Antonio de Albuquerque
Junho 2018


Muito distante, além do Pico da Neblina na imensidão da floresta, nos confins da Amazônia brasileira, onde o homem moderno nunca pôs os pés, longe de qualquer poluição, avistava-se uma pequena aldeia situada à beira do Rio das flores, assim denominado em virtude de ter suas imensas margens enfeitadas por milhares de espécies de árvores floridas, formando assim, um esplendoroso santuário de pura beleza. As nascentes desse Rio poucos conheciam e onde desaguaria as pessoas ignoravam, mas os antigos moradores da região afirmavam que em um determinado ponto de sua extensão ele se transformava num lindo arco-íris se confundindo com o infinito, e a noite formava um só clarão de luz entre o céu e a Terra, Também afirmavam ser um Rio misterioso que trazia firmeza, equilíbrio e encantamento para o povo da floresta. Suas águas transitavam por entre duas misteriosas montanhas tão altas que os moradores não haviam visto seus cumes por causa das nuvens brancas tal leite de Amapá que impediam a majestosa visão.

Sua população indígena remanescia de um povo Ianomâmi falando Nheengatu, que havia sido aculturado por antiguíssimos hebreus que lá estiveram em visita, a milhares de anos antes do Cristo. Os Tapiris que formavam a Aldeia eram enfeitados por lindos Ipês, acácias, imburanas-de-cheiro, Açucenas, Sororocais, Palmeiras e uma infinidade de alvores floridas, sendo assim em toda a sua extensão, berço de aves e animais raríssimos formando uma infinita riqueza de Fauna e Flora. Existia um lugar no centro da Aldeia considerado sagrado aonde os moradores se reuniam para contar  experiências de boca a ouvido para os mais jovens formando a história desse misterioso povo amante da água e floresta. As pessoas que moravam no lugar sentiam-se felizes desconhecendo a tristeza. Mas um dia surgiu entre elas um vírus de uma patologia que as atingiu levando algumas a óbito. Essas pessoas, então, pela primeira vez sentiram a tristeza e reunidas pediram ao Sol que levasse a tristeza e trouxesse de volta a felicidade.

Depois de alguns dias numa manhã sorridente banhada de sol tal arco-íris da vida, surgiu no Rio das flores uma canoa e dentro uma menina sorridente a remar. Vejam! É uma linda menina que vem chegando!! Assim exclamaram os moradores que logo se acercaram de Yukwawa, pois esse era seu nome que em Nheengatu significa “aparecer”. A menina que apareceu tinha doze anos de idade e era a pura formosura em forma de mulher, e sorrindo encantou a todos e logo as pessoas a acompanharam em direção ao lugar de reunião. A menina pediu água para beber e logo dezenas de nativos foram ao Rio colher água em potinhos de barro e cuias de cabaça. Yukwawa bebeu a água e logo as pessoas pediram para também beber, e ela a todos ofertou, inclusive para os enfermos que logo recobraram a saúde e a alegria, reinando novamente entre eles numa manhã sorridente.

A água pura do Rio das flores corria sem parar e suas margens floridas recebiam a luz do Sol dourando as flores e folhas que enfeitavam a aldeia, o vento sussurrava entre ramagens trazendo a melodia das fontes, numa ternura alentando a vida de luz e amor. Yukwawa trouxera a alegria e saúde de volta despedindo a tristeza e a dor, agora tudo é saúde e felicidade. Da canoa de Itaúba do meio do Rio a menina se despedia dos nativos e o rebojo da agua do Rio formou um redemoinho e subindo transformou-se num Arco-íris e no centro a bela menina acenava sorrindo com alegria.





 
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 05/06/2018
Reeditado em 31/07/2018
Código do texto: T6356402
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