OS CAÇA OVNI'S - capítulo 7
PACIÊNCIA DÁ ENJOO
Completamente empolgado com os supostos discos voadores relatados por Rodrigues, Ruben olhava para os amigos com uma expressão suplicante e carente, todavia, Edna não se convencia e ignorava a ideia de permanecerem ali.
- Se as aparições são tão constantes, por que só agora você nos chamou?
Ela perguntou ao fazendeiro, tendo este respondido:
- Bom... Porque isso aqui é tão comum e a gente já se acostumou tanto a ver essas coisas, que achamos que seria uma bobagem chamar vocês.
- É o que todo mundo pensa.
Falou Ruben, e finalmente João Paulo terminou o seu doce e se pondo de frente para o fazendeiro Rodrigues, apertou sua mão e disse:
- Diga à sua mulher que o doce estava uma delícia.
- Eu direi.
- Vamos, pessoal?
Mas Ruben puxou João Paulo pelo braço e disse:
- Nós vamos ficar. Quero ver esses tais discos voadores.
- Você tá brincando, não é?
Ralhou Edna, no que João Paulo quis acalmá-la, dizendo:
- Fica calma... Não sabe que Ruben adora balões? (riso).
- Mas eu já estou farta!
- Calma, meu amor, está ficando tão vermelha quanto os seus cabelos.
Edna realmente tinha os cabelos vermelhos, curtos e muito vermelhos.
- Vocês não vão se arrepender, mas se surpreender! Agora preciso ir buscar minha mulher e meus filhos na fazenda do meu compadre. Vocês se importam em me esperar aqui?
Disse o fazendeiro, e falou Ruben:
- Não, sem problemas. Pode ir. Enquanto isso, vamos preparar os equipamentos para essa noite.
- Ok. Ah, se sentirem fome é só pegar alguma coisa na geladeira ou na dispensa. Sintam-se à vontade!
- Obrigado.
Rodrigues saiu dali eram 17:00h e foi buscar a família. Dentro do carro, ele ligou de antemão para a esposa e disse:
- Oi, amor! Já estou chegando aí! Você não vai acreditar quem está lá em casa... Os Caça OVNI's!... Sim, eu sei que o Matheus vai adorar, foi por isso que eu dei um jeito de eles ficarem na fazenda essa noite toda!... Como eu consegui? Ah, você sabe, né? Quer atrair um grupo de jovens? Fale de produtos para acnes, mas se quer atrair os Caça OVNI's, fale de discos voadores no seu quintal!
Enquanto isso, na fazenda, os Caça OVNI's escolhiam o melhor lugar para instalar a câmera de pé para filmar o céu, porém, João Paulo era o único que não movia um dedo, ou melhor, movia, mas tão somente para escrever com o lápis na sua revista de palavras cruzadas.
- O que você está fazendo aí?
- Ah, oi, Ruben. Comprei essa revistinha de palavras cruzadas, pra passar o tempo.
- Que tempo?
- "É utilizado para proteger
roupas de traças."
- Humm... Já tentou "naftalina"?
- Já, mas fica sobrando uma letra, olha...
- Naftalina é com F mudo.
- A-ah... Eu já sabia.
Edna chegou até os dois e cruzando os braços, disse:
- Eu não acredito que enquanto estou me matando para pôr aquela maldita câmera no melhor ponto, vocês estão aí lendo revistas!
- Bem que eu disse ao João Paulo: cara, vamos lá ajudar a Edna!
- Vamos, levantem logo daí e me ajudem com isso!
Quando já eram 19:15 da noite e os Caça OVNI's já tinham tudo pronto e nada do fazendeiro chegar com a família, eles receberam uma ligação e era ele, José Rodrigues.
- Alô, Ruben?
- Oi, Rodrigues! Onde vocês estão?
- Pois é, Ruben, aconteceu um imprevisto aqui... Quando eu já íamos saindo e eu disse para o meu sogro que vocês estão aí na fazenda e ele disse "minha nossa!" eu pensei que ele tinha ficado surpreso, mas não foi isso, ele teve um ataque cardíaco e... Acabou falecendo.
- Minha nossa...
- Você também está morrendo?
- Não! Estou surpreso.
- Minha mulher está em choque aqui...
- Eu sinto muito... Muito mesmo.
- Ele já estava muito mal, nem saía da cama, meu compadre que cuidava dele. Bom, não sei se voltaremos hoje pr'aí... Mas meu filho Matheus tá aqui doido pra ver vocês, tadinho.
- Entendo... Mas, há problema se ficarmos para filmar um pouco?
- Claro que não! E talvez eu chegue aí de manhã, ou antes. Mas podem ficar o quanto quiserem!
- Obrigado! Ah, e mais uma vez, meus sentimentos.
- Obrigado.
Ruben desligou o celular e Edna perguntou:
- Era Rodrigues?
- Sim, e parece que ele não vai voltar tão cedo, o pai de sua mulher faleceu.
- Que tristeza! Sendo assim, já podemos ir embora?
- Não vamos embora até filmar o disco voador.
Edna fez bico e foi se sentar ao lado de João Paulo, num tronco de árvore. João Paulo continuava com sua revista e importunava Edna.
- "Caneta (em inglês)"? Vou pular essa.
As horas iam se passando e Ruben cansou de esperar, disse:
- João Paulo, liga a câmera, já são 22:30, vamos começar a filmar.
João Paulo foi ligar a câmera que estava de pé lá perto da entrada da fazenda, o melhor lugar que acharam para filmar o céu, e Edna e Ruben se esconderam por trás de um arbusto, só João Paulo ficou parado de pé ao lado da câmera, mas Ruben o chamou para junto deles.
- Por que temos que nos esconder?
Ele perguntou, e Ruben disse:
- Porque não queremos ser abduzidos, ou que a sua cara espante algum alienígena.
E com os olhos a todo momento fixos no céu de véu negro e saturado de estrelas, eles aguardavam qualquer sinal prodigioso, mas só o som da noite e os suspiros de tédio de João Paulo era o que podiam ouvir, e no céu nada mais que uma velha lua nova. Naquela quietude, João Paulo quebrou o sigilo e disse em bocejos:
- Ai ai... Estou morrendo de sono... Dormi muito mal essa noite. Ei, eu nem dormi essa noite! O que é que eu tô fazendo aqui mesmo?
- Dá pra calar essa boca? Estou tentando me concentrar!
Disse Ruben, observando o céu com um binóclio.
- Acha mesmo que vamos ver alguma coisa? Já faz meia hora que estamos aqui e nada acontece! Tá na cara que o fazendeiro inventou tudo aquilo.
- Se não está afim de colaborar, por que não volta lá pra dentro?
- Quer saber? É isso o que eu vou fazer!
João Paulo se pôs de pé e pegou sua revista de palavras cruzadas e uma arma, no que Ruben indagou:
- Aonde você pensa que vai com essa arma?
- Caçar bichinhos (riso). Fiquem aí ouvindo grilos, que eu vou me esquentar na lareira.
Edna sentiu uma imensa vontade de ir com João Paulo, mas Ruben a impediu e falou:
- Você vai ficar aqui, não é?
- Hhmm... Claro.
Continua...