A Lei Ninja: A Espada Trovão

" Não temerei nem que sejam 10.000 mudanças "

 

Uma semana havia se passado desde o atentado que derrubara Jenna e Amaya na serra. Ambas estavam sob os cuidados de um homem desconhecido que as encontrara caídas na mata.

 

Jenna permanecia inconsciente, assombrada por pesadelos que envolviam Tokuno e os segredos sombrios de seu passado. Amaya, embora ferida, estava em melhor estado e já havia despertado.

 

Amaya abriu os olhos devagar, sentindo o corpo pesado, mas sua mente alerta.

 

— Onde... onde estamos? Quem está aí?

 

Horas mais tarde, Jenna despertou com gemidos de dor, atraindo a atenção do homem que cuidava delas. Ele entrou no quarto com passos firmes e uma expressão serena.

 

— Acalme-se, menina. Você precisa descansar para recuperar sua força.

 

— Que... lugar... é este? — Jenna murmurou com dificuldade.

 

— Não se esforce agora. Assim que estiver melhor, poderá fazer todas as perguntas que desejar.

 

Enquanto ele falava, seus olhos a analisavam com cuidado, como se buscasse confirmar algo. "Não há dúvida, é ela," pensou o homem, sem deixar transparecer sua inquietação.

 

Pela noite, já se sentindo um pouco melhor, Jenna tentou se levantar. Apesar da dor, conseguiu alcançar o homem, que estava sentado em uma cadeira simples, lendo à luz de uma lamparina.

 

— Está melhor, menina? — perguntou ele, sem levantar os olhos do livro.

 

— Estou... mas ainda confusa. Como cheguei aqui? E o que aconteceu?

 

Ele fechou o livro com calma antes de responder.

 

— Eu a encontrei desacordada na mata, junto com outra pessoa. Ambas estavam em péssimo estado.

 

— Amaya? Então ela está viva!

 

— Sim, ela está. Mas antes de continuar, há algo que preciso lhe perguntar. Você é uma kunoichi, não é?

 

Jenna recuou instintivamente, o olhar desconfiado.

 

— Como sabe disso? Quem é você?

 

Ele se levantou devagar, com uma postura que transmitia autoridade.

 

— Meu nome é Luiz Enrico. Sou o guardião desta região... e também o homem que treinou a mestra de sua mentora.

 

Antes que Jenna pudesse processar aquelas palavras, Amaya entrou no recinto, ainda mancando levemente, mas com o rosto determinado.

 

— Mestre... é um prazer revê-lo.

 

Ele sorriu, com um misto de orgulho e saudade.

 

— Pequena Amaya, você cresceu. E vejo que encontrou uma pupila que não desiste facilmente.

 

— Essa é Jenna, minha discípula. — Amaya fez uma pausa, olhando para Jenna com um misto de preocupação e alívio. — Ela estava perseguindo o Arauto quando foi descoberta. Eu tentei ajudá-la, mas... acabamos caindo na armadilha deles.

 

O olhar de Luiz Enrico ficou mais sério.

 

— Então, o Arauto está agindo novamente... Parece que seu destino, Jenna, está mais entrelaçado com o deles do que você imagina.

 

- Como assim?

 

- O Arauto foi um dos homens de preto, que quis seguir seus próprios ideais mas de forma discreta, mas foi banido.

 

- De novo eles. Pensei que tivesse acabado.

 

- Ele é ardiloso, faz todo tipo de trabalho sujo e tem seus próprios capangas que fazem tudo por ele, mas não se engane ele mais perigoso do que pensa.

 

- Por isso tenho que impedi-lo, mas acabei falhando e quase custou minha vida e de Amaya.

 

- Você precisa se tornar mais forte e mais rápida que ele. Arauto tem olhos em todos os lugares.

 

- O senhor é o mestre de Amaya, poderia me ajudar?

 

- Eu sou só um homem que segue longe dos holofotes, estou procurando desenvolver meu lado espiritual.

 

- Por favor, Enrico-Sensei!! Minha mestra sempre me disse que é dever de um mestre zelar pelo seu discípulo, principalmente quando ele está em momentos delicados.

