Mistério da Meia-Noite

evayoliveira@hotmail.com

Poucos dias depois do início da quaresma, Alana, estudante segundo ano do Ensino Médio, convidou seus amigos e colegas de classe, Érique e Carla, para passarem o final de semana no sítio que sua tia, Júli, acabara de comprar para morar com sua filha Natália. Esse sítio não fica muito longe da cidade, mas os antigos donos não revelaram o motivo pelo qual a propriedade foi vendida, só disseram que teriam que sair daquele lugar assombrado o mais rápido possível. Júli, que não é supersticiosa, preferiu acreditar que ladrões estavam tentam assustá-los para roubar objetos de valor do sítio.

No terreno, há um sobrado, de dois andares, rodeado por várias árvores frutíferas, um poço de água subterrânea e uma horta com uma vasta variedade de verduras e legumes. Por ser uma propriedade afastada da cidade, os vizinhos mais próximos moram a mais ou menos um quilômetro de distância. Mas há energia elétrica e sinal de celular, que fica caindo o tempo todo impossibilitando o acesso à internete. A paz impera acompanhada dos cantos dos pássaros.

Nas proximidades do sítio, existe uma enorme mata, praticamente fechada, com vários animais quadrúpedes e rastejantes, que, às vezes, tentam ultrapassar as cercas proteção da casa, e um riacho, que nasce em uma cachoeira, com muitas espécies de peixes, que passa por dentro do terreno do sítio, a uns 15 minutos da casa, andando.

No final da tarde de sexta-feira, um carro deixou os visitantes na frente do portão de entrada do sítio. Pendurada na estrutura de madeira que cobria o portão, de duas partes de madeira, havia uma placa, também de madeira, com o nome da propriedade entalhada: Sítio Lua Cheia.

Érique é alto, 1,75m, moreno claro, usa óculos de descanso. Carla, 1,60m, é loira de olhos azuis e com cabelos na altura dos ombros. Alana, 1,65m, é meio ruiva de pele clara e um pouco medrosa. Os outros dois são mais decididos e destemidos, só acreditam no que veem.

Eles seguiram pelo caminho de pedras, de 100 metros que levava à frente da casa. As anfitriãs, Júli e Natália, estavam na frente da casa, embaixo de uma goiabeira, que por sinal tinha muitas frutas maduras. Júli aparenta estar na faixa dos quarenta anos, mas diz que não passa dos 30, é morena de cabelos compridos e ondulados. Natália é morena, 1,60m, cabelos compridos, tem uma personalidade mais atrevida e controlada, e assim como a sua prima, Alana, tem a mesma idade dos visitantes: 16 anos, e foi matriculada na mesma turma, isso porque sua mãe, Júli, fez uma encenação digna de um óscar para conseguir uma vaga na mesma escola.

Depois dos cumprimentos, os visitantes pegaram goiabas dos galhos mais baixos e seguiram para dentro de casa.

– Vocês já fizeram bananada com essas goiabas? – Brincando, perguntou Érique.

– Não estamos no Sítio do Picapau Amarelo, Gilberto Gil! – Respondeu Natália, rindo.

– Não perco a chance de ouvir as músicas de Gil, e dos outros tropicalistas.

– Também gosto deles e de todos da MPB. As músicas são sempre atuais e nunca são esquecidas.

– A propósito, achei interessante o nome daqui: Sítio Lua Cheia. Foi você quem escolheu, tia? – Questionou Alana.

– Realmente a MPB é incomparável. Tenho vários discos, CDs, DVDs de vários cantores. E respondendo à sua pergunta, Alana: não, a escolha foi dos antigos donos, na época da construção dessa casa. Se não me engano, este final de semana será de lua cheia. Quando a lua aparecer, vou mostrar a vocês o motivo do nome deste sítio. Agora subam para guardar as mochilas. Quem quiser tomar banho, o banheiro fica na área de serviço.

Enquanto os meninos foram guardar as bolsas no andar superior da casa, Júli foi preparar o jantar. Pouco tempo depois de Natália levá-los para conhecerem os quartos, desceram e foram andar debaixo das mangueiras nos fundos da casa. O chão coberto por uma grama bem verde e conservada. Seguindo a fileira de mangueiras, ao lado da área de serviços, nos fundos, havia duas placas fotovoltaicas, medindo aproximadamente três metros quadrados, cada, apoiadas em uma espécie de pilastra de aço de 1,50m de altura.

Ao se aproximarem dos painéis, Natália disse que eram as placas de energia solar que eles já tinham visto nos livros, e em fotos, mas nunca pessoalmente. No sítio, a energia elétrica é usada pelos aparelhos que mais consomem energia, como máquina de lavar, aparelhos de som e de DVD, computador, televisores e geladeira. Já a energia solar é usada pelos eletrônicos que menos consomem, como lâmpadas, bomba de água e outros. Como se sabe, a irradiação solar é captada pelas células fotovoltaicas que transformam o calor em energia e carregam baterias, que permanecem carregadas por determinado tempo, a depender da capacidade de absorção das placas.

