DETALHE de VALOR
Estávamos duas amigas e eu (único homem do grupo) em um passeio para a cachoeira. Após desfrutarmos de momentos na natureza, entre bate-papos, trilhas e banhos, começamos a caminhar de volta para o carro, pois tínhamos compromisso agendado.
Ao nos aproximarmos do carro, percebi:
– A chave do carro?!
Contei para elas e lembrei que, além da chave do carro, as outras chaves também estavam no molho. Pronto, a preocupação tomou conta: não só havia perdido a chave do carro, mas também todas as outras.
Quando chegamos ao carro, verificamos que ele estava trancado, e apreensivos olhamos pelo vidro para ver se as chaves estavam dentro dele, e também pelo chão, mas nem sinal delas.
Novas perguntas surgiram, mas conversamos entre nós e decidimos que o melhor seria manter a calma e pensar em uma solução. Fizemos uma retrospectiva dos passos, tentando lembrar os lugares por onde andamos.
Chegamos à conclusão de que precisaríamos voltar pela trilha onde estivemos. Tomei a iniciativa:
– Vou lá procurar.
Uma delas perguntou:
– Você vai sozinho?
– Sim – respondi, começando a me preparar, quando a outra amiga disse:
– Espera aí, eu vou junto! Melhor irmos em dupla, sempre ajuda.
Concordamos e combinamos que uma ficaria esperando no local.
Já estávamos saindo quando a amiga que ficaria aguardando sugeriu:
– Ei, antes de subir, deem uma olhada aqui embaixo. Vai que está por aqui.
Aquilo fez sentido, e a amiga que ia comigo assentiu. Começamos a busca, olhando o chão com atenção, especialmente nos pontos onde paramos antes de subir.
– Lembro de estar com as chaves na mão quando passamos por aqui – falei, tentando ativar a memória.
Minha amiga também estava atenta, visualizando as possibilidades. Raciocinávamos juntos, imaginando o que alguém que tivesse encontrado o molho faria com ele.
– Será que não deixaram na portaria do parque? – perguntei. – Onde será que ficam os achados e perdidos?
De repente, minha amiga parou, olhou para mim e apontou:
– Olha lá! – exclamou, mostrando as chaves penduradas em uma placa de avisos.
Quem encontrou teve o cuidado de pendurá-las em um lugar visível, pensando que o dono poderia achá-las facilmente. A percepção da minha amiga naquele momento foi o que garantiu que as encontrássemos.
Sentimos um alívio genuíno e até pensamos em deixar um recado de agradecimento, pois quem colocou as chaves na placa demonstrou empatia, imaginando que o dono poderia encontrá-las.
No fim, percebemos que a soma dos nossos esforços e a disposição de cada um em contribuir com uma ideia foram fundamentais para resolver o problema.
O “Vou lá” mostrou iniciativa; o “Veja aqui embaixo antes de subir” trouxe foco; e o “Eu vou junto” reforçou o poder da colaboração.
São os detalhes que não percebemos à primeira vista e as ações mais inesperadas que transformam o desfecho.
Encontrar o molho de chaves foi um alívio, mas também nos ensinou algo maior: na vida, a colaboração e a atenção aos outros revelam caminhos que muitas vezes estavam ali o tempo todo, esperando serem descobertos.