Jack estripador - uma versão nunca vista.

Todos tentavam enxergar o que estava ocorrendo no beco escuro e fétido de uma das ruas mais imundas de Londres. O caos atingiu mais uma noite da sociedade londrina; para a nobreza, era um alivio que Londres estivesse sendo limpa de toda a escória, mas para as pobres mulheres...

— Quem é ela?

— Seu nome era Mary Jane Kelly, senhor. As amigas disseram que ela era irlandesa que teria aproximadamente 25 anos. Ela é a mais jovem até agora. — seu assistente relatou.

— O que falta dessa vez? — Melville Macnaghten olhou a John, seu assistente, com ar de exasperação. — Estou farto de ser acordado de madrugada para saber que mais uma vez ele nos passou a perna.

— Também estou farto. A autópsia comprova que quase todos os órgãos do abdome foram removidos, mas...— o assistente lhe entregou o papel com as informações sobre a morte da mulher.

Ele praguejou.

— Isso tem que parar. Ele nunca havia arrancado um coração antes, talvez esse não seja o Jack.

— Desculpe-me senhor, mas dessa vez não concordo com o senhor. O maldito sádico está apenas tentando chamar nossa atenção com mais essa barbárie. E a caligrafia na testa da mulher sem sombra de duvida é dele. A palavra JACK foi como sempre muito bem entalhada.

O tenente respirou exasperado.

— Terminemos logo com isso para que possamos voltar para nossas casas. — ele virou-se para o resto da equipe. — Recolham o corpo; evacuem o local; e o cerquem com uma fita para maiores averiguações amanhã.

— Sim, senhor. — gritaram em uníssono.

— Virá amanhã, senhor? — John lhe perguntou.

— Nem que encontrem ao maldito; amanhã irei encontrar minha bela noiva Jaqueline.

— Sua noiva sabe que se encontra com prostitutas, senhor? — John lhe sorriu malicioso, embora ele fosse seu chefe, eram amigos de longa data.

— É óbvio que não. Pelo que me tomas? Jaqueline é deliciosamente frágil, meu amigo. E se me encontro com prostitutas é para o bem da mesma. Quando deitar-me, com ela, não estarei tão afoito em nosso leito.

— Senhor... — John hesitou, olhou em volta para garantir que ninguém lhes observava.

— O que há John? Cuspa para fora o que for que esteja lhe perturbando.

— Esta mulher, assim como todas as outras se deitaram com o senhor, verdade?

Os olhos de Melville dilataram-se e suas narinas inflamaram. Rapidamente ele tampou a boca de seu assistente e o arrastou para um outro beco próximo do qual havia o corrido o assassinato.

— Que merda pensa que está falando? — ele cuspiu tentando a todo o momento manter a calma. — Onde ouviu tal idiotice?

— Sei o que sei, pois interroguei as outras prostitutas. Todas disseram que o senhor estava envolvido com as meninas mortas. Disseram que as visitou uma ou duas vezes.

Melville passou as mãos pelo cabelo claramente nervoso com a descoberta de seu assistente.

— Eu apenas dormi com elas, não as matei se é isso o que pensas.

— Não pensaria jamais isso, senhor, mas talvez essas mulheres estejam morrendo por que esse maldito psicótico esteja atrás de todas as mulheres que o senhor durma.

— Acha que não pensei nisso? Mas não posso criar um escândalo colocando isso no relatório. Se Jaqueline descobrir, estarei tão morto quanto essas prostitutas. O pai dela é amigo do Rei da Inglaterra, sabe o que isso acarretaria.

— Então não as veja mais, talvez as mortes acabem.

— Esta foi a ultima com a qual dormi, não sei o porquê de matá-la agora, faz duas semanas que dormi com esta garota.

— Seja como for, não tenha mais casos com essas prostitutas. Apresse o seu casamento com Jaqueline, talvez quem esteja matando essas prostitutas seja alguém a mando do pai dela. Já pensou nisso?

— Não, mas pode ser a resposta para tudo. Ficarei de olho em meu futuro sogro, e de quebra passarei mais algum tempo com Jaqueline.

— Faça isso, senhor. Tire uma semana de folga, tomaremos conta de tudo, direi no departamento que o senhor está investigando as escondidas.

— Não sei o que faria sem você, meu caro John. É como se fosse um filho para mim.

John inclinou-se em uma reverencia e lhe tirou chapéu. Andou para onde os outros homens estavam e deixou que Melville fosse embora. Mal sabia Melville o quão perto estava da verdade.

***

Na noite seguinte Melville foi há um baile na casa da família de Jaqueline; sua noiva estava parecendo mais um anjo com aquele vestido azul marinho que acentuava o ruivo de seus cabelos. Ela era uma visão a ser contemplada, mas apenas por ele, é claro. Os imbecis da alta sociedade dariam um braço inteiro para tê-la para eles, mas ela não queria a nenhum, exceto ele. Ele era oito anos mais velho que ela, por isso desde que tinha vinte dois anos e trabalhava com pai dela; que era o antigo tenente do departamento de policia; ele via nos olhos dela a adoração por ele, então quando ela fez finalmente dezoito anos e ele a pediu em casamento. Ela aceitou no ato, e implorou ao pai que a deixasse casar com ele.

