Uma Vida Azul - Capítulo I: O Visitante
Deb acorda no meio da noite, num pulo se levanta da cama e caminha em direção a janela. Através do vidro ela vê algumas luzes no quintal de sua casa e ouve um ruído intrigante, como o som de galhos sendo quebrados. A chuva forte não a permite ouvir com mais clareza, então, em busca de esclarecimento ela calça seus chinelos havaianas e sai do seu quarto em direção a porta da frente.
Ao aproximar-se da porta, Deb ouve o ruído cada vez mais forte e sente medo tomando conta de si. Ela atravessa o corredor principal, passando pela cozinha e então, quando se aproxima da sala vê alguém lhe encarando do lado de fora da janela. A pessoa está vestida com uma roupa colorida, segurando um guarda-chuva preto e fazendo um gesto para que Deb se aproxime.
Assustada, Deb corre para o seu quarto e faz uma barricada com sua cômoda, escorando a porta. Sobe em sua cama, pega uma faca que guardava na terceira gaveta do criado-mudo e a aponta em direção a porta. Com a outra mão, trêmula, disca o número da polícia. O telefone chama duas vezes e uma voz a atende:
– Polícia Militar, como posso ajudar?
– Meu nome é Débora Assis, estou sozinha em casa e tem alguém tentando entrar, estou assustada, por favor, me ajude!
– Qual é o seu endereço Debora?
Antes que pudesse responder, Deb foi tomada pelo pânico novamente, ao ouvir sua porta da frente abrir em um estrondo.
– Socorro! Me ajuda! Estou no centro de São Paulo, rua Magalhães Gouveia, 42!
– Certo, tente ficar calma enquanto alerto a patrulha mais próxima.
Deb deixou o telefone cair, assim que percebeu que a pessoa já estava em frente ao seu quarto. A pessoa tentou empurrar a porta de leve, como não obteve sucesso, devido ao peso da cômoda do lado de dentro, ficou em silêncio por um minuto.
– Vá embora! Eu tenho uma arma!
– Não, você não tem. Respondeu tranquilamente uma voz masculina.
– Por favor, vá embora, eu não tenho nada, não tenho dinheiro, não tenho jóias. O que você quer?
– Quero te proteger, Débora. Você corre perigo e eu não sou a ameaça.