O sol estava quase desaparecendo atrás das árvores que faziam enormes sombras no quintal. Os meninos aproveitaram a belíssima paisagem para tirar várias fotos próximos às árvores e debaixo delas. Logo que não havia mais a luz do sol, enquanto um tomava banho, os outros tiravam mais fotos, dessa vez, dos periquitos que pousaram nas goiabeiras da frente da casa. Até gravações foram feitas desses pássaros bicando as goiabas e emitindo seu canto admirável.

Enquanto jantavam, os meninos comentaram sobre o recesso de Semana Santa. Com isso, Júli disse que não sabia por que cada ano era em uma data diferente. Alana deu uma explicação bem sucinta.

– Tia Júli, veja só, a Semana Santa começa no Domingo de Ramos e acaba no domingo de Páscoa. A questão se refere à data da Páscoa, que assim como outras celebrações da Igreja Católica, é móvel. Já ouviu falar do imperador romano Constantino? Então, no ano 325 depois de Cristo, Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia, para tratar de algumas questões relacionadas ao cristianismo. Nesse concílio, foi determinado que a Páscoa cristã será celebrada no primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre após do equinócio de primavera no Hemisfério Norte, isso entre 21 de março e 25 de abril. Aqui no Hemisfério Sul, nessa data ocorre o equinócio marca o início do outono, período em que as noites são mais longas que os dias.

Carla estava sentada ao lado de Júli. Levantou-se e pegou o calendário que estava pendurado na parede e mostrou a ela.

– Vamos ver... aqui... Neste ano de 2016, o outono de inicia no dia 21 de março. A primeira lua cheia depois dessa data será no dia 23, uma quarta-feira. Certo? O próximo domingo é dia 27 de março: Domingo de Páscoa. Isso faz com que todas as comemorações relacionadas também mudem de data.

– Como o Carnaval e a Quaresma?

– Exatamente. Sabendo da data da Páscoa, 27 de março, é só voltar 47 dias e teremos a terça-feira de Carnaval no dia 9 de fevereiro. Obviamente, a Quaresma começa um dia depois, na Quarta-feira de Cinzas, dia 10 de fevereiro e acaba um domingo antes da Páscoa, no Domingo de Ramos, dia 20 de março.

– Hum... O carnaval de 2017 será em 28 de fevereiro. Então a Semana Santa será em abril?

– Sim. 47 dias depois. A Páscoa será... deixe-me ver... acho que no dia 16 de abril. E a lua cheia será entre os dias 10 e 15 de abril, possivelmente, mas precisaria de um calendário com as fases da lua, para ter certeza. Não é mais ou menos isso, Érique?

– Historiadoras, geógrafas, matemáticas... Como você são sabidas. Só faltaram falar que a Páscoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo, seguia, vamos dizer assim, a Páscoa judaica, que celebra a libertação dos hebreus do Egito para a Terra Prometida. Como o calendário judaico era baseado na Lua, no cristianismo, a data passou a ser móvel também.

Depois do jantar, Júli os convidou para segui-la à varanda do andar superior, levando, com a ajuda de Natália, uma garrafa de café com leite e um pote de biscoitos de sal.

Na varanda, há uma mesa de centro de madeira, um banco antigo e três cadeiras de plástico nos quais todos se acomodaram. A leve brisa da noite tornou o momento mais agradável e fresco. Nessa noite de sexta-feira, a enorme lua cheia iluminava a varanda e uma parte do quintal em que as sombras das árvores não conseguiam cobrir.

– Respondendo à pergunta de hoje de tarde sobre o nome do sítio: Lua Cheia. Esse sítio foi comprado em um período de lua cheia. Em algumas estações do ano, como acontece no outono, a lua cheia aparece bem grande, como se fosse só para o sítio, que fica iluminado como se fosse dia.

Já passava das 10 horas da noite. Da varanda, era possível ver uma casinha atrás de algumas árvores fora da cerca do sobrado, há uns quatrocentos metros de distância.

Curioso, Érique perguntou e a resposta veio de Júli.

– Vejam ali! Quem mora naquela casa?

– É a casa do empregado do sítio. Ele mora aqui há um bom tempo, desde a época dos antigos donos.

– O que ele faz?

– Bem... Colhe as verduras, os legumes e as frutas para entregar aos compradores, verifica o sistema de irrigação da horta, separa os ovos das galinhas, para vender, as alimenta e tira leite das vacas. Mas os donos anteriores venderam quase todas as galinhas e só restou uma vaca leiteira. Ele é muito agradável.

– Só acho que há alguma coisa muito estranha acontecendo aqui. Aqueles dois não venderiam esse paraíso se não tivesse medo de alguma coisa. Ou de alguém.

