Diamantes no caminho.

Em um reino distante, vivia uma moça com o coração partido, mas então o príncipe veio ao seu resgate e é aqui que a história começa...

O príncipe parou o seu cavalo marrom claro com a crina loira diante da moça e perguntou o que ela fazia naquela estrada. – um silêncio foi a resposta. Quando desceu viu que a moça tinha lágrimas nos olhos e pasmou-se ao ver que as lágrimas não eram comuns eram lágrimas de vidro que ao cair no chão eram engolidos pela terra.

_ O que é isso que vejo? Nunca vi coisa igual! – a moça encarando-o disse:

_ Nasci com esta pequena particularidade, as lágrimas são vidros, mas não ferem meus olhos e nem quem as tocam, não se assuste. Quando o vidro cai no chão é sugado pela terra e se transforma em diamante, veja!

A moça tirou alguns diamantes pequeninos depois que cavou o chão no lugar que as lágrimas haviam caído. O príncipe depois de um tempo refletindo sobre aquilo, perguntou por que a moça vestia trapos e estava à beira de uma estrada se com tantos diamantes que tivesse cada vez que chorasse poderia ter um castelo coberto com eles e ainda reinar o mundo inteiro? Mas a moça disse que era óbvio que para ter os diamantes ela precisava chorar e pra isso teria que viver tendo desilusões na vida isso não era bom. E por isso decidiu não se casar, não ter filhos para não ter com quem se preocupar e na estrada poderia conhecer pessoas diferentes e com histórias interessantes que a faziam rir para não ter que chorar e quando isso por acaso acontecesse ela podia doar os diamantes para as pessoas que trouxeram alegria em seu coração.

E por que a moça chorava quando o príncipe a encontrou? Ela chorava, pois minutos antes o cavaleiro do príncipe havia gritado com ela chamando-a de imunda, pois ela não podia estar na estrada real por onde ia passar o príncipe que era uma celebridade tão importante. A moça inocente em seu coração não conseguia entender as diferenças entre as pessoas, por que umas tinham que ser consideradas mais importantes do que as outras, se todos um dia terão o mesmo final.

O príncipe então pediu-lhe desculpas e prometeu levar a moça para o castelo, lá ela poderia conhecer as pessoas do reino que iriam lhe contar histórias, fazê-la rir e não ter que chorar por dor, quando isso acontecesse que suas lágrimas seriam de felicidade. E a moça aceitou.

Chegando ao castelo, o príncipe ordenou que prendessem a moça no calabouço e que a chicoteassem todos os dias até fazê-la chorar para que suas lágrimas tornassem diamantes que deixariam o reinado dele ser o mais importante e rico da história. Assim, ele não precisaria se preocupar com mais nada, pois, teria ali a moça para sustentar suas ambições.

No chão úmido do calabouço em meio à escuridão bloqueada apenas por duas tochas de fogo, a moça chorava e enchia o chão com diamantes, será esse o seu destino cruel? Mas a dor que sentia não era causada pelas chicotadas, e sim, por lamentar a pequenez do ser humano que com sua ambição tamanha, caminha para sua autodestruição.

Naquela mesma noite, o príncipe foi se deitar feliz, orgulhoso por ter tido tamanha sorte ao encontrar essa moça que mudou o seu destino pra sempre, não seria apenas mais um príncipe, seria o dono do mundo! Mas para sua surpresa a moça que prendera no calabouço apareceu em seu quarto ao lado de sua cama sorrindo, o príncipe com tanto susto que levou não teve como dizer nada, sentia seu coração disparado no peito, começou a suar frio, sentir náuseas e a boca amargar, uma dor forte saiu de seu peito e percorreu em direção ao braço, o príncipe arregalou os olhos e entreabriu a boca quando ouviu as últimas palavras de sua vida:

_ Foi um prazer conversar contigo, meu nome é Helga, a deusa da morte.

Liliene Maria Rodrigues
Enviado por Liliene Maria Rodrigues em 23/08/2017
Reeditado em 01/10/2019
Código do texto: T6092695
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