A MISTERIOSA VILA 13 - A REVELAÇÃO
Inacreditavelmente, Asgard se tornou uma criatura difusa entre o bem e o mal, o elo de confiança do maligno, mas a única pessoa, se é que possa chama-lo assim, que pode me ajudar a desvendar este pesadelo. Aqui em sua frente imploro por ajuda.
Pergunto.
- Meu velho amigo, preciso saber onde encontrar Isabelle, o que esta havendo, o que você faz aqui?
Ele responde.
- Calma Aron, vamos por parte, temos que ser cautelosos, uma coisa de cada vez!
- Vou leva-lo até a presença do Mestre, mas só poderei protegê-lo se me obedecer cegamente, prometa.
Respondi.
Sim, prometo!
-Outra coisa, sua arma não tem nenhum efeito aqui não pense em usa-la.
Respondi.
Sim Asgard, confio em você!
- Siga-me!
Asgard me conduziu por um labirinto de tuneis sombrios e cheios de símbolos gravados nas paredes de pedra, sob os olhares atentos de criaturas malignas caminhamos até a borda do penhasco. Lá em baixo havia um barco, e eu já o conhecia, ele passara por mim durante as navegações, era o “Ondartet” (Maligno), meu sangue congelou. Sempre acompanhados por seres que pareciam ser seus guardiões, descemos a infindável escadaria de pedras, encobertas pelo limo e esculpidas pelo encontro das águas revoltas do mar, e pelo vento frio do Norte. Uma gigantesca porta negra cravejada de pinos de bronze, nos separava do ante salão que dava acesso aos aposentos do maligno Capitão.
Não havia luz natural, era penumbra, o silencio só era quebrado por a musica executada por um violino, que mais parecia ser um lamento. Meu coração trepidava com tanta intensidade, que ressoava dentro da caixa torácica, minha mente estava encharcada de pensamentos, a imagem de Isabelle era cada vez mais forte.
Nessa sala soturna as paredes eram decoradas por diversos quadros. As pinturas mostravam pedaços de corpos humanos destroçados e empalados, algumas figuras eram uma mistura de humanos e morcegos. De repente todo o ambiente é tomado por um cheiro que apesar de estranho, não era ruim, chegava a ser agradável, em seguida uma forte corrente de vento gelado atravessou o grande salão, uma luz azulada transformou tudo que nos rodeava em figuras fantasmagóricas. Surge então, a silhueta esguia da criatura, era um homem muito alto e magro devia ter mais de dois metros. Uma pesada capa de couro cravejada com pedras brilhantes despencava sobre seu corpo envolvendo desde a sua nuca até tocar o chão, sobre suas botas de salto proeminentes. Os dois enormes cães negros de olhos prateados, orelhas eretas permaneciam ao seu lado. A musica cessa, tudo é silencio e fluido. Pensei... aqui estou eu na presença do Mestre maligno o Capitão, confesso que me esgueirava dentro de mim mesmo.
Seu enigmático olhar me causou um impacto, quando virava o rosto em qualquer direção, um liquido vermelho escorria dentro dos seus globos oculares, como se fosse derramar a qualquer momento. Contudo, estranhamente sua aparência lhe conferia certa beleza. Seu rosto tinha traços retos e angulares seu queixo longo prolongava-se por um cavanhaque, a densa cabeleira negra que lhe caia sobre os ombros, chamava atenção chegava tornava-o um ser atraente. Suas mãos tinham um tom branco pálido, dedos compridos e finos. Ele se movia muito lentamente, parecia não andar e sim levitar. Um ser que realmente atrai e ao mesmo tempo intimida, viola a razão e o entendimento. Era o próprio sobrenatural.
Ele olhou na direção de Asgard, em seguida se virou para mim com um olhar metálico e gelado, não demonstrei medo, já aprendi a dominar minhas emoções, sou um homem acostumado a enfrentar tempestades e mares revoltos. Claramente ele percebeu meu estado, também não demonstrei orgulho, segui a instrução de Asgard. Então suas palavras ecoaram pelo salão. Sua voz era pausada e tão grave como o som de uma tuba.
- Escute... Aron, não o aniquilei atendendo um pedido. Pausou brevemente.
- Não costumo atender pedidos, mas, vejo que é um homem valente e determinado, porém, não se iluda tudo tem seu momento. Pousou novamente.
- Vou dizer-lhe algo que precisa saber, e entender.
Eu não movia um músculo, estava cristalizado. Ele continuou.
- Nasci e vivi na Transilvânia por mais de mil anos, minha linhagem precisa de um herdeiro, e ele precisa de novos locais para procriar e imperar. Nova pausa.
- Seguindo a tradição, e após longa peregrinação pelo mar do Norte, cheguei a Kalle, e lá encontrei no desfiladeiro um lar perfeito e permaneci anônimo por muito tempo.
Nova pause e um respiro fundo.
- Infelizmente quando o plasma ficou escasso, precisava repor esta vital fonte de alimento, mas em Kalle era insuficiente, e isso me obrigou a deslocar rumo a Baltimore abraçar a guerra civil e obter o sangue precioso.
Passou a mão sobre a cabeleira olhou para Asgard e concluiu.
- Asgard, lhe tenho todo respeito e apreço, guerreiro audaz e leal convertido em um dos nossos, sua posição de honra dentro da família me agrada, assim dei-lhe o dom da imortalidade, seu coração me pertence.
Atônito e circunspecto, escutei sua narrativa.