– Não há do que ter medo, Natália. Provavelmente, tentaram roubar o sítio e eles decidiram se mudar para a cidade. Foi uma pena eles terem se mudado daqui.

Os visitantes se serviram e ficaram observando a conversa.

– Meninos, não deem ouvidos. Ela é tem uma imaginação muito fértil. Agora cismou que há um lobisomem rondando o sítio...

Érique interrompeu a conversa indicando que não acreditava naquele ser fantástico.

– O lobisomem não passa de uma lenda que veio da Europa, no século XVI com os portugueses que colonizaram o Brasil.

E foi apoiado por Alana e Carla.

– Vejam só! Por que os lobisomens só aparecem na quaresma? Eu mesma respondo: Porque é uma lenda apoiada pela Igreja.

– Exatamente! Só não posso afirmar que a Igreja criou a lenda. Mas a nossa querida instituição religiosa sempre educou, entre aspas, as pessoas através do medo.

– E os próprios padres diziam que os pais tinham que batizar seus filhos, porque os lobisomens gostavam de atacar bebês pagãos.

– Pelo que sei, essa lenda pode ter sido originada na Europa, como Érique disse, a mitologia da Grécia Antiga faz referência ao licantropo, um ser lendário. De acordo com os mitos, um homem pode se transformar em lobo em noites de lua cheia e só volta ao normal pouco antes de o dia amanhecer.

Lembrando-se das aulas de História, Érique mencionou vagamente o mito grego do lobisomem.

– Se não me engano, o rei da Arcádia ofereceu um sacrifício a Zeus, que o transformou em lobo.

Júli concorda em partes com o que ouve, seguida por Érique e Carla.

– As pessoas mais velhas afirmam que existe e algumas, até que já viram ou foram atacadas. Certo que é uma lenda, mas alguma coisa pode ter feito essas pessoas acreditarem na existência do tal lobisomem, como um possível ladrão, para assustar. Eu mesma não acredito.

– É cientificamente impossível um homem sofrer uma transformação dessa forma.

– Isso só acontece na ficção e na imaginação das pessoas supersticiosas.

– O empregado disse que já viu um lobisomem aqui. E me confessou que esse foi o motivo da venda do sítio. Ele também me disse que na quaresma passada, um dia, a horta amanheceu toda pisada, várias galinhas espedaçadas, marcas de garras na porta do fundo e o que o bicho entortou o suporte do painel de energia solar.

Natália entrou na conversa relatando alguns fatos recentes.

– Não foi só na quaresma passada. Como explicar, mãe, o barulho no galinheiro anteontem de madrugada?

– Pode ter sido alguma raposa.

– E aqueles pelos nos fios de arame na cerca lá perto do riacho?

– Pode ter sido a mesma ou outra raposa tentando atravessar a cerca para atacar as galinhas.

– Não me convenceu. Nunca vi raposa de pelo escuro.

Ouvindo aquelas suposições, Alana ficou tentando não acreditar nas insinuações feitas por Natália.

– Você quer dizer, Natália, que há um lobisomem rondando a casa?

– Alana, não sei mais em que acreditar. Mas alguma muito estranha está acontecendo aqui.

No decorrer da conversa, Érique falou que a lenda se refere à metamorfose em lobo em noites de lua cheia, não necessariamente na quaresma. Alana e Carla comentaram sobre as versões da lenda seguidas por Natália e Júli.

– Isso mesmo. Uma versão diz que um homem foi mordido por um lobo em uma noite de lua cheia. E depois disso, o homem desenvolveu a capacidade de se metamorfosear em lobo, com traços humanos, em noites de lua cheia.

– Outra diz que se uma mulher tiver seis filhas, engravidar outra vez e o sétimo filho for menino, esse se transformará em lobisomem.

– E dizem que se uma pessoa foi mordida por um lobisomem, passa a se transformar também.

– Minha avó dizia que o oitavo filho de uma sequência de sete filhas se teria a sina de se transformar em lobisomem à meia-noite de sexta-feira em uma encruzilhada e tinha que voltar ao mesmo lugar para se destransformar. As transformações começam a ocorrer a partir dos 13 anos de idade e tinha que percorrer sete cemitérios antes de voltar ao normal. E só seria possível matá-lo acertando-o com uma bala de prata.

O relógio marcava quase 23:30. Em meio a tantas histórias de lobisomens, não sobrou nem uma gota de café e o pote de biscoitos estava vazio. Todos foram para seus dormitórios, que ficam no andar superior da casa. Júli foi para o seu quarto, Alana e Carla seguiram para o quarto de Natália e Érique foi para outro quarto, ao lado do das meninas, dormir sozinho.

Por volta da meia-noite, Alana disse ter ouvido pisadas no lado da casa. Carla e Natália afirmaram não terem ouvido nada. Elas se ativeram ao silêncio da noite e também tiveram a impressão de ouvirem passos pesados indo para os fundos da casa. As três se levantaram, com a luz apagada e foram, nas pontas dos pés, para a janela de guilhotina que estava aberta para entrar o vento suave da noite.

