Despertei olhando pela janela enxergando um clarão de lua cheia. fui ao terreiro da casa que agora lembrava uma tapera, havia sido construída no final do século dezoito, tendo sido; Engenho de açucar, canavial, plantação de algodão e morada de algumas famílias, inclusive a minha. De tão malcuidada parecia um casarão mal-assombrado, mas ali às noites enluaradas tinham um brilho especial. No ambiente existia uma poderosa energia parecendo que minha mente atraía toda a força do Universo. Indo ao terreiro, tudo estava claro tal as manhãs alegres de verão, e a Lua resplandecia num céu enfeitado de luzes.

Eu era menino  querendo saber porquê as noites enluaradas faziam-me despertar ouvindo alguém chamar; Desperta! Vem, vem sentir a força da Lua cheia! Eu queria entender, mas não havia quem me instruísse, mesmo assim, vinha ao terreiro receber a força na noite enluarada, sentindo um clarão dentro da alma, de saudade e ternura.

Contemplando a lua cheia, me deparei com um ambiente diferente, tal qual uma tela da Natureza. Conscientemente participei de um fenômeno de grande beleza que não entendia por ser desconhecido para mim, embora alguma coisa me fizesse acreditar que tudo era verossímil. Extasiado contemplei luzes, formas e cores, tudo muito misterioso e pensei quem poderia me fazer entender, foi então, que da luz surgiu um misterioso homem cujo corpo parecia flutuar e, com voz e olhar diferente de todos os que havia visto dirigiu-se a mim dizendo que aquela visão de luz não se enxergava com os olhos, mas com a  luz da consciência. Você é jovem, disse, não pode entender, mas ficará gravado na sua memória estas imagens. 

Sentei num jardim florido e chorei de alegria incontida, eu não tinha ideia do que poderia ser aquele majestoso lugar, porque eu vivia na simplicidade onde só existia o mundo real; Campos, árvores, flores, plantações, borboletas, passarinhos, lagartos e os animais que eu cuidava; cabras leiteiras ovelhas, cavalo pedrez envelhecido, porém amado e meu cachorro de estimação. A Lua e  Sol que eu observava dia e noite representavam os maiores mistérios da minha vida, e ali diante daquele majestoso cenário não sentia vontade de voltar enxergando o mundo conhecido, só me restava pensar, refletir e caminhar por entre palácios luminosos, arco-íris, a Lua próximo clareando e muitas estrelas a brilhar.

Não conhecido nenhuma cidade com praças, prédios, avenidas, e naves espaciais que silenciosamente subiam ao espaço, pessoas caminhando, outras parecendo não tocar no chão, mas para mim tudo parecia natural. Diante dessas maravilhas roguei a um sábio homem para me fazer entender o que estava diante de mim, e ele, então, me respondeu que tudo estava gravado na minha memória, e só me seria revelado quando eu pudesse entender e compreender com clareza as coisas da natureza, sendo advertido pelo homem, dizendo  que o que eu enxergava naquele instante era de uma visão de luz, e não entendendo perguntei o significado de visão de luz, ele então, me respondeu que aquela luz era uma visão doutra dimensão.

O misterioso homem se uniu a luz e fiquei com olhos rasos d’água, embasbacado procurando o iluminado homem num céu enfeitado de Astros e Estrelas. Hoje, do Universo posso atrair  o progresso a ciência, o conhecimento, ciente que nunca estaremos sós e que  o  Criador tem muitas moradas. Conheço alguns lugares no mundo, mas aonde nasci é o que mais me atrai e quanto mais me distâncio dele mais próximo me sinto. A vida parece ser o maior mistério da nossa efêmera passagem pela Terra.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 13/06/2018
Reeditado em 25/03/2019
Código do texto: T6363393
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