— Um beijo pelos seus pensamentos. — ele não a viu chegar, seu sussurro em sua orelha lhe trouxe um sopro de seu hálito quente em sua nuca que o arrepiou, ela sabia andar despercebida, mesmo com sua beleza e sempre o surpreendia. Gostava disso nela.

— Estava pensando em o quão bonita está essa noite, Milady Jaqueline. — sussurrou de volta.

— Seriamente? — ela inclinou a cabeça de lado e sorriu. — Talvez o senhor queira receber seu pagamento em lugar mais reservado. — ela sussurrou, então andou para longe esperando que ele a seguisse.

“O inferno que ele não a seguiria”.

Se fosse um cachorro ele poderia estar babando e abanando um rabo agora mesmo enquanto a seguia para fora do salão de festas. Olhou em volta e não a achou, continuou andando pelo corredor até que foi puxado para dentro de uma das portas por uma mão.

— Estou com tanta saudade. — ela sussurrou entre seus lábios, enquanto arrastava seus lábios carnudos e vermelhos em sua boca masculina. — Por que não me veio ver mais cedo?

— Estava ocupado amor, mas não se preocupe, estou aqui agora. Tirei a semana inteira de folga e virei visitá-la todos os dias.

Eles estavam na biblioteca. Ele se afastou dela e trancou a porta; garantindo que ninguém veria o interlúdio amoroso dos dois. Então abraçou sua noiva pela cintura e a levou até o sofá que estava no meio do cômodo. Pressionou-lhe o corpo contra o estofado enquanto a beijava ferozmente. Suas mãos vagaram pelo corpo cheio de curvas de Jaqueline enquanto descobria-lhe o seio.

— Você é tão formosa. — ele se apossou do mamilo rosa que lhe parecia um doce melhor que o morango, contornou-o com a língua e a fez inflamar.

— Amo-te, Melville. Desde o primeiro momento que o vi, sonhei que fizesse isso em meu corpo. Que me amasse. — Jaqueline afundou sua mão em seus cabelos pressionando seu rosto em seus seios.

— Se seu pai nos visse agora tenho certeza que me mataria, mas não vejo forma melhor de morrer do que entre seus braços. Seu pequeno broto está molhado com minha saliva e vermelho por eu ter me aproveitado dele. Sabe o quão gostoso ele é? Eu poderia sugá-lo por dias a fim. — ele voltou à lenta tortura que sua boca provocava sobre seu corpo.

— Deus! Oh, Deus! Eu te amo tanto, Melville. Venha depois que a festa acabar; eu deixarei a janela de meu quarto aberto. — ela o abraçou mais forte que pode.

— Não posso amor, nosso casamento está próximo, então estaremos juntos para sempre. Se seu pai me pegar em seu quarto...

Jaqueline o empurrou com força fazendo-o cair no chão. Ela ficou furiosa com sua negativa. Ela sempre o convidava para visitar seu quarto de madrugada, mas ele sempre a rejeitava.

— Ele só lhe faria adiantar o casamento e como foi você que pediu minha mão, eu imaginava que você não se importaria em nos casar mais rápido.

— Jaqueline... — Melville levantou e tentou se aproximar dela, mas ela se afastou.

— Não diga uma maldita palavra. Se não quiser casar comigo, eu resolvo isso para você. Irei procurar um homem que me queira.

— Não fale besteiras, Jaqueline. Claro que eu a amo e quero me casar com você, mas não quero tirar sua virgindade antes do casamento.

— Enquanto isso você pode continuar dormir com suas prostitutas. — ela se afastou em direção a porta.

E ele a agarrou antes que ela tivesse chance de sair.

— De onde você tirou isso? — ele apertou seus braços com força.

— Você pensa que sou algum tipo de parva? Não sou burra, meu senhor. Sei que os homens têm casos com essas criaturas profanas, antes e depois de seus casamentos. Agora, solte-me, pois está me machucando.

Ele suspirou aliviado. Ela não sabia nada sobre as prostitutas realmente, ela apenas estava assumindo que ele tinha casos com prostitutas.

— Escute querida, eu nunca trairia você. Eu amo você. Posso garantir que não durmo com ninguém. — ele a abraçou e foi abraçado de volta por ela, que deixou algumas lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Você jura? — ela sussurrou.

— Sim, não há nenhuma outra mulher que eu queira que não seja você. Se eu não a tomo e a faço minha agora mesmo, é por respeito a seu pai. — ele era um mentiroso filho de uma meretriz, mas nunca ele falaria a verdade para ela.

— Oh, Melville, eu te amo tanto. Desculpe-me por agir como uma... não importa. Eu só quero que você me perdoe.

— Eu te perdoo. Amanha mesmo falarei com seu pai, quero que nos casemos mês que vem.

