A Bela e o belo exemplo

Os lábios eram de contornos elegantes , de curvas precisas, e tinham um volume apaixonante-feitos para o beijo,e para algo mais, de impossibilidade de citações despudoradas(mordidas,quem sabe).Os olhos fixavam-se demoradamente de forma calcicante, numa hipnose dominadora.Os cabelos eram belos,mesmo estando presos num cóqui bem planejado, num volume considerável acima da cabeça, beirando a nuca.As linhas do rosto eram puro encantamento,como se tivessem sido desenhadas e planejadas pelo mais hábil pintor renascentista.Os seios riscavam-se para frente,durinhos,de bom desenho.Um par de avelãs.A cintura era de violão,que anunciava bem o quadril e o tronco.O bumbum tinha um volume sedutor.As coxas eram grossas,roliças.Tinha belos pés,unhas bem cuidadas. um bom exemplar,de mulher daquela voltada para a sedução explosiva.

A voz era rouca,sensual.

-Custo a acreditar,que tudo era passageiro.Que tudo acabou..

Disse,num lamento.O tecido fino desenhava a púbis coberta por uma fina calcinha miúda. Estava,como outrora,não sabia como isso era possível.Mas,era ela,mesma-viva-em carne e osso-refletia,assim,com incredulidade.

-Vi o que eu era...acabou.Uma cena deplorável,horrível de se ver...

-Não acabou.Veja...

Disse-lhe assim exibindo em minhas mãos um espelho de tamanho proporcional ao seu tronco. A imagem refletida exibia-lhe,com clareza.

-E o que está la...?

Falou assim,triste e apontando na direção de onde estava guardada.

-Os vermes farão um festim,em breve.Nada mais restará.

-Eu gosto dos prazeres.Eu voltei de onde parti.Os homens que eu desejei, não mais podem me ter...Somos bem diferentes,agora.

-A vida continua.Findou-se ,apenas um período.Deve esquecer que fez da beleza do seu corpo físico a mais escravizante dominação dos prazeres da carne:o sexo sem compromisso.O prazer pelo prazer,e so.

Uma chuva fina se iniciou.Relampejava.Ventava.Apesar dos seus sedutores apelos reinantes nos desejos mais variados servirem feito imã atraindo os mais viciosos sombrios,que por ali reinavam desejando-lhe.Uma egrégora energética os impedia de se aproximarem.

-Não ficará sozinha,mesmo que não mais possa me enxergar.Esteja tranquila,estarei contigo até que possa estar mais pura,e que possa ir comigo morar.

A chuva fina persistiu.Calaram-se.Ela se sentou no túmulo.Estava aliviada pelos vermes fazerem um banquete,apenas com o corpo que não mais lhe era útil.Ele sacou de uma flauta e tocava uma melodia conhecida a Ave Maria.Após longo silêncio o olhou fixamente,e lhe indagou:-quem é você,o que quer de mim?

-Quero so lhe proteger.Não deve ter recordações,mas eu fui o seu pai...

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 13/12/2017
Reeditado em 02/07/2018
Código do texto: T6197605
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