A misteriosa conversa entre o Guerreiro Azul e o Guerreiro Dourado
No cume de uma montanha de uma dimensão astral paralela a Terra, havia uma pequena choupana. Era fim de tarde e o Sol começava a se pôr no horizonte. Dali de cima era possível ver o Oceano, que parecia começar a engolir o Sol que se punha.
Bem próximo da choupana havia uma belíssima e frondosa árvore e sob suas copas verdes e abundantes, estava o Guerreiro Azul, meditando recostado no tronco da árvore. De olhos fechados e despojado de sua armadura azul royal, usando apenas um tecido branco enrolado em seu quadril, ele meditava, buscando encontrar respostas para algumas situações que pareciam ser graves e de difícil resolução.
Enquanto meditava, um suspiro mais forte e profundo fez seu poderoso tórax nu se dilatar mais amplamente para logo depois voltar a um estado de relaxamento. Parecia que não estava encontrando as respostas que desejava. A situação aparentava ser mais grave do que ele imaginara.
Enquanto o Guerreiro Azul permanecia em meditação buscando respostas, uma vibração mais intensa começou a surgir naquele ambiente e logo após isso um som de trovão ressoou em todo aquele lugar, fazendo surgir um clarão. Logo um portal de luz surgiu. O contorno do portal era de luz dourada e através dele via-se intensa luminosidade. E de dentro deste portal algo começou a sair. Dali de dentro uma esfera de luz dourada surgia. A bola de luz saiu do portal, que logo se fechou. Logo após, a esfera de luz dourada foi tomando uma forma humana e diminuindo o seu brilho, e o que surgiu depois foi um outro ser celestial, que usava uma armadura dourada.
Seus cabelos eram longos, lisos e dourados e iam até a cintura. Olhos de um verde profundo e rosto de pele clara, lisa como porcelana.
Aquele ser foi caminhando lentamente em direção ao Guerreiro Azul, como se já o conhecesse. E isso era verdade. Faziam parte de dois Comandos Estelares diferentes, mas que agiam por uma mesma Causa. Um era do Comando Estelar da Luz Azul e o outro do Comando Estelar da Chama Dourada.
O Guerreiro Dourado continuou seus passos em direção ao Guerreiro Azul que ainda meditava, como se nada tivesse ocorrido ali. Era como se já estivesse habituado com estes fenômenos. Após andar alguns metros até o Guerreiro Azul, o Guerreiro Dourado parou em pé diante dele, com seus quase 2 metros de altura e porte majestoso.
O vento soprou mais forte naquele topo de montanha e algumas pétalas de flores vermelhas e lilases sobrevoaram suavemente por entre aqueles dois seres, deixando um certo perfume no ar.
Foi quando o Guerreiro Azul abriu seus profundos e brilhantes olhos de cor azul safira e contemplou a imagem de seu amigo estelar. Parece que aquele encontro estava agendado nas estrelas. Os dois se olharam e um sorriso de ternura, amor, amizade e compreensão surgiu nos lábios e no coração daqueles dois seres cósmicos.
- Não estão nada fáceis as coisas lá na Terra, não é mesmo? - Disse o Guerreiro Dourado sorrindo repleto de amor, entendimento e compaixão.
- É verdade. Por mais que nós dos Comandos Estelares procuremos uma solução para despertar os seres que ali habitam de uma forma que seja suave e menos chocante, não conseguimos ainda encontrar uma saída. Parece que o pessoal lá só irá acordar na base do susto e da dor. - comentou preocupado o Guerreiro Azul.
Após esta troca de palavras inicial, O Guerreiro Azul tranquilamente se levantou envolto em sua "tanga" branca e se aproximou do Guerreiro dourado. Colocou sua mão direita sobre o ombro esquerdo do amigo celeste e fitando-o repleto de ternura, disse:
- Venha, vamos nos sentar logo ali. Enquanto o Sol se põe podemos procurar alguma solução.
Os dois caminharam em silêncio por alguns metros até chegarem num local que era bem próximo da borda do pico daquela montanha. Ali havia uma enorme pedra cercada de algumas flores e alguma vegetação rasteira aqui e ali que pareciam ser o refúgio de alguns insetinhos simpáticos.
A enorme pedra permitiu que aqueles dois seres ali se acomodassem. Sentaram sobre ela voltados em direção ao Oceano que se estendia a centenas de metros logo abaixo. O céu quase totalmente limpo acolhia algumas nuvens branquinhas que deslizavam felizes.
Enquanto os dois seres fitavam o céu, o Guerreiro Dourado perguntou:
- Então, será pela dor ou pela compreensão e amor?
- Eu queria que fosse pelo amor, pela compreensão consciente das Leis da Vida. Mas...
- Mas...?
- Mas analisando a situação atual da humanidade daquele planeta, talvez algo mais impactante deva ocorrer para despertá-los.
- Entendo.
- E quando faremos nossa parte?
- Não antes deles. E infelizmente não podemos interferir no Karma do planeta. Plantaram dor e terão que colher sofrimento. Talvez na hora final poderemos intervir.
Neste momento um pássaro astral passou voando assustadiço, grasnando alto. Talvez não tivesse gostado da expressão "hora final".
- Mas não há outro caminho? - Tornou a perguntar o Guerreiro Dourado.
- Sim, há. Mas é justamente por isso que as coisas se tornam difíceis.
- Eu compreendo. O problema é que ali estão quase todos dormindo para as outras Realidades da Vida. Se todos decidissem despertar...
- Sim! - Interrompeu o Guerreiro Azul num arroubo de esperança. - Se todos ali decidissem despertar, questionar mais sobre a Vida e os mistérios que a envolvem e pudessem penetrar cada vez mais nas Verdades Interiores e Universais, é possível que um caminho com menos dor e mais amor fosse criado. Pois não há mais como impedir o avançar de certos acontecimentos. Mas é possível amenizar, consideravelmente, o que está por vir.
Os dois inspiraram profundamente procurando absorver os raios daquele pôr-de-sol que beijava-os docemente.
- O que os nossos Superiores dizem à respeito da nossa aparição em massa? - Indagou o Guerreiro Dourado.
- Precisaremos esperar um pouco mais. Muitos estão prontos e até mesmo ansiosos pelo contato conosco, pois sabem o que isso irá representar para eles mesmos e para toda a Humanidade. Contudo, a maioria ainda vive com o olhar voltado apenas para seus interesses imediatos e terrenos. Seria necessário que uma porcentagem maior da população terrena despertasse para que recebêssemos o Aval do Alto para agir. - Respondeu num tom triste o Guerreiro Azul.
- Então tudo depende mais deles do que nós, certo?
- É isso, Irmão.
Mais alguns minutos e o Sol terminaria de ser engolido por aquele Oceano faminto, permanecendo ali aqueles dois seres das estrelas conversando sobre o futuro da Humanidade que tanto amavam e desejavam ajudar. Mas, infelizmente, não cabia a eles fazerem a parte dos humanos que habitavam aquele orbe a flutuar na vastidão sideral. Tudo que podiam fazer, por hora, era orar para que aqueles seres amados do planeta azul despertassem o mais rapidamente possível para a Verdade.