OS CAÇA OVNI'S - capítulo 8

O INVASOR FARSANTE

23h:20min daquela mesma noite...

João Paulo voltava para a casa da fazenda, aquele percurso sombrio de alguns quilômetros, ele chutava pedras e abria a boca de sono, o silêncio e o frio da noite ali na fazenda só o deixava mais sonolento ainda, um ar perfeito para se cobrir com um edredom e tomar um bom café com leite. Quando João Paulo pós o pé na varanda da casa a madeira rangiu, como num filme de suspense, ele girou a maçaneta da porta e a abriu. As luzem estavam todas apagadas, mas a claridade da lua atravessava as janelas e clareava um pouco a sala, e antes que João Paulo acendesse a luz, viu parada na porta da cozinha uma pessoa a observá-lo, foi um susto para João Paulo, porém, ao reparar mais de perto, reconheceu aquele rosto e as roupas que vestia, no que sorriu aplacado, e disse:

- Ah, é você, Rodrigues. Puxa, me deu um susto! Faz tempo que chegou? Veio sozinho? Eu soube do que aconteceu com o pai de sua esposa e lamento muito.

Tantas perguntas e nenhuma resposta, mas aquele olhar tão centrado era o que estava deixando João Paulo tenso, porque o homem permanecia imóvel e calado. De repente, tocou o celular de João Paulo em seu bolso, ele pegou-o e atendeu...

- Ruben?

- Onde você está?

- Aqui na casa da fazenda, com Rodrigues.

- Deixe de mentir, João Paulo, que José Rodrigues acabou de chegar com o filho e está aqui do nosso lado! Fala a verdade, onde é que você está?

- Eu estou falando sério! E Rodrigues está bem aqui na minha frente!

- Venha pra cá!

- Espera aí, eu... Ah, mais que droga!

- Hã?

- É esse detector barato aqui que não pára de apitar!

Ele referia-se ao detector de ETs e OVNIs que esqueceram encima da cadeira da sala e, desconfiado daquilo, emudeceu, enquanto Ruben continuava no outro lado da linha.

- Alô? João Paulo, está me ouvindo?

- Ruben, eu... Vou ter que desligar.

João Paulo desligou o celular e receoso olhou para o dispositivo piscando e emitindo um som constante, em seguida olhou para o homem em sua frente e decorosamente foi retirando a arma da cintura, só que antes que pudesse intentar algo, lhe foi apontada uma arma duas vezes maior e percebendo que seria atingido, se abaixou de imediato e o tiro acertou na parede, fazendo um tremendo buraco, foi um raio potente, um raio de cor vermelha, que por pouco não fez a cabeça de João Paulo rolar no chão. Ainda agachado, João Paulo viu aquele ser mudar aleatoriamente de aparência, os olhos ficavam fundos e a pele gosmenta se contorcia, como massa de modelar, a figura do fazendeiro ia e voltava, como um disfarce falhando. João Paulo ficou plenamente abismado e tentou recuar, mesmo assim caído, quando a criatura ousou se aproximar. João Paulo empurrou-o com um chute na barriga, no que sentiu seu pé afundar, mas se recolheu e conseguiu apanhar sua arma que ficou de lado, apesar de saber agora que ela não se comparava em nada com a arma daquele bicho. E quando apontou-a para frente e puxou o gatilho, a criatura já havia desaparecido subtamente. João Paulo se levantou devagar e com a arma em mãos caminhou lentamente para frente, estava ofegante e trêmulo, a procurar a criatura. Entrou na cozinha, olhou debaixo da mesa, nada havia, chutou a porta do banheiro, também ali não estava, olhou nos quartos, debaixo das camas, atrás das cortinas, dentro do armário, e nada. Foi para fora e sempre com a arma em defesa, fez a volta na casa, passou pelos corredores, pelo quintal, mas tudo estava quieto e nada viu. Depois de tanta tensão e suor frio, João Paulo baixou a arma e respirou fundo, eis que sentiu em seu ombro uma mão gelada, virou-se depressa apontando a arma, mas só era Ruben e os outros.

- Calma!

- Ruben!

- O que aconteceu? Você está branco como a lua!

- Eu estava...

João Paulo pretendia explicar a situação pela qual passou a poucos instantes, mas ao ver o fazendeiro segurando a mão de seu filho Matheus, ele apontou-lhe a arma e ameaçou-o, e nisso, Edna gritou:

- Calma aí! É só o fazendeiro Rodrigues.

- Ele é um alienígena! Afaste-se dele, Edna! Vou acabar com esse farsante!

Ruben tomou a arma e gritou com o amigo:

- Você está louco? Quer matar o fazendeiro?

- Não, ele não é fazendeiro! É um marciano! Um ser de outro mundo!

Disse João Paulo, a brigar pela arma, mas Edna o segurou pelos ombros e disse forte em seu rosto:

- Pare de bancar o maluco, JP! O que deu em você? Não está vendo? Tem uma criança aqui, você está apontando a arma pro pai dela!

- A criança deve ser alienígena também, aposto!

- O quê? Você surtou!? Para com isso, já!

João Paulo se conteu, mas não confiante, lançou para Rodrigues um olhar ameaçador e perguntou a Edna:

- Como posso ter a certeza de que ele é mesmo um de nós?

- Hã? Como assim?

Indagou Rodrigues.

- E se você for mesmo um alienígena?

- Um o quê? Do que você está falando? Eu não sou isso aí não!

- Então como fez aquilo? E onde arrumou aquela arma?

- Arma? Que arma?

- Você sabe muito bem do que estou falando! Tentou me matar dentro da casa!

Ruben fez João Paulo se virar de frente para ele e falou:

- Por que está dizendo isso? Rodrigues estava com a gente quando você entrou na casa! Nós o vimos e ele foi falar com a gente assim que chegou com o carro!

- Com a nave espacial, você quis dizer, não?

- Quê? João Paulo, isso que você está fazendo não tem graça.

João Paulo passou as mãos nos cabelos já bagunçados, estava confuso, não sabia o que pensar e no que acreditar, tudo girava em sua mente e se misturava como uma pintura abstrata. Também estava deixando a todos assustados, ainda que não entendessem o que ele queria dizer, só a sua aflição e seu espanto era o que os fazia medo.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 15/03/2016
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