Está em mim...
Eu tenho um dom e detesto ter, pois tudo que sonho acontece. Tenho Percepção Extrassensorial desde dos 5 anos de idade quando quase morri e fiquei em coma por 45 dias na UTI/CTI. Após acordar tudo é assim, eu choro e fico frustrada, pois a pior das visões foi a morte da minha Mãe.
Eu não posso mudar nada, só posso ver antes de acontecer e isto, até parece uma punição, pois ninguém de fato quer ver algo duas vezes em real. Não, sem poder mudar ou interferir. É tudo meio insano, mas bem real quê, digo-lhes...
"Isto dói"
Não aceito ver e não poder mudar, porque é incoerente em demasiado você estar presente e ao mesmo tempo não estar no presente. Não exatamente na primeira vez, mas você vê tudo no presente, sendo um passado que devora todo o futuro.
Daí, me perguntam se em algum momento eu tentei mudar...
"Claro! Eu fui mudar e tragicamente gerou-se horríveis consequências".
A minha Mãe sabia e nunca me deixava contar para às pessoas.
Ela sempre me fez esquecer...
Ela nunca deixava eu contar...
Aliás, isto é algo que ninguém deve saber por motivos de distúrbios inerentes e sequentes tragédias inimaginárias.
No ano de 2016...
Em março, um sonho triste e eu contei para ela...
Em abril, outro sonho e eu evitei acontecer com a pessoa...
Em maio, acordei desesperada e fui contar para ela...
"Ela não deixou eu terminar"
Antes de morrer, ligou para mim e assim me disse:
"Eu te amo e você vai ser a minha eterna bonequinha linda!" _(Ela morreu onde eu vi).
Eu sinto vontade de gritar e é tipo um nó na garganta, qual aperta o meu peito, abafa o meu choro e eu fico com a cabeça igual à um balão cheio de ar.
A tragédia consumada e a minha certeza era um buraco no centro do Universo me dilacerando.
No caminho da volta do Funeral, falei do Mohammad Ali para o motorista que me levou. Eu elogiava ele e dizia a minha admiração pelo grande homem que ele era. Até contei um ocorrido que lhe aconteceu quando foi medalhista de ouro para os Estados Unidos e ao sentar em uma lanchonete para comer um Hot dog e beber um milk-shake de chocolate, onde acabou sofrendo racismo e teve que se retirar. Ele virou muçulmano devido à tanto racismo na religião católica contra ele e outros negros.
Então... Cheguei em casa e fiz o almoço para às crianças, mas eu estava muito despedaçada. Resolvi sair para caminhar na chuva e chorar, mas vi um reflexo e Mohammad morreu.
"O motorista é testemunha"
Fico demais emotiva e até parei de escrever um livro, porque tudo se perdeu em um vazio. Porém não devo parar e não há sentido, pelo menos no momento emocional que estou lutando... Contra o Dom... Dom sei-lá o quê?!
"Dom Casmurro... Dom Pedro II... Dom Ruan... Dom do Carvalho e muitos aos Don-Don... Eu necessito começar à compreender, o por quê ?! Por que lhe é concedido um dom que você pode ver tudo acontecer, mas não pode evitar, pois afeta outras pessoas... É algo maldoso e tipo punição, pois qual motivo de tal dom?"
Antes era simples, porque quem morria eu não amava, mas agora foi diferente e estou muito inconformada.
Voltando na infância...
Eu falava com a minha irmã, somente olhando nos olhos e a gente fazia isto antes de dormir. Ela dormia na parte de cima do beliche e eu em baixo. Eu falava com ela por pensamento também e ela respondia falando com a voz. A gente achava que era somente uma brincadeira, mas a minha Mãe, sabia que não era brincadeira e sim, o meu dom.
Um fato aos 7 anos de idade...
Minha professora havia ficado afastada e veio uma substituta, qual em um momento muito maldoso me humilhou na frente de toda a sala de aula, me chamando de burra. Somente porque eu errei a leitura do texto. Então, todos ficaram à me chamar:
"Burra... Burra... Burra"
No mesmo instante eu chorei e fiquei com a cabeça baixa na carteira. Passou o choro e veio a raiva. Desenhei a professora e furei com o meu lápis, bem no seu coração. Logo veio o inspetor, a faxineira, a diretora, a classe inteira foi liberada mais cedo e ela não pode mais me humilhar, pois caiu ao chão.
No chão ela não mais estava com as feições maléficas, mas bem parecia um moribundo agonizando. Em seguida eu olhei bem fixo nos olhos dela e disse:
"Jararaca"
O inspetor me olhou e perguntou se eu estava xingando a professora e eu lhe respondi... É a palavra, qual eu havia errado no texto, mas eu li outra vez e somente quero mostrar para ela, como eu sei ler e não vai mais necessitar me chamar de burra... Não, mesmo!