Os galhos de algumas árvores dos lados da casa estavam na altura do andar superior. Por causa disso e das sombras criadas pelas árvores maiores, não era possível ver o que passava por baixo. Só se poderia ver se fosse dia. Não se ouviam mais as pisadas. Mesmo sem ver nada, elas sussurraram alguma coisa. Em seguida, ouviram o barulho da porta do galinheiro sendo arrombada e as galinhas começaram a gritar. Alana e Natália ficaram pasmadas, mas Carla ainda continuou cética.

O quarto em que Érique estava tinha janelas viradas para os fundos, onde fica o galinheiro. Quando ouviu os passos pesados, também, com as luzes apagadas, foi para a janela. Mesmo com as sombras das árvores, viu um vulto preto derrubando a porta e entrando no galinheiro e ouviu o barulho feito pelas galinhas.

Era algo parecido com um animal andando nas patas traseiras e aparentemente peludo. A silhueta era um pouco mais alta e mais forte que a de um homem normal. Enquanto tentava não acreditar no que poderia estar vendo, um possível lobisomem, olhou para a porta do quarto e viu a câmera digital em cima da mochila. Correu para pegá-la e voltou para a janela. Ligou e começou a tirar fotos com flash com o intuito de atrair a atenção do ser.

Vendo os reflexos dos flashes, as meninas foram para o quarto de Érique a passos rápidos, mas sem fazer barulho, pois Júli estava dormindo e elas não queriam acordá-la. Poucos segundos depois, o vulto saiu correndo pela única porta do galinheiro, seguindo para os lados do riacho. As meninas afirmaram terem visto o focinho e as garras, mas Érique estava acompanhado pela tela da câmera e só conseguiu ver um bicho peludo. A claridade da câmera não alcançou o monstro e em todas as fotos só se podia ver um vulto mais escuro meio distorcido.

Depois desse fato, as meninas voltaram ao quarto, em silêncio, e todos foram dormir. Natália e Alana estavam meio assustadas, mas Érique e Carla continuavam sem querer acreditar no que seus olhos viram. Nesse momento o relógio marcava 00:40.

No dia seguinte, sábado, desceram cedo para a sala de estar, antes das 7h. Júli se levantou para preparar o café da manhã e ao aproximar da escada ouviu uma miniconfusão na sala. Ela desceu perguntando o motivo da gritaria. Os meninos responderam ao mesmo. Já ao lado do sofá, Júli pediu silêncio e perguntou de novo. Mais uma vez, os quatro falaram ao mesmo tempo.

– Chega! Não quero saber mais.

– Espere, mãe! Vamos falar um de cada vez.

– Tudo bem! Pode começar, Érique?

– Claro! Ontem à noite, nós vimos um lobisomem...

– Foi mesmo, tia Júli. As orelhas eram enormes.

– Eu fiquei arrepiada!

– Vocês são muito criativos! Já pensaram em escrever contos de seres fantásticos?

– Veja esta foto que consegui tirar com a minha câmera!

– Deixe-me ver... Só estou vendo uma parede e algumas árvores.

– Olhe aqui... Esse vulto preto...

– Ah! A sombra de uma árvore.

– Mãe, ele entrou no galinheiro...

– Você não ouviu a gritaria das galinhas?

– Não ouvi nada. Tenho o sono pesado. Mas mesmo assim...

– Vamos lá fora, tia, para você ver com seus próprios olhos.

– O lobisomem que vocês viram está lá fora?

– Não. Mas os estragos sim.

– Eu vou só para provar que vocês estão tentando me pregar uma peça.

– Então, vamos!

Quando abriram saíram pelo fundo, viram a porta do galinheiro encostada na parede pelo lado de fora. Dentro, havia penas e pedaços de algumas galinhas espalhados para todos os lados. Érique estava tirando fotos com sua câmera e enquanto Júli e as meninas olhavam o que sobrou do galinheiro, chegou o empregado.

– O que aconteceu aqui?

– Agora acredita em nós?

– Deve ter sido alguma raposa...

– Uma raposa que consegue derrubar uma porta de madeira?

– O que nós vimos tinha quase dois metros de altura. Não parecia nada com uma raposa. Sem falar que saiu correndo de dois pés e não de quatro patas... Acho que alguém está fazendo isso, pois esse ser fantástico não existe

– Dona Júli, as crianças podem estar falando a verdade. Quando ouvi as galinhas gritarem, saí para ver o que era. Cheguei perto da cerca e vi o lobisomem derrubando a porta do galinheiro. Depois o bicho saiu correndo e uivou lá embaixo. E não era uma pessoa, era um lobisomem mesmo! Daí voltei correndo para casa e me tranquei. Quando amanheceu, vim aqui, a porta estava meio solta. Tirei e coloquei encostada na parede. A senhora viu a situação do galinheiro?

