A MISTERIOSA VILA 4 - MISTÉRIO
Deixei kalle com um sentimento de perda assustador e inquietante, no meu intimo algo dizia que precisava me afastar daquela lembrança medonha. Naveguei para o mar aberto em companhia dos dois pe3scadores, Arthur e Ariel, eles seguiriam para as ilhas no arquipélago de Faroé para reencontrar suas famílias.
Durante a navegação abateu-se sobre o mar uma nevasca feroz rugiu o dia inteiro nos abrigando a quebrar o gelo que se formava sobre o convés, mas de repente nossa visão foi turvada por enegrecida neblina, a calmaria e silencio nos envolveu completamente, não enxergarmos o próprio convés, a atmosfera foi inundada por um cheiro irrespirável. A medida que o tempo foi passando, os clarões entre a densa e opaca, nos revelou uma silhueta desumana de aspecto aflitivo, olhar frio e estático. Uma onda de pavor nos envolveu e nos refugiamos na pequena cabine.
Reproduziu-se o ensurdecedor grito de horror, que ouvi emanar das profundezas dos paredões do vale em Kalle. Por alguns segundos tive a visão do rosto marmorizado do velho Asgard.
Os homens ficaram paralisados assim como eu, não conseguíamos mover um só nervo do nosso corpo. Em pouco tempo todo aquele cenário tétrico se volatizou e desapareceu, imediatamente comandei a navegação em direção as ilhas. Para nossa alegria avistamos o cume da grande montanha do arquipélago de Faroé. A Gaivota como se entendesse o ocorrido, deslizava valentemente sobre as águas revoltas do mar do norte.
Arthur me indagou sobre o paradeiro de Asgard, mas não lhes contei o que houvera acontecido, apenas lhes informei que ele havia desistido de voltar conosco.
Final de tarde sombria, o céu vermelho ocre, nuvens escuras e baixas, quando atracamos no remoto porto de Kviviko. O vento fustigava meu rosto deixando as orelhas e nariz gelados. Dessa vez a pescaria não foi tão generosa como antes, sabíamos que com o inverno chegando, as águas esfriam e os peixes migram para o sul. Mas, o sinistro acontecimento que vivenciamos nos obrigou retornar mais rápido. Trabalhamos até o fim do dia retirando e embalando o pouco pescado para entrega. Acabamos a limpeza da embarcação já a noite. Artur e Ariel se despediram me deixando convite para visita-los em suas casas. Saíram por entre os barcos do cais do porto e me deixaram só.
Eu estava exausto física e mental. Depois de um café forte e quente o suficiente para queimar a língua, fui dormir em companhia dos pelicanos aninhados em cima da cabine. Dormi como uma pedra.
Quando abri os olhos, pela escotilha vi um dia cinzento e sem sol, a muito custo levantei do meu quarto quente, fui direto para a cozinha preparar alguma coisa para comer, estava faminto. Queria ficar algum tempo na ilha e conhecer as pessoas, logo fui caminhar nos arredores da aldeia.
Andei pelas estreitas ruas cobertas de pedras brilhantes e rosadas, as casas eram também construídas com as mesmas pedras, telhados de madeira, e todas possuíam chaminés que exalavam fumaça branca, formando colunas verticais que pareciam sustentar o pesado céu esverdeado. Um visual mágico. Havia também pequenas mercearias, aproveitei para comprar mantimentos e trigo para fazer pão. Coloquei tudo na mochila e voltei ao barco nas docas. Fiquei com vontade de me aquecer naquelas lareiras das casas de pedra. A tarde fria já cedia lugar para a noite gelada. Cheguei ao barco guardei os mantimentos, vesti meu sobretudo de couro, sentei-me no convés e acendi meu cachimbo. Fiquei ali por horas mergulhado nos pensamentos. Ah, Asgard meu velho amigo... será que nos veríamos novamente? Ele era o último elo entre meu pai e eu. E a moça dos olhos verdes?
Visitei algumas vezes as casas Arthur e Ariel, em volta da lareira nos aquecemos e conversamos, bebendo um bom Rum. Mas, uma partitura de pensamentos inundavam minha mente. Algo forte no meu subconsciente me dizia que deveria voltar a Vila em Baltimore. Mesmo sabendo da tenebrosa comoção que levou a filha do taberneiro, uma dúvida atroz, um instinto alheio a minha vontade, me impelia a atender ao inquietante pedido do meu coração...voltar.
Entre o céu e o mar... Meu destino era a longínqua e Misteriosa Vila.