enxergando alguma coisa. Em seguida puxou da cintura uma enorme baioneta cor de cobre, olhou para mim. Neste momento, confesso que foi um dos mais intensos que passei. Seria morto ali e agora pelo melhor amigo do meu pai? 

Então ele diz.

- Vai para o teto da cabine, preciso fazer um serviço.

Sem nada responder subi para o teto da cabine, imediatamente ele desceu as escadas em direção ao porão. Senti como se tivesse sido solto das garras mortais do demônio. 

Não demorou muito e uma intensa comoção teve início, e continuou por alguns minutos, gritos e grunhidos eram estarrecedores, vindos do fundo do barco ecoando por todo o oceano. Após alguns agonizantes minutos, Asgard aparece na escada arrastando as duas criaturas, completamente desfiguradas, uma delas tinha a mandíbula partida junto do crânio, sua língua esverdeada pendia como uma flâmula, dali escorria uma baba escurecida, seus olhos estavam entre-abertos, mas sem o menor traço de vida.

A outra tinha uma abertura no tórax e um dos seus braços havia sido violentamente arrancado juntamente com a metade da sua tenebrosa façe, o turbante negro destroçado pelo sabre expunha parciamente os enormes dentes que também lhe foram arrancados.

Asgard provou ali que era realmente um guerreiro feroz, conhecia a arte de matar.

Olhou para mim e disse:

- Pegue ali na caixa uma barra de ferro, precisamos fazê-los desaparecer.

Atendi de imediato a sua ordem, e fui até a popa do grande barco, onde se encontrava um enorme caixa de madeira cheia de objetos de formas mais estranhos que já vi em uma embarcação. Não me detive muito olhando aquilo, peguei a barra de ferro e a entreguei.

Com uma corda de marinharia amarrou os dois seres à barra e os atirou nas águas do profundo mar do Norte, assim eles foram lentamente tragados pelas profundezas. A única palavra de Asgard foi:

 

- Vamos até o porto de Kally!

 

Já havíamos navegado rumo ao mar aberto, por horas e os paredões já estavam bem distante. Agora, no dirigíamos para o porto de kally onde deixei o Gaivota. O Mar estava inquieto e intimidador. O sol já se escondia atrás da massa liquida, quando nos aproximamos do Porto. Lá estava minha pequena traineira o aconchegante Gaivota.

Asgard não disse uma única palavra durante o percurso, eu também não lhe arguí em nada. Sentia uma alegria no íntimo do meu ser, pois tudo que eu queria neste mundo era Isabelle, e agora sentia a certeza que podia contar com a ajuda dele. Minha intuição, dizia que agora resgataria Isabelle.

Muito antes de chegarmos ao cais, ele jogou ferro e ancoramos a meia milha do cais. Olhou para mim e disse.

- Daqui você segue nadando, passe a noite no Gaivota, não mova um só músculo, amanhã antes do sol nascer, vá até o galpão, procure o cocheiro diga-lhe eu o mandei, ele irá escondê-lo, e orientá-lo na hora certa. Acenei com a cabeça concordando. suas últimas palavras foram.

 

- Aguarde minhas instruções.

 

Ele olhou diretamente para mim, foi a primeira vez após todos os acontecimentos, olhei diretamente em seus olhos, e percebi algo meio animal, e meio humano.