O PERFIL MISTERIOSO DO RECANTO parte 7
O email de Eliseu recebeu uma infinidade de reclamações e ameaças de processo ao site caso as poesias não voltasse. Textos de diversos temas foram apagados devido aos acessos que o misterioso anagrama obteve, liberando como um vírus-código, o potencial cibernético do hacker.
Caos! Caos! O Recanto das Letras fora golpeado na sua “placa-mãe” literária. Poesias desde o inicio do site até o ano em questão foram dissipadas.
No dia seguinte o mural possuía mais queixas do que qualquer outro site de reclamações poderia receber.
O local público que antes era recanto literário de textos carinhosamente produzidos há tempos tornou-se o vulcão Krakatoa em denuncias, clamores e notas extremamente enraivecidas de insatisfação com a página.
Nesse ínterim, muitos autores começaram a reclamar de outras coisas que não gostavam, embora fossem inscritos no website por longos anos.
Uns questionavam sobre os textos mais lidos, outros de assinaturas e privilégios, outros de censura, falta de reciprocidade, comentários, edição, alguns de critérios e políticas particulares. E nas reclamações, um dos mais citados era Eliseu, que segundo os textos mais brandos, era totalmente lento para resolver problemas cibernéticos, e os mais ácidos, ironizavam com a ocasião em que os computadores do exército dos EUA foram invadidos por adolescentes misteriosos em décadas anteriores. Não relatarei os palavrões que lá continham fazendo menções à mãe do mesmo, inocente nisso tudo.
Os autores, tanto aqueles que tiveram seu cadastro e conta suspensos quanto os que só perderam seus textos poéticos, receberam um comunicado às 11h00. Era Eliseu dizendo que lamentava muito a situação e não sabia como o cracker literário conseguiu infiltrar-se de novo ali porque a foto do seu perfil e sua descrição, contendo endereço e todos os demais dados iniciais eram perfeitamente isentos de qualquer suspeita e acabou passando despercebido de sua central.
Informava que dentro de 72 horas recuperaria as contas de cada recantista afetado e todos os poemas sem exceção de um sequer. Alegou que se precisasse em casos extremos, "formataria" o site por completo para, juntamente com todas as demais contas e textos que poderiam ser afetados mais tarde, eliminar de vez o hacker escondido entre eles. Embora nao garantiu que todos os textos seriam salvos, assegurou que as assinaturas pagas teriam seu dinheiro ressarcido, desde o início da conta, caso não conseguissem resolver o problema, e as milhões de contas gratuitas seriam recompensadas de uma forma ou de outra que ainda, dizia ele, estava em negociação com o CEO do site.
Solicitou os dados pessoais de cada recantista, afetado ou não, para localizar entre o interno da administração, os backups de seus textos e proteger seus perfis para que não fossem usados pelo hacker.
Entre tantos pedidos de desculpas que haviam naquela mensagem, Eliseu dizia que estivessem de olho no site e principalmente no mural para que, aqueles que ainda possuíssem conta, não acessassem o texto de ninguém durante 72 horas, porém permanecessem atentos ao mural se algo estranho fosse postado.
“NENHUM DOS VOSSOS TEXTOS SE PERDERÁ!
Att: Eliseu
Superintendente da Central de Monitoramento e Privacidade do Recanto das Letras.”
Revoltados, muitas contas foram excluídas por conta própria e muita tristeza tomou conta do recanto. Até autores que há muito não visualizavam seus textos e os de outros publicaram sua indignação com a atual situação na página que, antes tão bem quista, agora em estado de abandono, não era a mesma de quando iniciou.
Contos, crônicas, indrisos, juvenis, tutoriais, trovas, sonetos, ensaios, experimentais, entre outros itens que ainda sobraram para opção de publicação de textos apenas eram recipientes de protestos, indiretos ou não, para o fato do site ter sido hackeado e os textos terem se perdido.
20h00. O mural recebe um vídeo... não era uma imagem, foto, gif ou link de vídeo, era um vídeo na íntegra!
O perfil era SEU ÚLTIMO TEXTO...
Continua ....