A FONTE ato 3
A FONTE - ato 3
O que tu comeste tinha espírito oriundo
das mentiras que contaste
quando conquistou a eterna dor
das luzes de fuga do esquecimento
entre os mortais
traz ao medo a plenitude do suicídio
trafega naus ensandecidas no olhar
que atento não percebe a sua volta
ao relento preso entre serpentes
precisa reconhecer a passagem
está na miragem da moribunda
visão de morte que persegue
ele persegue-se no caos
e o velho de olhos escuros brilhantes
está com suas unhas compridas
arranhando seus braços
deixando verter o sangue
que preto encarnado está
queimando a terra com a fome de larvas
o velho percebe a dupla agonia do ego
todo o mal de que precisa
pra derrotar a liberdade que exista
seu bigode são farpas prontas
que saem fincando na pele dele
cruzes de velório acesas sobre velas
escrevendo sua memória
você vai lembrar dela quando
tentar curar tua dor das quimeras
que deixou vestígios sentimos o mérito
das suas entranhas elas tem o mesmo
odor da miséria
desde o inicio antes de afogá-la na terra
você tinha planos mais perversos
que o cheiro adentrou-se entre
os cadáveres do cemitério
seus fantasmas essência dela
vieram oferecer ao grande reino
tua alma como condenado
tua alma como discípulo das trevas
tua alma como corredor dos mortos
tua alma pra libertar-nos
estamos prontos pra subir falta
um degrau assassinado
um degrau acima estão os frutos
do pomar de Osíris
do Deus de coração partido
dos cristãos dos aleijados
que na beira do abismo perdoam
quem mata nos deixando lacunas
tão saborosas que o vento
traz como perfume de vingança
como herança de eternidade
a idade começou a andar
estamos no fim da escada
estás debaixo da escada
não pode fazer mais nada...
MÚSICA DE LEITURA: SUNNO - Akuma no kuma