Dedinho e o Fifió
Belém, 19 de junho de 2016
Dedinho, o perdido, despejou-se pela lama argilosa daquela mata fechada, batendo a nuca na batida terra a levar ladeira abaixo ao abismal de sua duvidosa vida. No caminho rodeavam fatos que o perturbariam na queda, visões rápidas dos feitos e efeitos, tudo distorcido em imagens prismáticas. Estacionou o corpo machucado na beira de um olho d´água com as vistas direcionadas para o céu, pontilhados opacos no firmamento. Estava a vagar três dias na floresta, sem água, sem comida, naquela escuridão de hiléia, noite sem luar, sombrio de um isolamento vivido por Dedinho, sequer uma cutaca a martelar. Eram confusos seus pensamentos, a cefalalgia estabelecida, mergulhou a cara na pequena fonte de água, bebeu-a com a intenção de secá-la, saciando a necessidade hídrica enquanto intuía que lhe tiveram misericórdia neste exílio. Indecifrável sentimento de um Robson Crusoé naufragado pela soma de seus desesperos. A alquimia má que lhe escravizava exigia mais uma grama branca de divertimento, ah o vício que o martirizava. Fuçava o invisível para manter o hábito ruim.
O céu agora vestia-se de pálido, no esboço de fugir da noite, cujo primeiro silvo estremeceu Dedinho, “Fiu-Fiu!!”, palpitando-lhe o peito daquilo ser uma ameaça. As trêmulas mãos do perdido, advindas da fome e da fissura da sua sina, lembravam-lhe que tudo estava desmoronando, assim como da memória de ter sido um dia um bom mateiro, depois urbano, depois um dependente químico, após isto, um mateiro mal logrado, extraviado voluntário de tantos venenos entregues a inocentes. Na dúvida de saber de onde se originava o assovio, timidamente olhou de baixo pra cima para reparar o vulto de um passarinho, saindo de trás de uma maparajuba. Ágil cinza como o seu passado, pequeno como poderia cantar tão alto? Resolveu ficar por ali, enquanto tinha água, rezando para uma paca, uma cutia, sei lá, algum animal passasse pela frente de sua doze.
De repente, a neblina lhe alcançou. Fantasmagórica estação daquele microclima trouxe sutil as silhuetas das mulheres que traiu, que furtou os pertences, ali foi leviano ao ver a madame cheia das joías. “Fiu-Fiu!!”, demonstrou o Fifió pelo que fez inicialmente a ela no começo de relação para meses depois, vender o terreno comprado a muito suor dela para pagar dívidas de jogo e de prostituição. A pseudo claridade tentava justificar o que seria apenas coisa de homem golpista, porém, a fumaça fria desenhou a morte da mãe daquela senhora enganada por ele, sem recursos para dar cabo do tratamento custoso do câncer de sua pobre genitora, numa dó daquela cena, tão boa vozinha que lhe oferecia caribés sempre que adoecia em seus beribéris. Ingrato!
A chuva daquele mês de inverno chegara sorrateiramente na fronte de Dedinho. Respingos lentos como as dores que carregava do dedo indicador perdido na serraria, sem apoio nenhum, solitária criança em seu acidente e cujo trauma lhe chegam na mente como quem não quer nada, projetando revoltas e latejante sangue. No úmido instante queria apontar pro Dono do Mundo o seu pequeno flagelo de menino, no que o Fifió reforçou ali de cima de um galho, choroso “Fiu-Fiu!!”. A manhã estava encharcada como a vida daquele homem perdido, que copiosamente expulsou aquela mágoa.
No resplendor do Sol que rasgara o céu, a miragem de um caminho a seguir motivou Dedinho. Pensou se deveria ficar parado ou se deveria inventar um rumo. “O Primeiro??”. “O Segundo??”. No momento de seu pedido de voto, o passarinho indicou “Fiu-Fiu!!” para a segunda proposta. Daquele ninho seguro da sede, Dedinho decidiu cair novamente no mundo, a esmo, para algum canto qualquer pois não queria que lhe achassem os ossos preguiçosos, como quem se acomodara perto de uma fonte d´água. Estava iludido de uma glória futura, uma gabola referência quando o encontrassem: “ali, morreu tentando achar um caminho”. Nova secura na garganta o aguardava, por isso, encheu os rins de líquido até não suportar mais, quase vomitar, na dor de urina que teria que conter dali pra frente. Aparentemente motivado, num raio de sol imaginou seu pai acenar como se o perdoasse e sua mãe e dar benção, tudo irradiado em seus olhos no amarelo daqueles perdões rodeados de uma auréola solar. Aguardava uma palavra de conforto, que o passarinho tratou de traduzir, “Fiu-Fiu!!”.