 

Aquelas palavras de alguma forma tocou Luiz Enrico.

 

- Jenna? Amaya?

 

- Sim! - disseram elas.

 

- Sigam-me ...

 

Ele levantou de sua cadeira e foi em direção aos fundos da casa adentrando no quintal que dava para mata, elas o seguiram. Chegaram em um ponto onde tinha uma passagem secreta que dava para outra lado e ao passarem por lá, chegaram em um campo aberto que tinha uma montanha ao fundo, como se aquele lugar fosse um outro lugar jamais pensado em existir por aquela redondeza.

 

- Gente que lugar incrível é esse... - disse Jenna.

 

- Nem eu conhecia aqui. - disse Amaya.

 

- Viram?! Deixa eu dizer uma coisa, o que conseguimos ver se chama "Omote", o que não se consegue ver se chama " Ura ". Muitas vezes, nem tudo o que parece é, esse é o que nós Ninjas temos de especial. As pessoas vêem vocês sorrindo e não sabem o que se passa por dentro. É a melhor forma de explicar isso, então deixem que enxerguem o Omote de vocês.

 

- Incrível.

 

- Os três maiores tesouros que temos é a Respiração, o Coração e a Mente, se tivermos isso bem sincronizados, teremos um olhar totalmente diferente.

 

- Agora eu vejo que tenho muita coisa para aprender - Disse Jenna.

 

- Todos os dias eu aprendo com cada coisa, vamos fazer o seguinte. Vamos treinar nossa respiração ao pé daquela cachoeira, depois começaremos o treino.

 

E assim foi Luiz Enrico ensinou os maiores segredos de combate corporal, armas e o melhor ele deixou para o final. Elas ficaram treinando com ele durante 3 meses.

 

Ao final do último treino, Luiz Enrico pegou sua Iai ( Espada de Aço) sem corte e pediu a elas que o atacasse com todas as forças.

 

- Não tenham pena de mim .

 

- Não teremos, pode ter certeza! - disse Jenna.

 

Ao atacarem com tudo, ele foi em suas direções, contratacando de forma sublime e agressiva ao mesmo tempo, a ponto delas caírem sem ter visto o que aconteceu.

 

- Ele está em outro nível, não vi nem sombra dele.

 

- Isso se chama battojutsu, o saque relâmpago que ao realizar, você ataca ferozmente.

 

- Não é atoa, que ele é conhecido como "A ESPADA TROVÃO." - disse Amaya.

 

- Espada Trovão?? - perguntou Jenna.

 

- Foi o título dado pelo seu mestre ao se tornar um Shodan.

 

Luiz Enrico embanhou a espada novamente em seu Saya e virou olhando para elas.

 

- Venham, vamos sentar aqui próximo a pedra.

 

- Sim.

 

- Isso foi resultado de anos de treino, mas o que me deu habilidade é a minha percepção e é o que desejo que desenvolvam. Vocês estão em ótimos níveis mas precisam desenvolver o espírito de guerreiro que habita no interior de vocês.

 

- Agora entendo o porquê do senhor não se envolver.

 

- É por isso que vocês precisavam ter essa noção. E outra coisa, há um estado máximo que nem eu consegui chegar ainda.

 

- E que estágio é esse?

 

- É o Ninpou. Esse é o estágio que ao ser atingido, vai além do que se pode imaginar. É como se chegasse ao topo Monte Fuji e o Ninpou são aquelas nuvens que se formam acima dele.

 

- Kami - Sama do céu... - disse Jenna.

 

- Por hoje é isso. Vamos entrar.

 

E assim foi, com o passar dos dias, elas conseguiram compreender mais sua essência e o que a arte em si mostra.

Até que pela manhã seria o último treino delas mas antes Luiz revelou algo a elas e em especial a Jenna:

 

- Há algo que você precisa saber, Jenna. Algo que não pude me enganar assim que te vi.

 

- O que será, mestre?

