Antes de despontar os primeiros raios da aurora, o náufrago subiu no mastro, abriu os braços e se lançou como uma gaivota na corrente de ar. Voou além do horizonte. Daquele ponto, teve visão noturna do universo, todo o cosmo estava debaixo de seus pés.
Sentiu uma nesga de lua rasgar o negrume da noite, banhando de luz prateada a imensidão do mar. Ondas amenas quebravam lentas e esbranquiçadas acariciando a alma do náufrago. O farol piscava, mas não havia farol. Guiado pela luz de uma estrela, pousou numa praia deserta. Não muito longe da praia, espectros fantasmagóricos dançavam nas ondas esbranquiçadas. Vultos cambaios flanavam sobre as águas borbulhantes; almas benfazejas ou do mal, nunca se sabe! Alma penada. Talvez depenada. Implume de qualquer pena ou pecado, outras acinzentadas como que fumaça esvoaçante escondendo o negrume de sua má inclinação. Sentiu que não estava só. Extasiado, viu um homem de terno branco puxar a cortina que separava a luz das trevas. O cenário era de uma brancura incandescente, nunca vista pelo olho humano.
O céu se abriu, e no albor infinito, translúcida imagem de uma mulher se balançava numa cadeira suspensa do chão. Tinha ela o semblante calmo e aspecto jovial. Corina não envelheceu.
***
Adalberto Lima, trehco de Estrela que o vento soprou.
Imagem: Internet
Sentiu uma nesga de lua rasgar o negrume da noite, banhando de luz prateada a imensidão do mar. Ondas amenas quebravam lentas e esbranquiçadas acariciando a alma do náufrago. O farol piscava, mas não havia farol. Guiado pela luz de uma estrela, pousou numa praia deserta. Não muito longe da praia, espectros fantasmagóricos dançavam nas ondas esbranquiçadas. Vultos cambaios flanavam sobre as águas borbulhantes; almas benfazejas ou do mal, nunca se sabe! Alma penada. Talvez depenada. Implume de qualquer pena ou pecado, outras acinzentadas como que fumaça esvoaçante escondendo o negrume de sua má inclinação. Sentiu que não estava só. Extasiado, viu um homem de terno branco puxar a cortina que separava a luz das trevas. O cenário era de uma brancura incandescente, nunca vista pelo olho humano.
O céu se abriu, e no albor infinito, translúcida imagem de uma mulher se balançava numa cadeira suspensa do chão. Tinha ela o semblante calmo e aspecto jovial. Corina não envelheceu.
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Adalberto Lima, trehco de Estrela que o vento soprou.
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