No alto calor do meio dia, vermelhava as bochechas de Dedinho, bem como lhe doíam a esipra, dor insuportável, cuja espingarda parecia uma tora nos ombros feridos das formigas tachis e tracuás. A paixão do homem pesado de si mesmo a remontar a violência contra suas crianças, tão delicadas a receber suas cinturadas de fivela. Um cascudo. Uma mãozada na costa. No que surrou de corda de náilon, Dedinho bradava ao vento pedido de desculpas, ao que o passarinho respondia serenamente “Fiu-Fiu!”. No ardor de sua caminhada, delirou naquela encruzilhada a seguir, de um lado a varrida caçadora, de outro um igarapé, supondo ver um jovem entristecido a desejar orientação para sua vida. Dedinho não sabia se dava ou se recebia conselho daquela visão em forma de pessoa, se seguiria pelo caminho humano, ou se deslizaria conforme o igarapé ordenava. Parou em frente ao jovem, parou em frente ao dilema. O Fifió cantou alto, “Fiu-Fiu!!!!”, tirando Dedinho de suas divagações. Entre o caminho que faz o homem na natureza para matar e o caminho natural que oferta a vida, preferiu o igarapé até encontrar outra alma.
Uma tempestade lhe cercou, de uma cor violeta no ambiente que bruscamente lhe foi remédio daquele calor. Foi passageira, mas suficiente alívio dos maus pensamentos que trazia, espiritual diálogo entre ele e a floresta na forma de sentidos. A frescura dos aromas da mata, suas folhas, seus frutos eram mais perceptíveis, com os pés de Dedinho saboreando a fria água do igarapé, até colocou a mão que faltava um dedo. Por uns segundos, sentiu o dedo ausente sentir a água corrente enquanto uma flor de piquiá passeava entre a falha manual. Para tudo isso, embalava o passarinho com vários “Fiu-Fiu!!”. Um raio, seguido de trovão absurdamente intimidador lanhou o dia, trazendo de volta todos os medos de Dedinho, escoltada por uma nova chuvarada, agora intensa e de gotas doídas na pele sofrida do cobreiro do perdido. Quanto choro continha a chuva. Quanta chuva continha as lágrimas. No labirinto de árvores, Dedinho batia-se de propósito, como a expurgar seus pecados, ao mesmo tempo em que a consciência lhe dava sova como um cipó de fogo, tal qual um incêndio. Que não enxergava nada, tão absorto estava em sua culpa mundana. Até quis se afastar do igarapé, contudo, o passarinho não deixou, quase que o empurrara para trás em rasante voo, “Fiu-Fiu!!”. Dedinho sentou-se no chão lamacento de húmus e desesperou-se novamente. As trovoadas e os relâmpagos lhe ofereceram o fundo escuro da mata, naquelas entranhas de árvores mortas umas sobre as outras, com comboias e surucucus a desfilar pelo lenho em decomposição, machadas de pontos brancos que faziam misuras de gritos de agonia. Dedinho levantou-se e de cabeça baixa iniciou um andar para o sofrimento sem final, quando foi bicado pelo Fifió, “Fiu-Fiu!”, no meio do cocoruto, que o reinou para uma reação. Com a atenção voltada para cima, viu o céu adiante, a iluminar por um possível fim de chuva na direção oposta.
Dedinho seguiu este percurso por entre os cipós e galhos e deparou-se em terras altas, de uma serra que estava e que oportunizava enxergar longe a perder a vista outras paragens, outras florestas, lá descampados, acolá uma baía azulada pelo horizonte. Neste cume observou os pássaros, gaviões, araras, tucanos, periquitos, uma pequena garça lá embaixo a pisar leve na vitória-régia. O Sol se pondo, de um alaranjado que sossegou seu espírito. Resolveu sentar e apreciar aquele espetáculo de Deus como se fosse domingo de quermesse, talvez fosse dentro de si seria. Avistou uma vila ao longe na margem de um rio, alimentado por aquele igarapé de Dedinho, o qual curvava morro abaixo para o encontro com o curso maior. O vilarejo semelhava aquelas maravilhas postas em revistas que inspiram felicidade pela Pasárgada que poderia ser. Uns frutos de piquiazeiro espalhavam-se ao redor do perdido. Ficou na dúvida se após comer os frutos tentaria chegar à noite na vila ou se esperaria até o raiar de um novo dia.
“Fiu-Fiu!! Fiu-Fiu!!”. Pousou o passarinho num galho próximo, alertando. Dedinho pernoitou ali mesmo, conversando com as estrelas, no balanço de sua vida.
No arrebol, aquele homem não se sentiu mais perdido. Estava preparado para antes de seguir para a luz, em outro plano, transformar-se em Fifió, Quiquió ou Capitão-do-mato, conforme a região, para orientar outros, em agradecimento e dever.
E assim evoluiu.
