Comassim

O LADO REAL DO ABSTRATO, meu primeiro romance, disponível em: http://www.selojovem.com.br/pd-62fc17-o-lado-real-do-abstrato.html?ct=4356e&p=4&s=1

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Hora do banho.

Ainda tenho tantos afazeres, porém não fico sem meu banho diário. Tenho tantos afazeres, mas dentro do banheiro irei esquecer, irei relaxar – além de demorar quase uma hora.

Às vezes com a presença de músicas, às vezes não.

E assim segue, todos os dias, aquela delícia de ciclo.

Um dia, me pego em uma delegacia da mulher. Sobressaltando-me, olho e me flagro coberta de hematomas. Então a dor física passa a se manifestar – enquanto a dor do estranhamento frente àquele cenário já estivesse me atacando.

E a mulher à minha frente dizia como se estivesse repetindo a pergunta, de modo enfastiado:

- Quer nos contar, moça, como se deu esse acontecimento desde o início?

- Eu é que pergunto – a intenção era ser firme, porém meu tom sai tímido. – Como eu vim parar aqui? O que tá acontecendo?

A delegada olha para minha mãe – é quando eu percebo a presença de minha mãe –, suspira e então se expressa:

- Já disse! Você ia tomar banho quase sempre quando um dos moradores de sua república estava usando o banheiro. A primeira vez, segundo ele, foi quando ele fazia a barba e você entrou, como se ele não estivesse ali, fez xixi e foi embora. Ele se assustou, mas depois, propositalmente, passou a deixar a porta aberta. Até que esses dias ele fazia suas necessidades e você entrou, cantarolando, e começou a tomar banho. Segundo ele, ele não resistiu.

- A minha mente é quem involuntariamente andava sem resistência, mas quem não resiste VOLUNTARIAMENTE é ele?

Dessa vez meu tom de voz é mais firme que o mundo.