“Mistérios ou Milagres” parte 2
Na minha cidade, Parnaíba – PI,existia uma indústria da qual o meu pai era um dos sócios, que produzia: Cera de carnaúba, óleo de babaçu comestível, sabão de várias qualidades e sabonetes que tinham como nome Indústrias Moraes S/A.
A cera de carnaúba produzida era de diversa classificação exportada para a França, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra seus maiores compradores, além de outros países. Esta cera era produzida em tabletes irregulares que depois deveria ser quebrada em pedaços menores e quem os quebrava era um homem aleijado de nascença, com atrofia muscular em seus membros inferiores. Então, para ele se deslocar precisava de dois cepos de madeira em suas mãos. Eu o conhecia desde que passei a visitar a indústria, quando ainda era um garoto.
Em 1952 a cidade se preparava para receber a visita de N.S. de Fátima. Não se falava em outra coisa além da citada visita da Santa.
No dia da chegada da Santa o aeroporto estava superlotado. Ao longe avistei o aleijado esperando num cantinho isolado do povo presente.
Quando o avião estacionou no pátio de manobras, ouvimos um grito de louvor eufórico.
De imediato olhei para onde o grito vinha e qual não foi a minha surpresa ao ver o aleijado de pé ensaiando alguns passos e gritando: “Estou andando, fui curado pela N.S. de Fátima!” E logo se formou um amontoado de gente à volta dele. Todos estavam emocionados, porque muitos dos que ali estavam o conheciam. A seguir ele explicava que havia sonhado com a Santa que lhe dizia para ir ao aeroporto, porque iria curá-lo. E assim o aleijado que tinha ido ao aeroporto se arrastando, voltava para casa de automóvel.
Dias depois, eu o vi trabalhando na indústria. Meu tio que era o dono, havia lhe dado um significativo aumento. Vi que uma alegria indescritível estava estampada na sua face. Fiquei feliz por aquele homem ter sido curado, não aceitava que ele tivesse na sua vida a pagar por algo sem sentido.
Também a cega que esmolava na esquina da movelaria do João Souza, havia sido curada e agora passava a enxergar. Foram estes os dois milagres que presenciei da N.S. de Fátima quando eu contava apenas com 12 anos.
Carlos Neves