– Adolescentes! Somos adolescentes e não crianças.

– Que seja... Pode ter sido algum ladrão que derrubou a porta e depois entrou alguma raposa e atacou as galinhas...

– Nós vimos tudo pela janela. Não apareceu raposa nenhuma.

– Enquanto vocês ficam aí falando que viram uma pessoa fantasiada ou um ser fantástico, eu vou preparar o café da manhã.

Depois que Júli foi para a cozinha, o empregado disse aos meninos que há alguns dias ouviu o bicho uivando perto do riacho e desde que ele veio trabalhar no sítio, todos os anos, na quaresma, o lobisomem aparece nos arredores da casa. Disse também que no ano passado, o monstro tentou invadir a casa e deixou as marcas das garras na porta dos fundos. Esse foi o principal motivo pelo qual os antigos donos venderam a propriedade.

– Bem... A porta da cozinha está fechada e não estou vendo marca nenhuma.

– Menino, na semana seguinte ao ataque me mandaram comprar e colocar outra porta. A arranhada está no depósito, eu mesmo a guardei lá. Agora eu tenho que ir até a cidade.

Poucos minutos depois, Júli chamou os chamou para tomarem o café da manhã. Depois do café, Júli colocou um CD de músicas selecionadas da MPB no som – a primeira a tocar foi Planeta Sonho de Milton Nascimento – e dividiram as tarefas de casa com as meninas. Érique foi pegar algumas mangas para fazer suco para o almoço.

Após colocar as frutas em cima da pia, pegou a câmera e voltou ao galinheiro para tirar fotos da porta arrancada, isso porque só tinha fotografado a parte de dentro. Ainda com a câmera, seguiu para o lado da casa por onde o lobisomem passou, mas só se podia ver a grama amassada. Mesmo assim, tirou algumas fotos, para analisar melhor.

Neste momento, ele se lembrou de que o empregado disse que a porta arranhada estava no depósito e foi até lá. A porta estava encostada na parede de fundo. Tinha cinco riscos quase do mesmo tamanho na parte de cima e na parte de baixo. Ao ver as marcas de possíveis garras, achou-as estranhas e chamou Carla, que estava na cozinha.

– Ei! Carla! Venha ver isso aqui.

– Venha ver isso aqui... Por favor!

– É a porta que o empregado disse que tinha sido arranhada...

– Nossa! Eu acho que algum espertinho está se fazendo de lobisomem para ficar com esse sítio.

– Eu acho a mesma coisa. Mas quem estaria fazendo isso?

– Não sei quem. Mas nós vamos descobrir.

– Olhe essas marcas na porta. Se eu imitar garras com as minhas mãos, assim, as marcas dos polegares estariam mais afastadas dos outros dedos. E outra coisa: as marcas dos polegares começariam um pouco mais abaixo dos outros dedos. E essas aqui não. São todas quase do mesmo tamanho.

– Você tem razão. Parece que essas marcas foram feitas com alguma coisa...

– Com uma foice, talvez?

– Se tivesse usado uma foice, as marcas seriam mais profundas e desordenadas.

– Fui lá no lado em que vimos o ser passar, para ver se eu conseguia encontrar marcas de sapatos, mas a grama não colabora.

Do outro lado do depósito, estavam amontoadas várias ferramentas. Carla, ao vê-las, chegou mais perto e pegou uma, em especial.

– Érique, você sabe para que serve um ancinho?

– Para juntar galhos e folhas secas...

– Você conseguiria arranhar uma porta com isso?

– Dê-mo aqui...

– Dê-mo! Estou vendo que alguém sabe usar a ênclise...

– Gracinhas à parte, vamos colocar os dentes do ancinho em cima das marcas da porta... Está vendo? Encaixa como uma luva. É obvio que os arranhões foram feitos com esse ancinho. Pegue a minha câmera e tire fotos.

– Temos que mostrar isso às meninas.

– Vamos pensar em uma forma de pegar esse falso lobisomem.

– Isso. Depois do almoço, chamaremos Alana e Natália para irmos ao riacho. Lá, a gente faz uma reuniãozinha para encontrar uma forma de capturar esse espertinho.

– Certo. Vou pensar em algo.

Após o almoço, os meninos foram ver a cachoeira, da qual nasce o riacho. Eles aproveitaram para admirar a nascente do riacho com a bela paisagem natural enquanto se sentaram em círculo embaixo de uma mangueira, às margens da cachoeira, para comentar o caso.

– Então, meninas... Natália e Alana, eu trouxe a minha câmera para vocês verem essas fotos. Hoje, de manhã, enquanto vocês estavam arrumando a casa, eu fui investigar o caso. Olhem essas marcas de garras na porta que o empregado falou que tinha trocado! Combinam com os espaços dos dentes do ancinho que Carla encontrou no depósito.

