A Lei Ninja
Rio de Janeiro
As luzes da cidade cintilavam no horizonte, refletindo no olhar atento de Jenna, que se movia silenciosamente pelo telhado de um edifício no centro do Rio de Janeiro. Ela observava a movimentação das ruas abaixo, sentindo o pulsar frenético de uma cidade que nunca dormia. Durante o dia, Jenna era apenas uma fotógrafa discreta, capturando as nuances do cotidiano carioca. Mas à noite, ela se tornou uma kunoichi, uma guerreira das sombras que lutava contra as forças que corrompiam sua cidade.
Naquela noite, seu alvo era Katja, uma figura poderosa e temida no submundo carioca. Inteligente e impiedosa, Katja comandava uma rede de corrupção e manipulação que alcançava os níveis mais altos da política e dos negócios. Jenna vinha investigando suas operações há meses, coletando provas para desmantelar seu império criminoso. Sua missão era infiltrar-se em um evento de gala no Copacabana Palace, onde Katja e seus aliados estariam reunidos.
Jenna entrou no salão disfarçada como fotógrafa, misturando-se à elite carioca com naturalidade. Suas mãos seguravam a câmera com firmeza, mas seus olhos estavam atentos a cada movimento suspeito. Ela mantinha-se à distância, capturando imagens que, para os outros, pareciam apenas registros de uma noite glamourosa, mas que para ela eram peças de um quebra-cabeça sombrio.
Foi quando, entre os convidados, Jenna avistou uma figura que fez seu coração vacilar por um instante: Guilherme Tokuno, seu ex-namorado. Ele estava parado ao lado de Katja, sorrindo e conversando com a mesma confiança encantadora que Jenna lembrava bem. Guilherme sempre fora uma presença magnética, capaz de conquistar qualquer um com seu charme, mas Jenna sabia melhor do que ninguém sobre o lado sombrio que ele escondia.
Guilherme e Jenna haviam sido muito próximos no passado. Ela se apaixonara profundamente por ele, acreditando que juntos poderiam construir algo verdadeiro. No entanto, a traição veio como uma lâmina fria: ele a usou, manipulando seus sentimentos para alcançar objetivos pessoais. Agora, vê-lo ali, ao lado de Katja, parecia confirmar que ele continuava no mesmo caminho tortuoso e egoísta.
Guilherme notou Jenna no meio da multidão e se aproximou com aquele sorriso cínico que ela conhecia tão bem.
— Jenna... há quanto tempo — disse ele, com a voz suave, mas carregada de provocações.
Jenna manteve o rosto impassível, tentando ignorar a tempestade de emoções que o reencontro trazia. — Guilherme. Não esperava te encontrar aqui.
— O destino é engraçado, não é? Ou talvez seja só a cidade pequena demais para nós dois — ele respondeu, com um olhar que a estudava minuciosamente.
Ela sabia que ele jogava com suas emoções, tentando puxá-la de volta para um passado que ela lutou para esquecer. Guilherme insinuava que havia mais em jogo do que Jenna poderia entender, sugerindo que suas ações passadas tinham sido motivadas por razões que iam além da ganância. Jenna, porém, não estava disposta a cair na mesma armadilha duas vezes.
Enquanto Guilherme a seguia pelo salão, jogando palavras carregadas de duplo sentido, Jenna tentava focar na missão. Ela sabia que precisava se manter fria e calculista, mas as memórias vinham à tona: o sorriso dele, os momentos que passaram juntos, e a dor aguda da traição que ainda a assombrava.
— Eu estava tentando te proteger, Jenna — ele disse, a voz quase implorando por uma chance de ser ouvido. — Não era tudo tão simples quanto parecia.
— Proteger? — Jenna respondeu, sem esconder o sarcasmo. — Você só protegeu a si mesmo, Guilherme. E agora está do lado dela. Katja é um veneno para essa cidade.
— Ela é mais do que isso — ele murmurou, com um olhar sombrio. — Ela é uma peça de algo muito maior.
Guilherme falava de segredos que Jenna não conseguia decifrar, como se ele tivesse visto algo que ela ainda não compreendia. Mesmo assim, ela sabia que ele estava se aproveitando de qualquer fraqueza que pudesse encontrar, tentando puxá-la para seu jogo sujo.
Mais tarde naquela noite, Jenna se esgueirou pelos corredores de um armazém na Zona Norte, um dos esconderijos de Katja. Ela já havia conseguido provas suficientes para comprometer Katja, mas algo ainda faltava. Enquanto vasculhava documentos e dispositivos eletrônicos, o alarme soou. Em segundos, os capangas de Katja cercaram o lugar, forçando Jenna a lutar para sair.
No meio da confusão, Jenna avistou Guilherme. Ele estava parado, observando a batalha se desenrolar, sem interferir. Por um momento, Jenna pensou que ele a entregaria, mas então, num ato inesperado, ele ajudou a distraí-los, criando uma brecha para sua fuga.
— Eu não fiz isso por você — disse ele, ofegante, quando se encontraram na saída. — Fiz porque Katja está descontrolada. E porque, apesar de tudo, eu ainda... — ele hesitou, como se não conseguisse terminar a frase.
Jenna encarou Guilherme, sem saber se acreditava nele. Sabia que ele era um jogador, sempre calculando suas chances. Mas, por um instante, ela viu um vislumbre de sinceridade.
Com as provas que coletou, Jenna conseguiu expor Katja e sua rede de crimes para a mídia, resultando em uma série de prisões que estremeceram o submundo carioca. Mas Guilherme desapareceu, deixando para trás apenas um bilhete que dizia: “Isso é só o começo.” Jenna sabia que ele continuava nas sombras, movendo peças em um jogo que ela ainda não entendia completamente.
Jenna olhou para o horizonte do Rio, a cidade que ela jurou proteger. O reencontro com Guilherme havia reaberto antigas feridas, mas também reforça sua determinação. As sombras do passado estavam sempre por perto, mas Jenna sabia que era a única que poderia enfrentar esses fantasmas e seguir em frente.
Porque, no fim, a lei ninja era mais do que habilidades ou combates. Era sobre resiliência, persistência e a promessa de nunca mais se deixar enganar.
Continua...