Imagem do Fifó: http://www.reservadeitacare.com.br/#!capitao-do-mato/c16s4
Belém, 19 de junho de 2016
Dedinho, o perdido, despejou-se pela lama argilosa daquela mata fechada, batendo a nuca na batida terra a levar ladeira abaixo ao abismal de sua duvidosa vida. No caminho rodeavam fatos que o perturbariam na queda, visões rápidas dos feitos e efeitos, tudo distorcido em imagens prismáticas. Estacionou o corpo machucado na beira de um olho d´água com as vistas direcionadas para o céu, pontilhados opacos no firmamento. Estava a vagar três dias na floresta, sem água, sem comida, naquela escuridão de hiléia, noite sem luar, sombrio de um isolamento vivido por Dedinho, sequer uma cutaca a martelar. Eram confusos seus pensamentos, a cefalalgia estabelecida, mergulhou a cara na pequena fonte de água, bebeu-a com a intenção de secá-la, saciando a necessidade hídrica enquanto intuía que lhe tiveram misericórdia neste exílio. Indecifrável sentimento de um Robson Crusoé naufragado pela soma de seus desesperos. A alquimia má que lhe escravizava exigia mais uma grama branca de divertimento, ah o vício que o martirizava. Fuçava o invisível para manter o hábito ruim.
O céu agora vestia-se de pálido, no esboço de fugir da noite, cujo primeiro silvo estremeceu Dedinho, “Fiu-Fiu!!”, palpitando-lhe o peito daquilo ser uma ameaça. As trêmulas mãos do perdido, advindas da fome e da fissura da sua sina, lembravam-lhe que tudo estava desmoronando, assim como da memória de ter sido um dia um bom mateiro, depois urbano, depois um dependente químico, após isto, um mateiro mal logrado, extraviado voluntário de tantos venenos entregues a inocentes. Na dúvida de saber de onde se originava o assovio, timidamente olhou de baixo pra cima para reparar o vulto de um passarinho, saindo de trás de uma maparajuba. Ágil cinza como o seu passado, pequeno como poderia cantar tão alto? Resolveu ficar por ali, enquanto tinha água, rezando para uma paca, uma cutia, sei lá, algum animal passasse pela frente de sua doze.
De repente, a neblina lhe alcançou. Fantasmagórica estação daquele microclima trouxe sutil as silhuetas das mulheres que traiu, que furtou os pertences, ali foi leviano ao ver a madame cheia das joías. “Fiu-Fiu!!”, demonstrou o Fifió pelo que fez inicialmente a ela no começo de relação para meses depois, vender o terreno comprado a muito suor dela para pagar dívidas de jogo e de prostituição. A pseudo claridade tentava justificar o que seria apenas coisa de homem golpista, porém, a fumaça fria desenhou a morte da mãe daquela senhora enganada por ele, sem recursos para dar cabo do tratamento custoso do câncer de sua pobre genitora, numa dó daquela cena, tão boa vozinha que lhe oferecia caribés sempre que adoecia em seus beribéris. Ingrato!
A chuva daquele mês de inverno chegara sorrateiramente na fronte de Dedinho. Respingos lentos como as dores que carregava do dedo indicador perdido na serraria, sem apoio nenhum, solitária criança em seu acidente e cujo trauma lhe chegam na mente como quem não quer nada, projetando revoltas e latejante sangue. No úmido instante queria apontar pro Dono do Mundo o seu pequeno flagelo de menino, no que o Fifió reforçou ali de cima de um galho, choroso “Fiu-Fiu!!”. A manhã estava encharcada como a vida daquele homem perdido, que copiosamente expulsou aquela mágoa.
No resplendor do Sol que rasgara o céu, a miragem de um caminho a seguir motivou Dedinho. Pensou se deveria ficar parado ou se deveria inventar um rumo. “O Primeiro??”. “O Segundo??”. No momento de seu pedido de voto, o passarinho indicou “Fiu-Fiu!!” para a segunda proposta. Daquele ninho seguro da sede, Dedinho decidiu cair novamente no mundo, a esmo, para algum canto qualquer pois não queria que lhe achassem os ossos preguiçosos, como quem se acomodara perto de uma fonte d´água. Estava iludido de uma glória futura, uma gabola referência quando o encontrassem: “ali, morreu tentando achar um caminho”. Nova secura na garganta o aguardava, por isso, encheu os rins de líquido até não suportar mais, quase vomitar, na dor de urina que teria que conter dali pra frente. Aparentemente motivado, num raio de sol imaginou seu pai acenar como se o perdoasse e sua mãe e dar benção, tudo irradiado em seus olhos no amarelo daqueles perdões rodeados de uma auréola solar. Aguardava uma palavra de conforto, que o passarinho tratou de traduzir, “Fiu-Fiu!!”.
