A FONTE ato 5
A FONTE - ato5
Segurando as mão sobre o lodo
que entrava sem parar sobre seus
olhos que não abriam-se perante
toda vastidão do escuro premeditado
ele observa o velho alisando
bigode querendo pelo inferno
nos olhos afiando uma faca
que seu fim estava próximo
próximo da entrada não havia
a porta de entrada não havia
nenhuma marca que pudesse
lhe dar coragem de seguir
pedindo ajuda aos ditados
resmungos que acreditava ter efeito
que entendia ser o preceito
pra uma fuga da loucura
onde tudo que é vão se aproxima
a escada tem o último degrau
selado com sangue inocente
o sangue que não vem de gente
o sangue cor de água da vertente
que não para de cair sobre sua
mente que somente designa
pelas mão levantadas
que a terra a de ruir
mostrando o céu de que jeito for
o céu por misericórdia da dor
de que jeito for
prefere a chuva vista nas folhas
imprevista tempestade desprendida
tocando o solo com o vento bravio
toda força que seja natural
é bem vinda tão sentida
tão infinita que a soma dos valores
mortos torna-se apenas sombra
deem-me a chance dos pecadores
onde nada alcança pela voz
onde os nós amadurecem pra ficar mudo
é surdo o tempo que anda
quem anda e vem ser meu algoz
quero que saiba quem fui
saberá dizer ao menos quem eu fui
desconfia das primeiras letras
que pode ver no degrau descoberto
depois que o velho saiu
depois que a sombra deu lugar
a luz quase apagada do fosso
onde uma lacuna fria iluminava
ele conhecia as iniciais primeiras
ele mesmo tinha gravado
semelhante dizer sobre um caso
que maldito vem dominar
sua face atordoada
e as formas eram todas da mesma
forma com que escreveu
sua raiva talhando a pedra
com que enterrou a vítima
eis o pedaço que agora
precisa entender porque além
deste há outros na subida
o que tem lá em cima
que falta luz clara do dia
que não há estrelas nem lua
aroma de labaredas fumegando
estão descendo como orvalho doce
chamando sua alma
que sofre as penas da falta
de não poder ir além de onde está
o que as serpentes prometem
quando esmagam suas pernas
imitando seus gritos mudos
ele ouve o eco retornando
mesmo calado sem poder fazer nada
ele ouve o eco retornando
que mesmo dizendo que Deus é o unico
a julgar qualquer de suas coisas
não ouve nada senão apenas
os ecos retornando......os ecos que retornam
não tem sua voz de súplica
há uma voz grave escrevendo
volta do escuro uma fala única
sua pele que sua estes
riscos que corre nas veias
tem sangue negro
tudo tem cheiro de morte...
MÚSICA DE LEITURA: COPH NIA - All my filth