A sombra do tempo
As mãos doíam, uma dor que irradiava pelo corpo. "Vou embora desta casa, desta família!", gritou Samanta, após a surra. No silêncio da madrugada, carregando apenas uma pequena trouxa, ela seguiu pela estrada de chão e cascalhos, deixando para trás a casa e a família que a atormentavam. resistência era inútil.
Exausta da longa caminhada, com a garganta seca e o estômago vazio, Samanta cambaleou até que seus pés cederam, e ela caiu na floresta densa e escura. Enfraquecida e desesperada, ela se deixou levar pela escuridão. De repente, um brilho suave surgiu, revelando um portal de luz. Através dele, ela avistou um oásis encantador, com um banquete farto e convidativo. Uma jovem de beleza radiante, Selene, a convidou para se alimentar e descansar.
"— Samanta, minha querida, descanse um pouco. Depois, conversaremos sobre tudo o que aconteceu", disse Selene, com um sorriso acolhedor.
Logo, a mata se fechou, toda a beleza se dissolveu e a comida desapareceu aos olhos de Samanta. Ela se viu novamente na escuridão da floresta, sozinha e confusa.
"— Samanta, sua menina, onde você esteve esse tempo todo?", perguntou Idiara, com um olhar frio e indiferente. O tom de voz dela era tão gélido quanto o ar da manhã.
"— Acorda, menina! Deixe de moleza e preguiça. Vá pegar água na fonte, estamos sem água para beber!", ordenou Idiara, com impaciência.
"— Está certo, vocês que mandam", respondeu Samanta, com um sorriso amargo e sarcástico. Aos 100 anos, ela já havia aprendido que a resistência era inútil.