A última conversa
- Não dava para esperar mais um pouco, Eduardo?
- Você sabe que não. A dor só piora.
- Tem ideia do que está fazendo, do que isso vai provocar nas pessoas
que te amam?
- Já conversamos sobre isso, Sofia. Preciso fazer, não vou voltar atrás.
- E eu vou ficar como? Pensei que me amava.
- Eu te amo, acredite em mim, mas isso vai muito além.
- Nunca vou aceitar essa loucura... Nem deveria estar aqui.
- Escuta, Sofia. Não tá sendo fácil pra mim também, mas é o melhor.
- Melhor pra quem, pra você? Para de ser egoísta Eduardo, por favor.
- Já te expliquei sobre isso, Sofia. Não é egoísmo!
- Desiste dessa ideia, Dudu, vamos retornar para o Brasil.
- Sinto muito, mas não vou. Agora que estou na Suíça, vou até o fim.
- Por favor, amor. Pensa nos seus pais e na sua irmãzinha.
- Eu já refleti muito sobre isso, não tomei essa decisão por acaso.
Você acha que é fácil, que eu gosto de estar aqui?
- Então, vamos voltar, podemos viver juntos e até ter filhos.
- Pois que tipo de pai eu seria?, Nem poderia levá-los para escola.
- Eu faria isso, posso fazer tudo.
- Você não sabe o que está dizendo, Sofia, não quero que tenha essa vida.
- E que vida quer pra mim, uma sem você?
- Desejo que encontre um bom homem, construa uma família e seja feliz.
- Já encontrei esse homem, só quero você.
- Não chora, Sofia, por favor. Depois de um tempo nem vai mais lembrar.
- Não sei se consigo participar disso... Não vou aguentar, Dudu!
- Seja forte, amor, seja forte.
- Eduardo, eles estão vindo... Para com isso, meu amor, ainda dá tempo.
- Sim, devem ser os enfermeiros e meus pais. Pode ficar perto de mim?
- Quando o senhor desejar, é só aplicar a injeção.
- Amo todos vocês, fiquem bem.