– Eu sempre achei que havia alguma coisa errada com a venda do sítio. Minha mãe disse que os antigos donos não disseram por que queriam se mudar. Até o empregado acredita nessa história de lobisomem. Mas ele nunca se mudou daqui.

– Talvez ele não tenha para onde ir. Temos que criar um plano para capturar seja lá quem for.

– Érique tirou fotos do lado por onde vimos o monstro passar. Eu fui ver também, mas, infelizmente, não ficam rastros na grama que deem para identificar. Não dá para saber se os rastros foram deixados por sandálias ou sapatos.

– Também olhei, Carla, ficou na mesma. A propósito, Natália, ontem, você falou algo sobre os pelos presos em fios de arame, se não me engano.

– Bem lembrado, Alana, na volta, mostrarei a vocês onde foi. Mas não estão mais lá. O vento deve ter levado.

Poucos minutos depois, ao som suave da queda d’água, surgiram as primeiras ideias através de Carla e Érique.

– Já sei! Hoje, a noite é de lua cheia. Se ele veio ontem, é possível que venha hoje também. Vamos nos dividir e pegá-lo de surpresa...

– Tenho um plano! Vamos formar duplas: Eu e Carla ficamos no meu quarto, Alana e Natália ficam no quarto de vocês. Assim, quando ele aparecer, a gente desce vai atrás dele.

– Temos que estar preparados com algo para amarrá-lo. Acho que vi uma corda no depósito.

Ouvindo aquilo, Natália e Alana começaram a trocar olhares indiferentes.

– Um momento! Vocês não acham isso meio perigoso?

– É ele tiver uma arma? Eu acho que isso não vai dar certo.

Carla e Érique, ao perceber que as duas não gostaram da ideia, tentaram contornar a situação.

– Meninas, deixem de ser covardes!

– Digo o mesmo que Érique. Além do mais, se ele tivesse uma arma, já teria invadido a casa e ameaça Júli e você, Natália.

– E o empregado também...

– Como Júli tem um sono pesado, vamos esperá-la dormir para colocar o nosso plano em ação. Estão comigo?

Pelo tempo que Carla e Alana conhecem Érique, sabem muito bem que não adiantaria ficar contra. Carla aceitou com facilidade, pois também gosta de participar de confusões. Já Alana ficou meio desconfiada. Como Natália estava em minoria, teve que concordar com o plano. Antes do pôr do sol, voltaram para casa, para Júli não ficar preocupada com a ausência. No caminho que volta, Érique mencionou, rapidamente, que tinham que resolver o mistério antes voltarem para a cidade. O ser apareceu na noite anterior, sexta-feira e poderia aparecer mais uma vez naquela noite de sábado, que era a única chance de capturá-lo, pois iriam embora no domingo à tarde.

A noite chegou e a lua cheia não perdeu tempo. Júli preparou a mesa e os chamou para jantar. Logo após isso, por volta das 20:30, foram para a sala de estar assistirem ao telejornal local. Em um dos intervalos comerciais, Júli falou que iria ficar de olho no galinheiro, para surpreender a raposa da noite anterior. Mesmo depois do que viu, ainda prefere acreditar que foi uma raposa. Os meninos disseram para eles não preocupar que eles mesmos ficariam atentos a qualquer movimento nos arredores da casa. Ouvindo isso, ela para eles ficarem olhando pelas janelas, acenderem as luzes e não saírem de casa.

Já passava das 22:00. Depois que Júli subiu para dormir, como uma pedra, Érique e Carla foram ao depósito pegar a corda. Natália os acompanhou até a cozinha, abiu uma das portas da parte de cima do armário e pegou as duas lanternas que estavam carregadas, uma para ela e Alana e a outra para Carla e Érique. Esses dois, quando voltavam do depósito, viram o empregado indo em direção ao galinheiro. Quando questionaram o que estava fazendo, ele respondeu que estava indo verificar se a porta do galinheiro estava bem fechada, pois havia consertado à tarde, quando os meninos tinham ido ao riacho.

Quando o empregado viu Carla carregando a corda, perguntou o que pretendiam fazer com aquilo. Érique respondeu que era para brincar de pular corda e logo percebeu o olhar dele de dúvida. Com isso, Carla disse que, na verdade, eles elaboraram um plano para pegar o falso lobisomem, pois tinham certeza de que era um ladrão fantasiado. O empregado disse que acreditava que era um lobisomem de verdade, pediu para eles terem cuidado e perguntou qual era o plano. Érique olhou para Carla e disse que tinham que ir. No mesmo momento, Natália e Alana saíram e se aproximaram deles cada uma com uma lanterna na mão.

– Não me digam que vocês vão entrar no mato para procurar o lobisomem?

– Claro que não! Nós...

Érique interrompeu a fala de Alana e completou dizendo que não iriam entrar em detalhes e saiu quase escoltando as meninas faladeiras. Seguiram para a cozinha, pois pretendiam fazer um lanche antes de ocuparem seus postos de espiões aprendizes.