No alto calor do meio dia, vermelhava as bochechas de Dedinho, bem como lhe doíam a esipra, dor insuportável, cuja espingarda parecia uma tora nos ombros feridos das formigas tachis e tracuás. A paixão do homem pesado de si mesmo a remontar a violência contra suas crianças, tão delicadas a receber suas cinturadas de fivela. Um cascudo. Uma mãozada na costa. No que surrou de corda de náilon, Dedinho bradava ao vento pedido de desculpas, ao que o passarinho respondia serenamente “Fiu-Fiu!”. No ardor de sua caminhada, delirou naquela encruzilhada a seguir, de um lado a varrida caçadora, de outro um igarapé, supondo ver um jovem entristecido a desejar orientação para sua vida. Dedinho não sabia se dava ou se recebia conselho daquela visão em forma de pessoa, se seguiria pelo caminho humano, ou se deslizaria conforme o igarapé ordenava. Parou em frente ao jovem, parou em frente ao dilema. O Fifió cantou alto, “Fiu-Fiu!!!!”, tirando Dedinho de suas divagações. Entre o caminho que faz o homem na natureza para matar e o caminho natural que oferta a vida, preferiu o igarapé até encontrar outra alma.
Uma tempestade lhe cercou, de uma cor violeta no ambiente que bruscamente lhe foi remédio daquele calor. Foi passageira, mas suficiente alívio dos maus pensamentos que trazia, espiritual diálogo entre ele e a floresta na forma de sentidos. A frescura dos aromas da mata, suas folhas, seus frutos eram mais perceptíveis, com os pés de Dedinho saboreando a fria água do igarapé, até colocou a mão que faltava um dedo. Por uns segundos, sentiu o dedo ausente sentir a água corrente enquanto uma flor de piquiá passeava entre a falha manual. Para tudo isso, embalava o passarinho com vários “Fiu-Fiu!!”. Um raio, seguido de trovão absurdamente intimidador lanhou o dia, trazendo de volta todos os medos de Dedinho, escoltada por uma nova chuvarada, agora intensa e de gotas doídas na pele sofrida do cobreiro do perdido. Quanto choro continha a chuva. Quanta chuva continha as lágrimas. No labirinto de árvores, Dedinho batia-se de propósito, como a expurgar seus pecados, ao mesmo tempo em que a consciência lhe dava sova como um cipó de fogo, tal qual um incêndio. Que não enxergava nada, tão absorto estava em sua culpa mundana. Até quis se afastar do igarapé, contudo, o passarinho não deixou, quase que o empurrara para trás em rasante voo, “Fiu-Fiu!!”. Dedinho sentou-se no chão lamacento de húmus e desesperou-se novamente. As trovoadas e os relâmpagos lhe ofereceram o fundo escuro da mata, naquelas entranhas de árvores mortas umas sobre as outras, com comboias e surucucus a desfilar pelo lenho em decomposição, machadas de pontos brancos que faziam misuras de gritos de agonia. Dedinho levantou-se e de cabeça baixa iniciou um andar para o sofrimento sem final, quando foi bicado pelo Fifió, “Fiu-Fiu!”, no meio do cocoruto, que o reinou para uma reação. Com a atenção voltada para cima, viu o céu adiante, a iluminar por um possível fim de chuva na direção oposta.
Dedinho seguiu este percurso por entre os cipós e galhos e deparou-se em terras altas, de uma serra que estava e que oportunizava enxergar longe a perder a vista outras paragens, outras florestas, lá descampados, acolá uma baía azulada pelo horizonte. Neste cume observou os pássaros, gaviões, araras, tucanos, periquitos, uma pequena garça lá embaixo a pisar leve na vitória-régia. O Sol se pondo, de um alaranjado que sossegou seu espírito. Resolveu sentar e apreciar aquele espetáculo de Deus como se fosse domingo de quermesse, talvez fosse dentro de si seria. Avistou uma vila ao longe na margem de um rio, alimentado por aquele igarapé de Dedinho, o qual curvava morro abaixo para o encontro com o curso maior. O vilarejo semelhava aquelas maravilhas postas em revistas que inspiram felicidade pela Pasárgada que poderia ser. Uns frutos de piquiazeiro espalhavam-se ao redor do perdido. Ficou na dúvida se após comer os frutos tentaria chegar à noite na vila ou se esperaria até o raiar de um novo dia.
“Fiu-Fiu!! Fiu-Fiu!!”. Pousou o passarinho num galho próximo, alertando. Dedinho pernoitou ali mesmo, conversando com as estrelas, no balanço de sua vida.
No arrebol, aquele homem não se sentiu mais perdido. Estava preparado para antes de seguir para a luz, em outro plano, transformar-se em Fifió, Quiquió ou Capitão-do-mato, conforme a região, para orientar outros, em agradecimento e dever.
E assim evoluiu.
Imagem do Fifó: http://www.reservadeitacare.com.br/#!capitao-do-mato/c16s4