A FONTE ato 4
A FONTE - ato 4
A vergonha intimida as argrurias
caídas porque os ossos prendem-se
na terra mas soltam fagulhas
como fogo elas pingam no chão
perto dele enquanto ele
carrega um crucifixo trabalhado
no mais esmero dos joalheiros
com pequenas pedras de quartzo
que no quarto onde ela dormia
brilharam nos seus olhos
logo que ela entrava depois
das feridas que vinham com ele
de onde ele trazia ela não sabia
uma cruz do calvário do mestre
das orações ao favorecidos
o que ele quer neste momento
o que ele pede que chora
suas lágrimas estão secas de "sal"
o mal torna gélido todo amuleto de sorte
"a morte não acontece aos fantasmas"
asmas do corpo ele não respira
procura uma entrada de vento
o que sopra tem enxofre
a fumaça do teatro cospe fogo
o velho está acima no primeiro degrau
rosnando risos ranhentos de sangue
como coite como ave de rapina
com sede com fome sem nome
o lugar não tem endereço no mapa
o que ele procura foge
oh deus maravilhoso dos pecados
estou convicto do erro
sou um servo desolado
quero meu filho quero o sol
a noite das estrelas que são pedras
pontiagudas no alto me perturbam
o velho de soslaio sorri do desespero
que tem o mesmo inferno doce
joga uma moeda tome sua hóstia
o cavalheiro está próximo
quero a carne macia sobre a fornalha
quero te ver vivo gritando
sobre as paredes que pintando
o rosto dela trarão tuas entranhas
pela boca será sufocado
da mesma ânsia de vida
que ela pediu enquanto tardia
ardia teu veneno sobre peito
frágil da fêmea que era mãe
não estava sozinha
ela não foi viajar ao interior
teu filho tem a memória falida
ela vai conhecer o perfume que
sentia do que é podre por dentro
o esqueleto de chapéu preto
a batina parecendo um padre
das capelas do cemitério
está terminando a última pedra
guia fluídos do teu medo
até lá em cima onde o cravo
não finca teus braços mas escreve
o primeiro ensaio do nome
no degrau de saída
aos que cometeram algum crime
que tiveram outra chance
por favor falem por mim
digam ao senhor das mazelas
aquela foi a dúvida encarnada
ela precisava ser destruída
"ela não comia sobre a mesa
estava sempre fria sobre a cama"
o barulho do talho agora vem
cobrar da vítima seus ouvidos
estampidos cada vez mais altos
grunhidos do velho risada medonha
do esqueleto debruçado numa raiz
destinavam a ele toda sombra
que caminhava nas noites
depois do fatídico
o inimigo não morre no passado
o inimigo é o eterno sonho
de olhar para traz
ele comprou sua vitória
quando desejou ter paz
sendo com ele parecido
traz sua glória no presente
convalescido desvalido fica inerte
as serpentes te olham
soltando suas linguas perversas
as concubinas lambendo
oleando teu corpo com veneno
quando entrar em fuga
saberão te seguir
ele começa perceber o que está
escrito nos degraus desde o inicio
no inicio tem um instante
de pavor pelo que descobre estar escrito
a cruz prende fogo
as gargalhadas no entorno
são tão altas que ele adormece
falando rezando alguma estrofe
dos versos de um hino
Agnus........agnus dei
in courage in courage...onde está?
MÚSICA DE LEITURA: COPH NIA - In a lonely place