A MULHER MAIS LINDA E MAIS CARA DA CIDADE

Eu já contei essa história com outros detalhes...

Meu trabalho me transferiu para uma certa capital do Brasil, mas nessa cidade eu não tinha nenhum conhecido, salvo um grande colega do passado, que se exonerou para ingressar no mundo dos negócios; os negócios milionários. Lembrei desse ex-colega e liguei para pedir-lhe o favor de encontrar um imóvel para me abrigar; e ele, generoso e agradável, indicou um certo imóvel que lhe pertencia; e que ficava numa parte poética da cidade, com excelente vista...

Aceitei a indicação e no meu primeiro dia, esse ex-colega me apresentou uma “fulana” que morava no único duplex do edifício. Um belíssimo e caro apartamento, que abrigava uma das mulheres mais lindas e sensuais que já conheci.... Essa fulana, na época em que eu tinha vinte e poucos anos (quase trinta), devia ser três ou quatro anos mais nova que eu; e me disse que era funcionária do banco Bilbao Vizcaya. Pelo apartamento que morava, no mínimo deveria ser diretora do banco, porque em dias de hoje, se fosse alugado, deveria custar algo em torno de R$ 6.000,00 por mês, no mínimo...

Cheguei do trabalho num final de tarde e encontrei a “fulana” no corredor. Linda, maravilhosamente vestida como uma executiva; óculos alinhado na face, perfume fatal na pele; e um sorriso atraente na boca, me disse “ um boa tarde” tão gostoso e sincero que me permitiu convidá-la para um jantar; um jantar que eu fiz questão de produzir em meu apartamento; e que foi aceito imediatamente por ela...

No resumo da ópera, ficamos juntos sem a promessa de sermos mais próximos. Curtimos um momento só nosso, cheio de circunstâncias carinhosas que determinaram três ou quatro encontros depois daquela noite. Nos comportamos como dois adultos maduros que não podiam exigir nada mais além do prazer gerado quando nós dois queríamos que fôssemos um do outro; e nada mais...

Certo dia, viajando para a sede do local onde trabalho, ao meu lado, na poltrona do velho Boeing da VASP, um cavalheiro um pouco mais velho que eu, vestido em fino paletó, puxou conversa; e logo descobrimos que trabalhávamos em áreas análogas; e quando falei de onde eu era e onde morava, ele me disse que adorava o lugar onde eu morava; e depois de poucos minutos, já estávamos falando de locais comuns em que nós dois identificávamos como os melhores lugares daquela cidade...

Ele me perguntou o nome do bairro onde eu estava morando e quando eu lhe falei, aquele cavalheiro me disse que no meu bairro morava a prostituta mais linda e cara da cidade; e quando passou a descreve-la, logo percebi que se tratava dela, a fulana charmosa e linda que morava no duplex do mesmo prédio que eu; a mesma que aceitou ser minha companhia, mais que agradável, por sinal...!

Não era um problema para mim, saber que ela, a fulana linda, era ou não uma prostituta. Nada que eu fiquei sabendo a faria ficar feia ou deselegante, mas aquela história que eu ouvi, por mais que fizesse sentido, havia um lado em mim que duvidava...

Esse cavalheiro desceu na mesma cidade que eu; e antes de nos despedir, ele me deu o telefone daquela que ele diz ser a prostituta mais linda e cara da cidade. O nome era diferente do que eu havia sido apresentado; e eu não tinha seu número de contato...

Voltei a minha cidade alguns dias depois; e fiz questão de encontrá-la no terraço do prédio, num bar temático cubano. Sentamos a mesma mesa, pedimos dois mojitos e um suflê de camarão; e então lhe falei de minha pretensão de abrir uma conta em seu banco; e a minha “fulana” me deu seu cartão; pediu para que eu a procurasse. No seu cartão, apenas seu nome, que não era o mesmo que o cavalheiro me disse antes de descer do avião...

Por menos que importasse a real história daquela fulana, eu queria saber a verdade; e num dia sem nada para fazer, liguei para o número dado pelo cavalheiro; e atendeu ela, a voz mais linda que já ouvi ao telefone. Ela me perguntou por meu nome e eu lhe respondi o meu sobrenome. Ela arguiu quem havia dado seu número; e eu disse que era alguém de certa cidade importante do Brasil; e a voz me disse que poderia me atender, se fosse num local “X”, ao custo de “Y”. Aceitei e marquei de ir ao local indicado; e quando cheguei lá, na hora “H”, ela, a dona da voz surgiu por trás de mim; e antes de eu vê-la, tocou meu ombro e disse: - Eu sabia que era você; e vim para te dizer que você (no caso, eu), eu encontro e fico, mas não cobro nada!

Nossas vidas não mudaram em nada, mas depois daquele dia, eu e a minha fulana, passamos a encontrar mais vezes, sempre no meu apartamento, para jantar as coisinhas que eu organizava; beber vinhos agradáveis para brindarmos a vida; uma vida que raramente retroage e que sempre está a nos provar que nunca saberemos de tudo...

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 06/03/2016
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