— Oh, obrigada.

— Agora, venha comigo. Voltaremos para festa e esqueceremos isso.

— Tudo bem.

***

— Estou com tanta saudade. — a mulher abraçou seu acompanhante e o beijou.

Rapidamente os dois estavam em um emaranhado de panos nos quais os dois entrelaçavam seus corpos. Ele beijou sua pele cálida e deixou que seus dedos acariciassem seus mamilos. A feminilidade dela pulsou ao envolver o membro inchado dele com todo o vigor de sua juventude. Ela o tinha em suas mãos e embora se deitasse com ele, ela não o amava.

Quando em fim seus corpos estavam saciados, ele a abraçou mantendo-a colada a seu corpo.

— Isso tem que parar. — ele sussurrou, ela tentou lhe tampar os lábios, mas ele a afastou. — Estou falando sério.

— Não.

— Por que não?

— Por que não. Você sabe o que ele fez para mim. O que ele fez para você.

— Mas não quero que mais inocentes morram... — ela tampou seus lábios com o dedo.

— Elas não eram inocentes, eram prostitutas.

— Mas não fizeram nada para merecer isso.

— Só mais uma... então pararemos. Ele merece sofrer...

***

Melville prometeu a si mesmo que não voltaria para aquele bordel clandestino no qual se encontrava com as mulheres de vida fácil, mas era mais forte que ele. Estava literalmente subindo pelas paredes e precisava saciar suas necessidades masculinas.

Hoje seria a bela ruiva que era ainda mais jovem do que a ultima e como bônus, ainda lhe lembrava sua noiva. Estava muito excitado com esse pensamento, e imaginou que era a sua bela Jaqueline em seus braços, enquanto investia forte e duro no corpo da prostituta. Mas como sempre acontecia ele apertou o pescoço da jovem Annabelle, até que esta estava lhe estapeando para que a soltasse.

Ele a soltou antes que a matasse quando se satisfez. Ele não era o bastardo do assassino em serie. Ele não matava as prostitutas, mas gostava de simular isso. Por isso dormia com elas, para evitar fazer isso com Jaqueline. A moça não abriu a boca nenhuma vez sequer para reclamar, estava assustada, mas sem sombra de dúvidas acostumada a ser maltratada por seus clientes.

— Tome seu dinheiro. — ele jogou um maço de notas sobre seus seios nus e saiu porta a fora do pequeno quartinho do beco. Mal havia dado alguns passos em direção a rua quando ouviu o grito de Annabelle.

“O maldito está aqui”; pensou ele. Melville arrombou a porta para encontra a mulher já morta na cama. Sangue para todos os lados, mas dessa vez o cenário era diferente. Havia uma figura encapuzada que não se mexia apenas ficou com rosto abaixado, para esconder-se dele.

— Finalmente te encontrei, Jack. Estava louco atrás de você.

Tudo aconteceu muito rápido. Jack avançou em direção a porta, mas Melville o empurrou contra a parede e lhe puxou a capa. Melville caiu para trás com a descoberta. Sua face empalideceu e seu coração parecia ter deixado seu corpo. Não acreditava no que estava vendo.

— Jaqueline? O que foi que você fez? — perguntou estarrecido.

— O que eu fiz? Foi o que você fez. Você me traiu! Inúmeras vezes. Com essas criaturas asquerosas e cheias de doenças. Você jurou que me amava! — ela gritou.

— Eu amo você. Mas...

— Não quero saber de mais nada. Não quero mais você. Essas prostitutas pagaram pela sua traição. Agora é sua vez de pagar.

Ele se enfureceu de repente. Ela o enganara e havia feito de sua vida um inferno.

— Cala essa boca sua vagabunda. — ele tentou avançar para cima dela.

Mal ele deu dois passos quando sentiu a apunhalada em suas costas. Seu corpo caiu no chão enquanto ele sangrava até estar quase vazio.

Ele olhou para trás e viu John parado ali na porta com a faca suja de sangue.

— Por quê? — ele sussurrou em seus últimos fôlegos.

Jaqueline se abaixou ao seu lado e lhe sussurrou ao seu ouvido.

— Por que ele é seu filho e você e o renegou. Deixou-o ser criado por uma prostituta abusiva que o maltratava. — ele arregalou os olhos e a olhou impotente estava sem forças. — Eu venho dormindo com ele há semanas como vingança pelo que você fez. Você me traiu Melville. Nunca se trai uma mulher. E por isso você vai pagar. Eu, Jaqueline Blanchard, lhe declaro: culpado!

Jaqueline cravou a faca que usou em suas outras vitimas em seu coração com toda a força, emitindo um grito de vitória. Puxou a faca arrancando o coração de seu peito e rasgou suas roupas. Escreveu em grandes letras entalhadas com todo o capricho feminino.

JACK, O ESTRIPADOR.

“Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada."

William Congreve

Larissa Marchette
Enviado por Larissa Marchette em 12/03/2016
Código do texto: T5571616
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