Enquanto esperavam o momento de pegar o suposto ladrão, Natália verificou mais uma vez as baterias das lanternas e Érique dobrou a corda em algumas partes. Faltava pouco mais de 30 minutos para a meia-noite e os meninos subiram para os quartos. Como o combinado, Alana e Natália ficaram no quarto da última e Carla e Érique ficaram no quarto de visitas. A lua cheia brilhava formosa no céu e claridade adentrava nos quartos pelas janelas entreabertas. Nem as luzes nem as lanternas estavam acesas, para não chamar a atenção e cada dupla se atinha ao menor ruído possível. Uma vez ou outra, ouviram o som emitido pelas corujas.

– Estamos prestes a desvendar os mistérios da meia-noite que voam longe...

– Que você nunca, não sabe nunca, se vão, se ficam, quem vai, quem foi...

– Impérios de um lobisomem que fosse o homem de uma menina tão desgarrada, desamparada se apaixonou...

– Naquele mesmo tempo...

– Vamos parar, Carla! Hoje não é a noite do karaokê.

– Você que começou, Zé Ramalho!

– Não tenho culpa de ter bom gosto musical.

Faltavam poucos muitos para a meia-noite. De repente, um uivo ecoou na direção do riacho. Érique e Carla trocaram olhares de atenção e cada um se aproximou de uma janela, com vista para os fundos da casa.

No quarto ao lado, Alana estava apoiada no batente da janela, com vista para a lateral da casa, com uma mão vazio e a lanterna na outra. Ao ouvir o uivo, assustou-se e deixou a lanterna escapar das mãos. Por ser muito leve, a lanterna não fez barulho ao cair em cima da grama. Com as cabeças do lado de fora da janela, para ver onde a lanterna tinha caído, começam a sussurrar e terminaram a conversa com os corpos completamente dentro do quarto.

– Muito bem, Maria Assustada!

– Acho que vamos ter que esperar sem lanterna...

– Acha nada. Você derrubou e você vai buscar.

– Sozinha? Com seja lá o que for aí fora? Nem se eu estivesse louca!

– Tudo bem! Eu vou com você. Vamos descer sem que Carla e Érique nos vejam.

Abriram a porta com todo o cuidado possível e desceram as escadas nas pontas pés, literalmente. Considerando que a outra dupla estava monitorando a parte de trás da casa, as duas saíram pela porta da frente e seguiram pela lateral até o ponto em que a lanterna caiu.

Ao chegarem perto da lanterna, Alana se abaixou para pegá-la e Natália, que estava logo atrás, disse que tinha ouvido alguma coisa. Aquele lado da casa estava escuro porque a lua se posicionava do outro lado da casa, de modo que só iluminava uma parte dos fundos e a outra lateral da casa. Alana, com a lanterna na mão só ouviu os galhos das árvores batendo na parede. Voltaram pelo mesmo lugar, seguindo a parede, com a lanterna desliga. A parte da frente da casa também estava escura, pois a lua não estava muito alta e as árvores impediam a passagem da luz.

Como passava da meia-noite, já era madrugada de domingo.

Quando se dirigiam à porta da frente, Natália notou apenas dois olhos brilhantes aparentemente em cima dos galhos baixos da goiabeira. Percebendo que a amiga não viu, parou e para atrair a sua atenção falando em baixo tom.

– Ei, Alana! Veja aqueles olhos ali!

– Onde? Sim! Deve ser um gato procurando alguma coisa para comer.

– Sei que olhos dos gatos brilham... Mas não temos gatos.

Alana ligou a lanterna e apontou para a goiabeira. As duas ficaram sem voz por alguns segundos, enquanto a lanterna iluminava não um gato, mas sim o vulto de um ser grande e peludo, o mesmo que viram na noite anterior e que estava a poucos metros delas.

Logo após um uivo, com gritos de medo, as duas correram para os fundos da casa.

– Cooorre!

– Espere por mim! Ahhh!

Segundo depois, chegaram à porta dos fundos, da cozinha, tentaram abri-la, mas estava trancada. Então, correram para o galinheiro e se esconderam na parte de trás. O monstro também seguiu pela lateral da casa, a fim de alcançá-las.

No quarto, Érique e Carla ouviram o uivo seguido dos gritos. E, em seguida, a correria das meninas pela lateral da casa indo em direção ao galinheiro.

– O que está acontecendo? O que elas estão fazendo lá fora?

– E não estão sozinhas. Veja! O lobisomem está atrás delas.

– Vamos descer lá! Pegue a corda.

Desceram a escada nas pontas dos dedos e seguiram para a cozinha, Érique na frente com a lanterna ligada, para não acender as luzes e Carla, que estava seguindo a luz da lanterna, pegou a vassoura que estava pendurada na parede atrás da porta, para garantir. Saíram cuidadosamente com a lanterna apagada.

