No Sítio da vovó Lili
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NO SÍTIO DA VOVÓ LILI
No sítio da vovó Lili, havia de tudo que os netinhos podiam sonhar. O sol despontava cedo, sorrindo para dar as boas-vindas a um novo dia de aventuras. Logo pela manhã, os gritos de alegria se espalhavam pela quadra de basquete, onde Juan corria de um lado para o outro, driblando a bola com maestria. Depois, ele se dirigia ao estúdio musical, onde as cordas de sua guitarra preenchiam o ar com melodias vibrantes.
Gabriel, sempre animado, encontrava seu refúgio no grande salão de festas, onde a música alta e as luzes coloridas faziam seu corpo se mexer sem parar. Giovana, por sua vez, adorava cantar e dançar balé ali, rodopiando como uma pequena estrela em ascensão. No campo de futebol, Arthur corria atrás da bola, enquanto Beatriz, com sua graça, executava piruetas e estrelas, encantando a todos.
Atrás da casa, um vasto quintal abrigava um pomar exuberante, carregado de laranjas, mexericas, mangas e uvas. João Guilherme, com um sorriso largo, se deliciava com as melancias e bananas, suas frutas preferidas. Na frente da casa, uma piscina em formato de L convidava as crianças a passarem o dia inteiro brincando na água, sob o olhar protetor dos adultos.
Perto dali, uma área coberta com telhado francês abrigava uma sinuca, um totó e uma mesa de xadrez. Enquanto os adultos se ocupavam assando carne, as crianças corriam entre a lagoa arborizada, onde um jequitibá e ipês amarelos e rosas emolduravam o cenário perfeito. Na água, patos e marrecos nadavam serenamente, refletindo a beleza de seus movimentos, enquanto os netinhos, encantados, miravam suas próprias imagens no espelho d'água.
Ao longo do caminho que levava do portão até a varanda, havia uma profusão de roseiras e flores do campo em todas as cores possíveis. À esquerda, uma ducha improvisada com um balde de alumínio, cercada por um muro vivo, oferecia um refresco agradável. Na varanda, uma antiga estante de madeira, repleta de livros infantis, esperava ansiosa pelos pequenos leitores. Nos caibros de madeira de lei, um casal de João de Barro havia construído seu ninho, símbolo de um lar acolhedor.
Vovô Zezé Vicente, sempre atento, caminhava pela casa com sua raquete elétrica, eliminando pernilongos com uma precisão invejável. Ao passar pela sala, uma enorme mesa de madeira e bancos de ardósia se destacavam na cozinha. O fogão a lenha, com seu piso de tijolos vermelhos, brilhava, chamando a atenção dos famintos que já aguardavam ansiosamente o almoço.
Ao meio-dia em ponto, o sino tocava sem parar, anunciando a hora da refeição. Arroz, feijão, quiabo, angu, e frango ao molho, preparados com carinho pela vovó Lili, enchiam a mesa. Todos corriam para se acomodar, e, antes de começar a comer, faziam uma oração do Pai-Nosso em agradecimento pelo alimento sagrado.
Quando o sol começava a se esconder no horizonte, os avós, de mãos dadas, se sentavam na cadeira de balanço, sentindo o amor que emanava daquele lugar abençoado. O sítio da vovó Lili não era apenas um pedaço de terra; era o lar onde a harmonia familiar reinava, unindo gerações em um laço inquebrável de carinho e tradição.
Marli Melris Caldeira
Poetisa/Escritora
Texto abrilhantado por: Bosco Esmeraldo