O repto do Bispo
O Bispo é o João, empresário, comentarista esportivo, causador e contador de causos. Temente a Deus, traz o Bispo de nascença, herança de um avõ.
Teve infância como a nossa de folguedos e outros já surrados e sussurados segredos e degredos, mas amadureceu mais depressa, pelo jeito e pelos feitos.
Menino criado lá no Alto, a antiga rua das Flores, e já há muito, Velho da Taipa, nos tempos futebolísticos rueiros, criou seu time ao qual a entusiástica mãe doou camisetas feitas de panos de sacos de variadas embalagens, do açúcar à farinha de trigo. A golas azuis foram um adereço excepcional. E as chemises ganharam melhor aspecto com a tintura amarela providenciada por um dos atletas, o Geraldo Gonçalo que, subrepticiamente as mergulhara nos tanques da tinturaria da Fábrica de Tecidos a desoras das madrugadas e possivelmente a complacência de algum encarregado de vigilância, mas seguramente incentivador do esporte-rei.
Da turma de titulares e aspirantes fez parte o Luís Oliveira que, em razão de uma deformidade de nascença, que lhe afetara as extremidades do membros, ainda engatinhava aos 12 anos...
O Bispo comenta, sem querer alardear fama de milagreiro, que humildemente partiu dele a força vital para curar o miúdo Luís, a quem advertia que, mantida a sua posição, o risco de mão na bola - hands, no bom bretão - colocava o seu time em desvantagem contra os adversários. E não é que o Luís aprumou, e em bípede comum se transformou?
O repto do Bispo foi para cima de dois amigos, contemporâneos que se formaram em medicina e prestaram e continuam prestando valiosos serviços à saúde da cidade:
- Tão vendo aí, Doutor Joaquim e Doutor Ademir, vocês é que são médicos e que tem diploma da Federal e entendem do baraiado, mas fui eu que botei o Luís em pé...e que becão que ele é...!