O VELHO PORTÃO ENFERRUJADO
Me afastei do velho e enferrujado portão de casa,
Sem mapa, perdi a direção, e as nuvens escondiam as estrelas que poderiam me guiar,
Sozinho em uma floresta escura, sem saber caçar, onde cada segundo representava o sobreviver,
Guisados anunciavam que as serpentes estavam se aproximando,
Sem uma fraca luz de lanterna, tentava afastá-las com o som das lágrimas caindo no solo coberto por folhas secas,
Elas nunca chegavam para injetar o venenoso fim, e eu permanecia ali, enlouquecendo,
As árvores sob o vento noturno reavivavam os medos através do canto do ar,
Corri. Desenfreadamente corri, e bati com a minha maior velocidade em alguém,
Que vinha na contramão, ou em minha direção...
O vento levava as nuvens embora, e as folhas das arvores deixaram um raio da luz pálida da lua vazar sobre sua face,
Não parecia possuir um olhar desesperado, talvez não tivesse medo do escuro,
Poderia ser um louco, que não distinguia o perigo,
Segurou em minha mão e viu um corte que se fez com a queda,
Aquele corte doía demais, mas seu sorriso parecia amenizar,
Em um instante esqueci a dor e o terror de estar perdido,
Hipnotizado pelo sorriso de um forasteiro, permitir ser conduzido,
A cada passo a mata parecia mais fechada,
Minha mente dizia para correr para lado oposto, mas o coração tolamente decidia acreditar e seguia adiante,
Arrisquei, afinal que lucro um perdido poderia ter sozinho e sem direção?
Vi novamente seu rosto, metade na sombra e metade sob a luz do luar,
Ele segurou minha camisa rasgada e lançou-me em uma cova,
Mas como uma dádiva, ao cair naquele frio buraco, em seu breu encontrei um brilho na mente,
Enquanto ele arremessava terra sobre mim, não conseguiria ver minha fuga pelo lado mais escuro,
As mãos silenciosamente agarravam a parede de terra, a lama sujava o corpo,
No escuro e sozinho, passo a passo, fui me distanciando do desconhecido com olhar de falsa calmaria,
Sem saber se caminhava em direção ao norte ou ao sul, apenas segui,
A mata começou a se presentar menos densa, a lua como um manto conseguia cobrir meus passos,
Às vezes na escuridão e na desgraça há salvação,
Olhando à frente, vi o velho portão enferrujado trancado,
E eu do lado de fora sem poder gritar,
Como subir e alcançar o outro lado e poder sentir segurança?
Com a mão ferida o ato se revelava mais difícil,
Sem tentar, jamais saberia se meu limite era a travessia,
Arrisquei e me lancei a essa dor,
Do topo daquele portão, os pés vacilaram e com as costas encontrei o chão,
A vista foi escurecendo como um rápido entardecer...
Na cama, um repentino e assustado despertar,
Um pijama pesado pelo transpirar,
De uma noite assombrada por pesadelos,
Que era nada além de medo expressado nos reflexos da mente,
Tentando no silêncio da madrugada impressionar.