*O vôo 3316 Guarulhos/Fortaleza 01/01/2025*
Criança eu era sem muita perspectiva no interior de Amontada, Itaburuna ou Taburuna.
As aves voavam livremente do beija-flor a ave de rapina. Na ventania voavam as folhas secas e penas de quem já tinha perdido a vida.
Os aviões passavam sobre nós a quilômetros de distância ou de altura, hoje sei que era entre 11 e 12 mil metros de alto. O som não dava pra ouvir, somente a noite era possível contemplar seus vôos pelo piscar de suas luzes luminosas.
De dia era possível perceber quando o rastro de fumaça riscavam o espaço. Meu avô dizia que era porque no espaço estava sem ar no momento daquele vôo. Sem ar significava sem ventos no espaço e a fumaça do combustível desenhava duas linhas retas no céu. Para meu avô era sinal de chuva. O vento parado no espaço indicava que ia chover. Esse fenômeno acontecia, coincidentemente, com a época de chuva no Ceará.
Pensar em voar nunca pensei na meninice, mas, uma coisa me ocorria: sonhava voando no espaço sem auxílio de avião. Sem asas. Simplesmente me elevava do chão e saia voando rasteiro. Era uma sensação deliciosa. Pelo menos em sonhos sentia a sensação dos pássaros.
O ano inicia hoje e turbulência nesta ocasião mostra a instabilidade da aeronave no ar. É como se passássemos em uma estrada esburacada em um automóvel.
Medo de cair, não exatamente, porém, a possibilidade é real e passível. Deus deu ao homem sabedoria suficiente para dela se aproveitar e criar coisas favoráveis. Graças ao saberes do homem o mundo ficou menor e as distâncias mais curtas.
Meu avô, João Matias Teixeira, acordava a noite e levantava para observar o espaço. Principalmente na época das chuvas. Olhar o tempo a noite e observar o comportamento da lua, das estrelas e das nuvens. Dessas observações fazia suas previsões meteorológicas e quase sempre acertava ao indicar que choveria em breve ou agora.
Em uma dessas noites, levantei-me para aliviar a bexiga, não havia banheiro em casa. As necessidades fisiológicas eram realizadas a céu aberto e se de dia dentro das árvores que nos escondia das outras visões. E enquanto aliviava a bexiga, em uma noite fria de lua cheia na altura de 45 graus, contemplei, pela primeira vez, o arco íris lunar. Um fenômeno não raro. Raro de ser visto, pois muitos dormem a noite. E me encantei com o fenômeno, pois não sabia que existisse.
O arco é visto sempre em 180 graus. É como se fora projetado neste formato em toda as partes do mundo ele é assim.
Depois das águas do dilúvio, Deus o colocou nas nuvens e o deixou como uma aliança com o homem de que o arco do Senhor seria um sinal de que o mundo não mais acabaria com água. Os cristãos acreditam nesta promessa. A física explica este fenômeno cientificamente e se distancia da argumentação religiosa. Seja como for, o arco colorido de Deus estará sempre nas nuvens.
Hoje, acima da terra 12 mil metros, olho para baixo e vejo o arco em forma anelar. Devido a distância das nuvens abaixo do avião, vejo-o circular no tamanho de um pires. Diante disto se conclui que depende do ângulo de visão para que se veja o arco completo ou somente a metade ou ainda em um terço do círculo.
Alçando vôo neste primeiro de janeiro em retorno para casa, desejo que as pessoas tenham a capacidade de voar neste ano, a partir de hoje, e voem muito alto e o mais rápido possível.
O trabalho é o melhor espaço para se alçar vôos. A determinação e a coragem são as asas da aeronave que tornará o vôo possível.
Todos vêem as nuvens de baixo pra cima, poucos as vêem no sentido contrário, mas os que sonham em voar e acreditam podem ver as nuvens abaixo de si, podem passear dentro delas e perceber que o vapor do espaço está cheio de vida o que tornará nossas convicções mais efetivas e aumentará nossa crença nas possibilidades outrora impensadas por não nos permitir ver as coisas por outros ângulos.
2025 comecei voando e acredito que este vôo simbolize minha ascenção pessoal, profissional e espiritual.