MATILDE E AS VOZES
... Não aguento mais, estas vozes em meu ouvido.
As vezes penso, que se atender seu pedido, vou me libertar e me deixarão em paz. A ideia fixa está me levando a loucura, Joanetesson, Joanetesson, Joanetesson, este nome não me sai da cabeça.
Como se mata um Joanetesson? Com uma lixadeira? hahaha, meu Deus hoje estou infernal. Sempre que o vejo, imagino um pé gigante, com um nariz enorme saindo pelo hálux valgo.
Algumas semanas depois.
Tudo planejado, esta tudo aqui, mas vou repassar:
corda, pá, tesourão, faca bem afiada, picareta.
Será muito rápido, e deve ser o mais limpo possível, disse ela a Tenório.
Tenório, já acostumado com o serviço, afinal de contas já fez isso centenas de vezes, é muito conhecido no bairro por ter um serviço limpo e rápido.
_ Pra quando a senhora quer? Perguntou Tenório.
_ O mais rápido possível, não suporto mais eles falarem dele. Vomitou ela cheia de raiva.
_ Ta certo. Quinta-feira então?
_ Ótimo.
Quinta-feira, Matilde liga para Joanetesson.
_ Alo, quem fala?
_ Joanetesson, aqui é Matilde, como você está?
_ Não muito bem, comi uma buchada de bode ontem, e acho que vou virar do avesso tantas as vezes que fui a "casinha"
_ Nossa, não precisava ser tão honesto. Affff bufou Matilde.
_ Desculpe, achei que gostaria de saber, quando perguntou.
_ Desculpe-me pela grosseria, queria saber se poderia vir aqui em casa, hoje a tarde pois preciso da sua opinião,
_ Hoje não vai dar, preciso desligar, me desculpe.
Tu tu tu tu.
_ Alô, Alô, aloooooooooooooooooooooooooooooo.
Não acredito nisso. Que dia este "pesão" escolheu para ter caganeira.
Automaticamente ela ligou para Tenório.
_ Alô, seu Tenório?
_ Sim, quem ta falando ai?
_ Matilde.
_ Ahhhh, já estou indo para ai.
_ Houve um imprevisto, não poderá ser hoje.
_ Uaiiii, tá bão.
_ Quando você vai poder vir?
_ Hum, amanhã já tenho outro serviço, agora só na próxima terça.
_ Ok. Estamos combinado.
Na próxima terça. Matilde liga para Joanetesson.
Ele confirma sua presença, e ela esta excitada, pois agora as vozes vão parar.
Joanetesson adentra a sala, Matilde está sentada no sofá, com um copo na mão e um olhar de prazer nos olhos.
_ Chegou bem na hora, "pésaaaaa" quero dizer Joanetesson.
_ Sempre fui pontual, Senhora.
_ Bom, muito bom isso. hahahahaa. Desculpe.
Joanetesson estranhou a risada de bruxa.
_ Venha Querido, vamos ao local.
_ Vamos.
Os dois saem pela porta da frente.
De repente, Joanetesson vê um vulto saindo de trás de um arbusto.
_ Tenório? Que susto.
_ Sim responde Matilde, pra você querido, apenas o melhor.
_ Ta bão madame, onde vai querer que faça o serviço?
_ O que você acha Joanetesson, em que lugar?
_ Joanetesson confuso, pensa, aponta
Tenório dá uma "pasada" Paaaaaaa.
Joanetesson grita, nãoooooooooooooooooooooooooooooo, e cai de joelho.
Tenório olha para a madame e diz:
_ Nunca tinha visto alguém reagir assim.
_ A madame atônita com o grito, fica perplexa, sem tirar os olhos de Joanetesson.
_ Tenório olha mais vez para Joanetesson, levanta mais uma vez a pá e antes de descê-la, pergunta?
_ Joanetesson, quer parar de frescura e dizer logo onde vamos plantar estas palmeiras, tenho muito que fazer. Você é o paisagista mais chato para se trabalhar.
_ Joanetesson se levanta do chão, tira a poeira de sua calça quadriculada em preto e branco, recompõe-se ajeitando o lenço amarelo amarrado ao pescoço e diz.
_ Você é um bruto, fique sabendo que esta grama onde o senhor enfiou sua pá, nunca mais será a mesma. Grosseirão.
Algumas horas depois, com todo jardim repaginado, senhora Matilde, sentada a mesa branca no Jardim, com Joanetesson diz satisfeita:
_ Você tem o Dom, aplausos a você, Querido.
_ Modestia a parte, sou mesmo bom no que faço. E aquelas vozes que você ouvia querida, mudarão o discurso e celebrarão seu lindo jardim doravante.
Eu já não aguentava mais Joanetesson.
_ Eu sei mademe, eu sei.
_ Posso lhe fazer uma pergunta pessoal? Diz Matilde:
_ Claro Querida.
_ Pelo amor de Deus, qual a origem deste seu nome.
_ Papai... Ele era podofilo.