O Prólogo da Loucura

Primeiro texto da trilogia "Prólogo da Loucura"

É impossível descrever com palavras exatas o começo de tudo. Não vejo uma forma capaz de expressar a nossa intrinsecada relação e minha redenção ao seu amor. Ainda mais justificar estar aqui comendo no sofá da sua sala, observando o vai e vem do mundo pela janela, para ser mais preciso, admirando pelas portas do seu coração.

Inclusive nessa hora me deparo com nosso primeiro conflito. Não consigo explicar sua distância, em apenas meros dias de romance. Cheguei a passar dias no seu quarto, despindo minha alma e me aquecendo entre suas pernas. Conversamos por várias horas, no chão do box, e só parava para “devorá-la” em baixo d’água. Será possível enfrentar os labirintos desse casamentp, cercado por insegurança e verdades assombrosas? Com as chamas desse sentimento quero que sinta dor, como credor desejo sugar seu sangue, nos dias e horas mais impróprias.

Tirar férias do estranho universo, alimentando-me do seu corpo. Como é doentio viver às suas custas. De onde vem essa saudade então? Sou capaz de copiar os traços de tudo que não aconteceu. Quem sabe até em algum outro lugar, supostamente muito melhor do que aqui. Nas cenas milhares de cores que escolhi, novos tons até inventei. Mas só posso enxergar em preto e branco, tantas e tantas palavras coloridas, uma vida que tentaram me dar.

Está tudo errado e nem parece certo, tantas promessas que nunca fizemos. Forjei você com luz e sombras, que refletem tudo que vejo, toda e qualquer traição, traição afogada em lágrimas que não brindaram com você.

Perdido nos corredores da liberdade, sabia que a agonia deve passar, logo você estará de volta! Devo preparar-me para sua chegada, as flores que escolhi, perfumam agora a seda que cobre o antro do nosso pecado.

Mas talvez, seria mais fácil entender o que me faz fingir? Acreditando constantemente nas desvairadas mentiras que invento. Até nas trevas posso saber que nada disso foi real, ao menos nunca foi desse jeito. De qualquer forma ninguém realmente debandou em sofrimento e só você é capaz de despertar uma saudade tão inquietante e vazia. Enquanto tento pintar as lacunas de um malfadado “amor perfeito”, a vejo fugir sem destino, para um lugar qualquer....

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 16/04/2018
Reeditado em 16/04/2018
Código do texto: T6309786
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