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Antonio de Albuquerque
Pedro descia pela encosta da montanha caminhando apressado com o semblante sofrido e olhos rasos d’água e a alma embrulhada em dores. Ele havia brigado com Lourdes sua amiga e namorada, os desentendimentos eram constantes, mas naquele dia haviam passado dos limites, visto que se ofenderam mutuamente.
Pedro se ausentou deixando a moça sozinha na companhia dos sofrimentos causados por suas duras palavras, mas ele a amava. Moravam no alto da montanha numa casinha bem simples, tendo como testemunho uma frondosa aroeira cheia de flores cheirosas e uma sombra onde os dois namoravam deitados numa rede embaixo da frondosa árvore perfumada. Dali, do alto eles contemplavam o vale coberto de relva e Jequitibás floridos formando um lindo jardim.
Na subida da montanha morava um velhinho misterioso denominado; o pacificador,lugar esse aonde Pedro foi pedir um conselho para resolver o impasse causado pela rusga entre ele e sua namorada. Acompanhado pelo velhinho, Pedro subia a mesma montanha indo ao encontro de Lourdes ainda muito sofrida pelo acontecido, fato pouco raro na vida dos dois amantes. À sombra da Aroeira os três conversavam e a linda jovem estava inconformada com a atitude de Pedro em decorrência das suas palavras constrangedoras. Cada um contou a sua história e quando o pacificador perguntou se algum dia eles haviam brigado, eles responderam que sim, mas estavam tristes porque agora as brigas aconteciam com frequência. Então o pacificador com sua sabedoria, disse: − A amizade é uma ponte para se chegar ao amor. − Como assim? Perguntou a linda moça. Para se chegar a um lugar é preciso construir um caminho, para fazer o caminho é preciso esforço até chegar ao lugar. Chegando ao lugar é preciso profundo esforço para construir a morada, sendo assim, a morada o amor.
Assim somos nós, para conservar a amizade, muitas vezes é preciso esforço que requer paciência, renúncia, tolerância, compreensão e perdão. As brigas são ajustes para chegar ao amor e a paz, respondeu o pacificador. Os dois amantes escutaram o encantado pacificador que agora descia a montanha ciente que havia cumprido sua missão. Os namorados deitados na rede embaixo da frondosa aroeira se deliciavam com o entardecer, o trilar dos passarinhos e o Sol se despedindo por trás da bela montanha, um lindo jardim de risos e flores.
Os amantes ao se beijarem se transformaram num casal de bem-te-vis e foram morar no seu ninho no alto da montanha.