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AVENTURAS DE TRÊS JOVENS
 
 
            PRIMEIRA PARTE
 
 
 
               Tarde de primavera que mais parecia o forte do verão de tanto calor que fazia. Os sete jovens brincavam e até desafiavam o perigo. Faziam competições deitados na água, para ver quem chegava primeiro a um determinado ponto. Além do mais, corriam o risco de se machucarem nas pedras, embora a correnteza do Rio Turvo fosse fraca. Começavam debaixo da ponte velha de madeira, passavam pelo vau, até aproximadamente vinte ou trinta metros antes da queda d’água, conhecida como Salto do Turvo com uma altura de 32 metros.
 
               Jamil, Cid e Mercedes resolveram não mais fazer esse tipo de brincadeira. Continuaram amigos. Em consideração aos seus pais que os aconselhavam, resolveram que arranjariam outros tipos de diversões menos perigosas. Os outros não quiseram desistir. Quanto mais adrenalina, melhor.


               Regina, Christie, Carlo e Max se encontravam com frequência. Uma vez ou outra tomavam um chope ou comiam uma pizza. Finais de anos reuniam-se todos os sete para fazerem festas. Isso aconteceu por um período de três a quatro anos. Um dos componentes que tocava gaita e cantava muito bem, dedicou-se ao estudo da música. Tornou-se um gaiteiro de mão cheia. Formou um grupo gauchesco. Jamil da Gaita ficou assim conhecido.
               A menina Mercedes amiga deles formou-se em Letras e Artes Dramáticas. Dedicou-se ao teatro. Grande atriz, conhecida em todo o Brasil e alguns lugares no exterior.
               Cid casou-se com uma menina de uma cidade vizinha e foram embora para Portugal. Os demais continuaram suas competições e a amizade cada vez mais consolidada. Por vários lugares que iam, procuravam algo que oferecesse riscos.
               

               A chuvarada não parava. O Rio Turvo mais parecia o ruído do mar. As águas fora do leito. Os quatro aventureiros se reuniram e começaram a planejar:
               - Gente. Essas águas estão propícias para o nosso esporte predileto... – Disse Max, dando uma pausa para olhar o galho de uma árvore que vinha boiando.
               - É mesmo. Continue... – Falou Regina.
               - Como eu estava falando, esse rio cheio está uma maravilha.
               - Concordo contigo, Max. - Disse Carlo erguendo uma garrafa térmica com café.
               - Mas dá medo! Gritou Regina assustada.
               - Medo?
               - Sim Carlo. Medo. Veja como está forte a correnteza. Se cair ali, periga ser arrastado e aí... adeus tia Chica...
               - Tem toda a razão, Regina. Mas...
               - Adrenalina!!! – Bradou Christie interrompendo o amigo. Nossa filosofia não é... “Quanto mais adrenalina, melhor”?


                    Max colocou a mão na cabeça, pensativo. “Será que marca”? – Pensou.
               
                    Deram um intervalo para um lanche. Regina pegou a cuia para tomar chimarrão, mas a água quente havia acabado. Voltaram meia hora depois.
                    Max começou a falar:
               - Meus amigos, o que poderíamos fazer com tanta água? Vamos nos arriscar?
               - Eu topo. – Falou Carlo ficando em pé e erguendo os braços.
               - Eu também concordo e assino embaixo. – Falou Christie
               - Eu sou o líder e respeito às opiniões. Vamos nos aventurar, mas se alguém quiser desistir, não se sinta constrangido. Nossa amizade não vai mudar. – Disse Max.      - E tu, Rê?      
               - Nossa! Se vocês não se importarem... gostaria de ficar de fora. Desculpem-me.
               - Alguém tem que ficar na barranca pra bater palmas. – Brincou Carlo.
               Nisso Regina se adiantou um pouco sem jeito:
               - É importante também.
               Max deu um sinal com a mão pedindo para prestarem atenção.
               - Pessoal! Vou dizer como e o quê vamos fazer. A Rê vai contribuir com o nosso esporte. Ela vai comprar a carne, o sal grosso e carvão para o churrasco. O fogo depois eu faço. A comida ela faz e a carne nós homens que vamos assar. O fogo eu me encarrego. 
               - Oba!!! – Disseram em coro os outros componentes.
               Max continuou:
               - Nós três ficamos na beira da ponte, em posição para saltar. Sabem que não temos coletes salva-vidas. Quando eu falar: um... dois... três... pularemos todos juntos e vamos até o ponto costumeiro.


                    Max, Carlo e Christie, inclusive Regina que não ia saltar, deram-se as mãos e em uníssono falaram a famosa frase: “Um por todos, todos por um”.
               

                    O grupo foi para as margens do Rio Turvo. O Turvão até bufava com o grande volume de água. A cachoeira de longe se via sua cascata que formava um véu numa tonalidade marrom, devido à enchente. Logo abaixo da queda d’água de trinta e dois metros de altura, na distância de uns três metros, a água fica girando continuamente.
              

                     A distância entre os jovens era de aproximadamente dois metros. Um do lado do outro. Todos se benzeram. Rê do lado de fora também se benzeu. Max começou a contagem:
               - Um... Dois...
               “Meu Deus”! – Pensou Regina.
               - Três... nisso todos pularam ao mesmo tempo.
               ​Até um trecho foram gritando de alegria e animação. Chegaram até ao ponto demarcado. Não conseguiram sair pela margem. A força da correnteza empurrou-os. Os brados de euforia tornaram em desespero. Aproximaram-se do salto e juntos caíram. Desapareceram. Só a Rê ficou. Chorava tanto que não conseguia se controlar. Fim daquele esporte maluco.              
 
(...)
 
Continua na segunda parte...
 
Não perca a Continuação...
 
(Christiano Nunes)