O devorador de carnes

Os seus dentes eram enormes, afiados e muito bem distribuídos naquela boca animalesca. Ele tinha uma mandíbula firme e não importava o tipo de vítima, ele a matava em seguida a devorava por inteiro.

Desde pequeno ele foi criado para matar. Matava todos quanto ele pudesse, não se importava se eles (ou elas) eram novos ou velhos. Seus olhos brilhavam ao vê-los correrem, tentarem se esconderem, pois ele iria caçá-los, seja onde estivessem.

Suas vítimas sofriam ainda em vida, sentindo seus pedaços serem arrancados um a um; ele adorava arrancar os dedos, tirar um pedacinho dos pés e das coxas deles, mastigava-os degustando-os.

Havia momentos em que suas vítimas eram comidas cozidas ou assadas, mas o que ele gostava mesmo era de comê-las vivas. Certa vez, viu-se ele arrancar o coração de uma vítima, que se debatia ao chão. Que imagem horrenda! Quanto sangue escorria pela boca dele! Via-se também o sangue sair por entre as vísceras do peito aberto da vítima ali, sofrendo e agonizando.

Aquela besta selvagem parecia sorrir enquanto mastigava a carne na pele daquele pobre ser. Suas vítimas também pareciam desejar uma morte rápida, uma morte limpa. Porém isto nunca acontecia, pois ele apreciava olhar a vida expirar dos olhos delas.

Em um destes momentos incríveis, alguém gritou:

- Mãe! Por favor, diz ao papai para parar de dar bichos vivos ao “peludinho”, porque eu não aguento mais ver este cachorro comer eles. Tenho pena dos bichinhos! Amanhã eu vou comprar cinco quilos de ração...

Adílio Junior de Souza
Enviado por Adílio Junior de Souza em 08/05/2018
Reeditado em 11/05/2018
Código do texto: T6331069
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