O suposto lobisomem viu as meninas correndo para detrás do galinheiro e estava indo atrás delas. Naquele momento, o fundo da casa estava iluminado, pois a lua ainda estava no céu, presenciando a cena. Érique e Carla o alcançaram na frente do galinheiro e a última chamou a sua atenção.

– Ei, bicho feio! Por que não se mete com alguém do seu tamanho?

Ele se voltou e foi em direção ao dois e quando chegou perto Carla deu uma vassourada em sua cabeça. Em seguida, ele levantou o braço bruscamente e a vassoura caiu longe. Com o impulso, Carla deu alguns passos para trás, desequilibrou-se e caiu.

Ouvindo a voz dos amigos, Natália e Alana apareceram e cada uma jogou uma manga no monstro. Ele fez um barulho, se virou para elas e avançou.

Érique segurou uma ponta da corda e jogou a outra para Carla, que estava se levantando. Como o ser estava indo em direção às meninas, não percebeu que esses dois preparavam uma armadilha. Segurando as duas pontas da corda, os dois correram na direção do monstro, jogaram a corda por cima dele, como na brincadeira de pular corda, e antes que tocasse o chão, os dois pararam e puxaram a corda para trás. O pé se prendeu na corda e ele caiu para frente.

Antes de se levantar, Alana e Natália correram e pularam em cima de dele. Enquanto isso, Carla e Érique deram duas voltas com a corda em seus pés. As duas primeiras puxaram seus braços para trás e os dois últimos amarraram suas mãos com as pontas das cordas.

Com todo aquele barulho, Júli finalmente acordou, foi ao quarto de visitas e colocou a cabeça do lado de fora. Alana e Natália estavam sentadas nas costas do falso lobisomem, Carla estava sentada em suas pernas e Érique estava terminando de amarrar as pontas da corda, em pé ao lado.

– Mas que gritaria... O que é isso?

– Acordou, Bela Adormecida!

– Capturamos um lobisomem para você, tia Júli!

Júli desceu e acendeu as luzes dos fundos.

– Meninos, vocês são terríveis! Até tu, Natálias?...

– Saiam de cima de mim, pestes!

– Olhem só, meninas, não sabia que seres folclóricos sabiam falar.

– Bem, assim amarrado e com as luzes acesas, você não parece tão assustador!

– Aposto que roubou essa fantasia de algum teatro.

Curiosos para saber que estava dentro da roupa, as meninas se levantaram segurando-o, Érique puxou as orelhas e a cabeça da fantasia saiu facilmente. Júli ficou pasmada quando viu o rosto da criatura.

– Você? Não tem vergonha?

– Eu já suspeitava dele, mãe. Só não tinha como provar.

– Júli, eu e Carla vimos a porta arranhada no depósito. E as marcas foram evidentemente feitas por um ancinho que também estava no depósito.

– Daí ficou claro que foram feitas por alguém que tinha acesso à casa.

– E essa pessoa só poderia ser o empregado do sítio.

– Ele tudo isso simplesmente para que ninguém comprasse o sítio. Assim, a propriedade ficaria só para ele.

– Mas você, tia Júli, resolveu comprar a propriedade. Com isso, ele continuou com os falsos ataques de lobisomem para que vocês fossem embora.

– O ataque ao galinheiro na noite passada foi proposital, assim como os relatos de aparecimentos de lobisomem. Ele nos disse que também tinha visto, pensando que nós a convenceríamos a se mudar daqui, para ele ficar com tudo.

– Depois que ele me viu com a corda e Carla com a lanterna, pensou que nós sairíamos para procurar o falso monstro no mato. Daí, ficou observando a casa para nos ver saindo e ir logo atrás.

– Mas Alana deixou a lanterna cair pela janela e nós duas tivemos que descer sem avisar. Ele nos viu saindo pela frente e ficou nos esperando voltar.

– Exatamente, Natália. Ele não queria nos atacar. Só queria que nós corrêssemos para dentro de casa. Mas Érique e Carla apareceram e ele ficou sem saber o que fazer.

– A propósito, e aquela vassoura com o cabo quebrado? E essa corda?

– Júli, eu quebrei o cabo da vassoura na cabeça dele. Será que ficou a marca?

– E eu peguei a corda no depósito.

– Mãe, eu e Alana contribuímos com duas mangas. Acho que está com uma leve dor de cabeça.

– Podem desamarrá-lo, meninos. Amanhã, ou melhor, quando amanhecer, precisamos ter uma conversa séria, caríssimo funcionário!

Depois de desmascararem o empregado do sítio, a turma aproveitou as últimas horas da madrugada para dormir um pouco. No começo da tarde, voltaram para a cidade satisfeitos por terem desvendado aquele mistério.

Evaí Oliveira
Enviado por Evaí Oliveira em 07/04/2016
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