Clarice e a casa à beira da estrada VIII
As perguntas
Ao sair na porta do hospital, Osvaldo abraça a filha calorosamente. Entraram no carro e ele perguntou:
“Vamos para nossa casa?”
Dona Zilma, vendo a cara de espanto da filha ao ter que passar por aquela estrada, respondeu:
“Vamos para a casa dela. Precisamos descansar e ela também!”
A moça, pálida, acenou com a cabeça concordando. Fizeram silêncio durante todo o percurso e sem saberem, pela mesma razão. Eles tinham medo da filha exaltar-se com perguntas e ela por receio de a acharem louca.
Em casa, Clarice acariciava cada móvel e objetos com olhos de alívio por estar de volta. Os pais relaxaram ao observá-la.
O dia transcorreu tranquilo. Apesar de Clarice está com um “nó” na cabeça, preferiu não dizer nada aos pais. Deu boa noite a eles e foi para seu quarto. Sentou-se na cama, pegou um pequeno espelho e se analisou. Estava com olheiras profundas, lábios sem cor e uma expressão triste. Sua imagem a fez lembrar da mulher que escovava os cabelos.
Não parava de se perguntar:
“Quem eram aquelas pessoas? Será que sonhei antes de bater o carro ou aconteceu? E como me lembro de ter vivido com eles e não ter morrido no lago?”
A pergunta mais perturbadora de Clarice era:
“Quem é a menina?”