Chegando em casa, eu contei para a minha Mãe, que me pediu para nunca mais fazer aquilo e jamais contar que havia sortido efeito com a professora maldosa.
Sabe, eu nunca mais soube nada daquela Jararaca. _(...)
Em 2008...
Era uma época muito difícil em minha vida, pois estava me separando e o infeliz do ex-marido vivia à me fazer maldades. Todo tipo de maldade que posso imaginar e não imaginar... É algo que está nele e além, de qualquer película hollywoodiana.
Além da traição, qual ele me fez, também chegou ao ponto de me fazer ter raiva...
"Aquela que no passado eu havia prometido, não ter".
Londres 14:20...
Foi bem feito! Desculpa, mas ele mereceu, pois em tudo que já me fez e faz, aquilo foi cócegas e o mínimo, qual eu já deveria ter pensado antes. O infeliz quase perdeu uma perna em um acidente de moto, mas embora lhe faltasse um pedaço e se estivesse aqui no Brasil, teria uma amputação na certa. Como estava em um país com excelente qualidade de vida, ele teve uma salvação, pois lhe fizeram um enxerto do glúteo na região da panturrilha. Claro! Um dia ele vai ter o merecido retorno, mas isto ele fará por si e não vou mover um só pensamento. A minha disposição quântica, está em evolução e não em atraso. Assim, eu deixo ele se estragar sozinho. _(...)
Muitos anos antes e depois...
Tantos sonhos e pensamentos. Todos sempre acontecendo duas vezes na minha frente. Algo que jamais posso mudar ou se mudar, tenho que pagar depois. Ele sempre me diz que uma hora ela vai chegar e toda vestida de ouro me dirá, o motivo que não pôde ficar comigo.
"Existem coisas que aconteceram do outro lado e não posso contar, mas d'entre elas houve o nosso encontro e a nossa despedida dramática"
Ela jamais me deixará, como também não pode me encontrar. Ficamos sendo como o Sol e a Lua... A noite e o Dia... São explosões que refletem aos reflexos de muitos espelhos. Ele sempre me salva de pessoas ruins, de acidentes, de maldades e faz o papel de meu Mentor. Tudo na habilidade que somente ele têm... E o relógio se vai.
Eu tenho um lado que somente posso atravessar sozinha. Assim, consigo a verdade em tudo que desejo.
No ano de 1999...
Eu estava na Liberdade fazendo um curso de oficial de justiça. Eu vi o ex-marido na porta da sala de aula com uma polo amarelo claro. Pedi para o professor se eu podia sair e falar com o meu marido. Ele olhou, levantou uma sobrancelha e balançou os ombros que tudo bem. _(Meio confuso)
Eu saí e não vi mais o ex-marido. Perguntei ao segurança da escola e ele não havia visto ninguém. Fui até a frente e nada. Voltei para sala de aula e sentei para continuar minha aula.
Logo em seguida na minha nuca passou uma mão gelada e soprou um vento no meu ouvido...
"Erikaaaaaaa..."
Eu perguntei para as pessoas que estavam ao meu lado, sobre a mão e o vento. Só não disse do nome, porque ia virar piada e sempre tem um palhaço, qual fica zuando a gente.
As pessoas ao meu lado, me falaram que era apenas uma impressão.
Fui embora pegar o metrô e comecei à ver a minha avó do outro lado da estação, oposto ao meu lado. Eu estava ficando nervosa, pois minha avó estava em Santos no hospital. Perguntei para uma mulher ao meu lado se ela estava ver uma velhinha de 95 anos do outro lado, com vestidinho florido casaquinho marrom e bolsa. A mulher disse que não via nada.
Eu queria ir até o outro lado...
Eu voltei à perguntar para outra pessoa e a resposta foi a mesma...
"Não tinha velhinha alguma"
Eu gritei:
- Vó, me espera eu vou até aí!!! _(Ela acenou com a mão direita e parou um trêm onde ela entrou e foi embora).
Em seguida chegou o meu trem. Eu entrei com a cabeça confusa. Cheguei na Estação Clínicas e desci.
Já que não estava bem, eu tinha que andar para arejar a cabeça.
Fui descendo a Dr.Arnaldo, peguei a Apinajés, entrei na Apiacás e cheguei na frente do edifício onde eu residia. Meu marido estava lá na frente me aguardando, com uma polo amarelo claro!
Eu disse:
- Por que esteve no curso e foi embora? Eu fui te procurar e você sumiu. O que aconteceu?
Ele me abraçou. Abraçou bem forte e disse:
- Eu não estive lá. Eu cheguei agora de Santos. A sua avó faleceu.
Eu chorei...
Eu gritei...
