O casarão da Sara
Sara era apenas uma menina de 10 anos de idade, morava em uma casa muito grande, de tão grande que era a casa, às vezes Sara se perdia. Ela não sabia o motivo de ainda morar lá, o casarão era abandonado, estava em um estado decadente. Sara não tinha muitas lembranças, mas ainda conseguia se lembrar de que ali nem sempre foi tão escuro, tão empoeirado, que já morou com outras pessoas ali, mas não se lembra de exatamente quando eles desapareceram, gostaria de saber o porquê de eles terem abandonado ela, mais por curiosidade do que por carência, pois apreciava a solidão, preferia as visitas dos cães e gatos abandonados que frequentavam seu casarão do que a companhia de pessoas, as únicas pistas de quem ela foi e de pra onde foram àquelas pessoas eram seus moveis velhos, que já estavam caindo aos pedaços, mesmo velhos ela tinha certo apego àqueles moveis, lhe dava uma sensação gostosa de nostalgia, gostava especialmente do relógio com pendulo da sala principal, se divertia com a cadeira de balanço de um dos quartos, mas preferia o quarto que tinha uma linda cama com dossel, se sentia uma princesa quando deitava nessa cama. Divertia-se mais ainda com a ampulheta e com a representação do globo terrestre da biblioteca, ah e claro, e com os livros da biblioteca.
Certo dia ela viu certa movimentação de pessoas em frente a sua casa, não gostou muito daquilo, no outro dia gostou menos ainda, estavam invadindo sua casa, retirando seus moveis, elas os mandavam embora, mas era ignorada. No terceiro dia os invasores voltaram e agora estavam quebrando as vidraças, limpando a casa, substituindo as portas, ela gritava para eles irem embora em vão, era ignorada novamente, mas conseguia de vez em quando incomodar os invasores, escondia os objetos que eles usavam para a reforma, conseguiu empurrar um da escada, ou então derrubava objetos em cima deles, com o passar dos dias estavam repondo outros moveis, que para ela eram feios, não tinha os detalhes caprichosos dos seus moveis que foram jogados fora, era tudo tão sem graça. Pois é, nessa hora Sara chegou a triste conclusão que de agora em diante ia ter companhia, sua paz e sua amada solidão tinham acabado, mas ela decidiu que não ia se conformar, e sim que ia sem empenhar pra retirar aqueles invasores que destruíram seu amados moveis e tiraram o seu sossego.