 

- Eu não sou guardião dessa região por acaso. Isso foi uma missão dada a mim , a espada Trovão, pelo meu mestre.

 

- Fale logo estou curiosa.

 

- Não fique, mas é hora de saber. Há uma família muito antiga, espalhada pelo Brasil inteiro e mais precisamente aqui no Rio de Janeiro, com o tempo eles foram perdendo as forças mas seu sangue prevalece mesmo que quase extintos, e eles tem a função de proteger essa cidade, assim como o país secretamente.

 

- Outra vez essas famílias que controlam o mundo, não aguento mais isto.

 

- Esses não tem envolvimento com  que mencionou. Pelo menos não mais nos dias de hoje, eles são Os Orleans e Bragança, a Família Imperial.

 

- O que?!

 

- Isso mesmo... E você é da linhagem dessa família.

 

Aquilo foi de uma confusão enorme para Jenna, muita coisa não fazia sentido, quem realmente ela era e porque só agora veio a tona isso.

 

- Mas porque fizeram isso comigo, eu sou uma pessoa normal uma simples fotógrafa. Não tenho nada com isso.

 

- Essa é a verdade, e por ironia do destino você veio até mim, eu como guardião dessa história achei que ia morrer sem te encontrar.

 

- E eles, porque me abandonaram?

 

- O jeito de manter o legado da família era deixando você de fora da conspiração que estava por vir, onde houve derramamento de sangue por um familiar que traiu quase colocando todos a fogo. As Famílias que controlam o mundo, todas se uniram para destruir os Orleans e Bragança. Mas eles conseguiram se acertarem mas para não acontecer nenhum conflito, eles teriam que ficar quietos diante de tudo que acontecer no mundo e se ocultar e adotarem outro tipo de vida mas secretamente controlam o país.

 

Continuou Luiz:

 

- Agora é onde entra você, seus pais fizeram de tudo para te proteger e a deixaram aos cuidados de um homem em Cerquilho, mas os homens de preto descobriram seu paradeiro e o resto já sabe, suas fugas. Tudo isso eu monitorei secretamente até chegar os dias de hoje.

 

- Estou sem chão e quem era esse membro?

 

- Hoje ele adota o nome de Ian Fachin, mais conhecido como " Arauto".

 

Aquilo foi como uma bomba pra Jenna como o homem que ela esteve diante dela era um Manipulador cruel.

 

- Ele era só um adolescente e como muita visão e vigor mas acredito que sua ganância o corrompeu.

 

- Agora mais do que nunca vou deter esse homem.

 

- Jenna, vou te dizer algo que meu mestre superior disse uma vez, se te provocarem ignore, se te perseguirem fuja e se te encurralar mate! O que você aprendeu de mim e de Amaya, foi de coração para coração, não jogue isso fora, o que fará em relação ao que descobriu é você que decide mas escute seu interior.

 

- Muito obrigado, mestre... Eu vou partir amanhã e tomar um rumo em minha vida.

 

- Deixo eu em suas mãos Jenna - disse Luiz. Eu vou me recolher e continuar aqui minha caminhada espiritual.

 

- Certo.

 

- Eu também deixo contigo, Jenna - disse Amaya. Após descobrir quem era, minha missão era te treinar para combater seus demônios interior e seu passado, voltarei ao Japão.

 

- Mestra....

 

- Se cuida, criança...

 

No dia seguinte ela se despediu de todos seguiu seu rumo mas antes Luiz disse para ela:

 

- Eu sei que talvez não queira mas , acima dessa serra dará em direção a Petrópolis onde alguns de seus familiares ainda residem, tem outro lugar que talvez te interessa é Vassouras. Alguns se encontram por lá também.

 

- Pensarei a respeito, mas mesmo assim, obrigada por tudo.

 

Luiz tinha uma moto que não usava mais e deu de presente a ela que seguiu seu caminho. Ao sair ele pegou um pombo mensageiro com algo presente e soltou para um destino.

 

 

Continua.....

 

Cavaleiro Menestrel
Enviado por Cavaleiro Menestrel em 02/01/2025
Reeditado em 15/04/2025
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