Eu disse para ele que tinha lhe visto com aquela polo amarelo claro, na porta da sala de aula. Falei que vi a minha avó e ela acenou com a mão direita do outro lado da estação...
Eu chorava muito. Subi, tomei um banho, me vesti, arrumei a malinha com mamadeiras, fraldas e roupinhas, peguei o meu Filho com a Babá e entrei no carro com o meu marido em direção à Santos.
Passando na frente do Cemitério Araçá onde existem bancas que vendem flores, pedi para parar, porque eu ia comprar rosas brancas, quais a minha avó mais gostava.
Cheguei em uma banca de um japonês e ele me disse que não tinha mais rosas brancas, mas orientou à procurar em outras bancas. Fui em todas e nenhuma tinha as rosas brancas. Voltei chorando até a banca do japonês e lhe disse que eram para a minha avó que havia falecido. Abri minha carteira e mostrei a foto dela. O japonês estava com sua filha de mais ou menos 17 anos lhe ajudando. Na hora que mostrei a foto ele ficou pálido e mandou eu sentar. Ofereceu-me água, disse que eu tinha que lhe esperar quê, já voltaria e era para não ir embora.
A filha dele começou à conversar comigo e me fez parar de chorar...
Passaram 15 minutos...
O japonês surgiu com um lindo ramalhete de rosas brancas. Eu fiquei feliz e disse:
- O senhor conseguiu pra mim?! Obrigado... Obrigado... _(Comecei chorar)
Eu perguntei quanto tinha que pagar e ele me respondeu :
- Nada.
Eu olhei para ele e disse:
- Nada não, o senhor foi buscar as rosas para eu levar à minha avó, e eu quero lhe pagar.
Ele me deu um abraço e a filha dele também. Falaram uma palavra em japonês que não entendi. Depois me disse:
- Hoje eu tinha rosas brancas, eram lindas e iguais à estas que fui buscar para ti. Sua avó esteve antes de você e levou as rosas. Ela estava com vestido florido, casaco marrom e uma bolsa. Ela disse que ia visitar a neta e levar as rosas que mais amava. Eu não sei se você acredita, mas era ela e entrou no Metrô.
Eu comecei chorar e ele disse:
- Vai logo para entregar estas rosas, você precisa muito fazer isto. Você tem uma ligação com algo que não sei explicar, mas hoje eu comecei à acreditar.
Me abraçou novamente dizendo:
- Você está viva, nunca troque de estação.
Aquilo me fez ficar atordoada e fiquei novamente com um tipo de balão de ar na cabeça. Fui para o velório coloquei as rosas brancas nos braços de minha avó e chorei muito.
Uma semana depois voltei na banca do japonês, qual me abraçou todo feliz e dizendo:
- Fico feliz em lhe ver aqui conosco.
Foi bem deste jeito...
Acho sensato compreender tudo em um todo, para a minha conduta correta ser resguardada de pessoas com má intenções. Assim, o meu absolver nas escolhas será neutro, pois não sou um Juiz e nem um ser com poderes de mudanças. Apenas tenho escolhas, quais estão sempre caindo por cima de mim, iguais uma imensa Estante da maior Biblioteca do Planeta. Com livros contando a vida de pessoas diferentes e passagens para lugares onde nunca imaginei estar. Acreditando que delírios são frequentes em estados clínicos e psicóticos, acho que devo realmente manter tudo em um sorriso e fechar este segredo, principalmente quando estiver se guiando em sua direção.
Na curiosidade, alguém me perguntou...
"Como tive, tenho e terei o Don"
Nem eu mesma sei, ou nem posso lhes contar, mas sempre tenho encontros com ele, qual se diz ser o meu Guardião. O alguém que me perguntou... Ah! Ele me acenou dentro de um espelho, quando o seu coração parou.
Eu tenho visões no tempo e sigo atravessando os reflexos. Posso invadir os pensamentos e voltar no tempo. Todas às vezes que atravesso os reflexos, tenho que pagar a passagem da minha volta com um ato de bravura. Sempre tenho que deixar um pouco do meu ser com alguém que vier me buscar, pois minha única escolha está com um clarão e ela toda vestida de ouro vêm. _(...)
Ainda lhe vejo toda soberba e absoluta, mas não posso tocar-te. Na infância ela me segurou e chorou ao me deixar. Naquele iluminado retângulo o reflexo me devorou. Assim, eu atravessei e os seus gritos... Ah! Eles ficaram em uma gélida lembrança, qual eu ouvia, mas não podia voltar.
Os reflexos ainda me acompanham, por toda a parte onde estou. Tentando ser mais prática, eu jamais me imaginei nesta situação, pois onde estou há reflexos e eles foram, são e serão apenas o começo do tudo, onde ela nunca quis me deixar. Isto, porquê?! ... "Está em mim".