Como foi? Foi um sonho meio doido
Não sei onde, mas...
Havia estado no cume daquela serra por algum tempo quando resolvi voltar, em meio ao caminho, na descida, ao longe via o brilho de uma fogueira, o caminho era estreito e acidentado margeando um imenso abismo, era noite clara e a lua cheia iluminava tudo ao redor.
O brilho da luz impressionava pelo vigor.
O clarão daquela fogueira crescia à medida que avançava pela trilha, ao redor do fogo havia bruxos e bruxas com aparência de ciganos e piratas que tocavam instrumentos de todo tipo, Aleister Crowley desacreditaria. Havia instrumentos de percussão, violinos, guitarras acústicas, cítaras, gongos, saxofones e tudo mais.Um frenético e acelerado som marcado por batidas fortes e contínuas, os acordes se entrelaçavam e as notas musicais subiam e se espalhavam com a fumaça.
Eles tinham o olhar fixo e cortante como navalha e havia algo de mágico no ar, a sensação era de medo e êxtase e como eram lindas aquelas ciganas (!!!) Com o corpo serpenteando com leveza e sensualidade.
Havia um que talvez fosse o líder, tocava um tipo de instrumento que fazia os tímpanos darem nó, era como um maestro e aos seus comandos,como uma coisa única, todos e tudo se movimentavam, dançavam e tocavam. Seria bom se fosse possível descrever aquela impressionante música. Era talvez um tipo de Doors mesclado com música oriental, batidas de atabaques e alguma coisa de eletrônico, talvez isso.
Na aproximação foi possível perceber que estranhos não eram bem-vindos, a passagem por ali era proibida, era necessário se afastar, mas o recuo não era possível, pois o caminho atrás havia se transformado em nada.
Estavam ali como guardiões da passagem, uma vez lá no alto o retorno era impossível.
Não havia outro caminho senão seguir em frente e contar com a sorte, neste momento espírito e corpo já estavam totalmente inertes em meio à sedução da música e dança.
Em certo momento estavam todos perfilados, e os instrumentos adotaram a forma de espadas cortantes como as dos mouros, não havia alternativa senão mergulhar no desfiladeiro.
Sim, havia um desafio para acordar daquele transe, era possível em meio à feitiçaria saltar pelo abismo e criar asas, não como as de Ícaro.E assim foi feito, na queda sentia o vento forte no rosto e o chão e aproximar, então em um nível máximo de concentração vi surgirem atrás dos ombros imensas asas negras desacelerando a queda.
Foi assim, enquanto planava em meio ao sonho, o som da música ainda ecoava nos ouvidos e a sombra das asas viajava pelo fundo do vale.
Ao despertar com o corpo molhado de suor e um tanto quanto confuso, um bom tempo transcorreu numa espécie de transe entre o estar dormindo e acordado, não houve despertar e tão pouco sonho...tudo foi real.
Gladyston Costa