Sanfoneiro, um retirante em busca do seu sonho.

Omar da Silva, era natural de Exu, em Pernambuco - a mesma cidade natal de seu ídolo, Luiz Gonzaga, o rei do baião. Desde criança ajudava a cuidar da roça e aprendia a tocar acordeão, sob a orientação vigilante de seu pai, o senhor Ribamar. Ambos compartilhavam o mesmo instrumento musical. Ribamar, com suas mãos esguias e dedos que se assemelhavam a gravetos secos, instruiu o jovem Omar na arte de tocar e cantar o baião, empregando uma sanfona que era maior do que o próprio menino. Foi com a sanfona no colo que Omar conheceu a música nordestina, observando seu pai.

Quando Luiz Gonzaga atuava no coreto da praça de Exu, Omar, um jovem magro de pele bronzeada pelo sol do nordeste e estatura média, não perdia sua apresentação. Ele se deixava absorver por cada nota tocada e cantada pelo seu mestre na música Asa Branca as palavras:

“ Quando oei a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu perguntei a Deus, uai

Por que tamanha judiação?

Que braseiro, que fornaia

Nem um pé de prantação

Por farta d'água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo asa branca

Bateu asa do sertão

Então eu disse: adeus, Rosinha

Guarda contigo meu coração “ ,

ressoavam em sua mente porque ele sabia que a sua única alternativa era emigrar para o Sul, conseguir um trabalho e ajudar sua família, com a benção do Padrinho Padre Cícero.

Desde sua mais tenra infância, Omar se via imerso nos ensinamentos valiosos de seu pai, Ribamar, compartilhados ao som de uma harmônica que nos intervalos das melodias contava fascinantes histórias do Nordeste, expressando seu desejo profundo de um dia conhecer o mar. Dizia com frequência que pediu ao seu irmão residente no Sul que levasse seu afilhado para São Paulo. Nesta cidade, Omar teria a oportunidade de estudar, trabalhar e escapar da vida precária, assombrada pela fome e seca em Exu. As palavras de seu pai alimentavam os sonhos de Omar, era como beber um copo de água cristalina para saciar a sua incessante sede de esperança. O menino de pés descalços aspirava tornar-se um sanfoneiro, conhecer o mar e experimentar a efervescência de uma metrópole.

O senhor Ribamar tinha três filhos cujos nomes eram inspirados na natureza - Omar, de dezesseis anos, Céu, de quatorze, e Flor, de dez anos - lutava para extrair o sustento da sua terra para sua família. Apesar de seu desejo de trabalhar, a escassez de empresas na cidade tornava essa tarefa difícil. Durante as épocas de seca, o clã Silva sobrevivia à base de farinha e carne seca, sempre que disponíveis. Ribamar nutria a esperança de que Omar, o mais velho, saísse para estudar e trabalhar, trazendo assim ajuda financeira para a família e suas queridas irmãs. Ele acreditava que, se isso ocorresse, poderia morrer em harmonia interior e desejava ser sepultado em seu terreno junto aos seus pais.

Enfim, chegou o seu dia tão esperado, Omar com dezoito anos, estava pronto para embarcar em uma nova jornada. Seu tio e padrinho, Gael, cumprindo a promessa feita ao pai de Omar, planejava levá-lo para São Paulo. Gael enviou uma modesta quantia de dinheiro e a passagem por uma carta, o suficiente para Omar chegar à capital paulista.

Ribamar arranjou uma boleia para percorrer os 615 km até a capital de Recife, acomodado na carroceria de um caminhão. A viagem de Exu a Recife, embora longa, não chegava a durar doze horas. Após um dia, Omar embarcaria em um ônibus na rodoviária com destino a São Paulo, numa estrada de 2133 km que duraria 2 dias e 12 horas. No final desse trajeto, seu padrinho Gael estaria na rodoviária da capital, aguardando sua chegada.

Josefina, sua mãe, com olhos marejados, organizou as escassas roupas que seu filho Omar possuía: uma camisa, uma calça, duas bermudas e um par de chinelos de couro, feito pelo pai. Colocou tudo em um pano, juntou as quatro pontas e amarrou um nó, formando uma pequena trouxa. Esta seria a bagagem que Omar carregaria, repleta de esperança e uma imensurável vontade de triunfar. Seu pai sugeriu que ele levasse a sanfona, mas Omar recusou, pois este era o único entretenimento que seu pai possuía herdado de seu avô Teodoro. Foi assim que Omar se despediu de sua família. Todos se reuniram na porta da humilde casa de barro, olhando o jovem repleto de sonhos desvanecer na poeira da árida terra nordestina.

Enquanto viajava de Exu para Recife, Omar permaneceu acordado, reclinado na carroceria do veículo, admirando o céu, o espetáculo de inúmeras estrelas e a lua cheia que iluminava a estrada. Ele apreciava o Cruzeiro do Sul, que seu pai lhe havia ensinado a identificar. Assim que amanheceu, ele chegou a Recife. O motorista, conhecido do seu pai, deixou-o na Praia de Boa Viagem, dali ele poderia caminhar até a rodoviária no dia seguinte e embarcar para São Paulo.

Era a primeira vez que ele se deparava com o oceano e sua imensidão azul. De repente, um questionamento permeou sua mente: por que havia tanta água e, ainda assim, uma seca impiedosa no sertão? Omar possuía um entendimento limitado sobre a natureza - seu universo era composto pelo sol, a poeira e o calor. Assim que pisou na areia, descalçou suas botas e experimentou o frescor sob seus pés. Havia poucos visitantes na praia.Tirou a camisa, dobrou as calças até os joelhos e caminhou até a margem do mar. Seu desejo era beber um pouco de água, mas assim que experimentou o líquido salgado do oceano, logo o expeliu. Como os demais banhistas, mergulhou e nadou até se esgotar. Quando bateu a fome saiu e foi à barraca mais próxima, onde pediu um coco. Saboreou a água de coco e apreciou sua polpa branca. Omar tinha poucos recursos financeiros. O que possuía era o dinheiro economizado na viagem, pois tinha vindo de carona. As passagens para São Paulo, remetidas por seu padrinho, estavam guardadas no bolso da camisa. Ao contemplar a lua cheia refletida no mar, criando uma divisão luminosa nas águas, decidiu que a areia da Praia de Boa Viagem serviria como seu leito naquela noite.

No dia seguinte, Omar se encontrava na estação rodoviária, plataforma de embarque, três horas antes da partida. No seu assento reservado, próximo à janela, dava para observar todas as novidades ao longo da viagem de quase três dias. Sentada ao lado dele estava Maria Alice, uma senhora que também estava a caminho de São Paulo com o objetivo de reencontrar seu filho, que havia partido para a capital paulista cinco anos atrás, saindo de Recife. Maria Alice tornou-se um anjo da guarda para Omar. Ela percebeu que ao seu lado estava um jovem humilde, cheio de sonhos e em busca de um novo começo de vida na cidade de São Paulo.

Maria Alice carregava consigo uma sacola repleta de alimentos para lanchar. Toda vez que preparava e desfrutava de uma refeição, ela compartilhava com Omar. Ele, que nunca havia experimentado um pão com queijo, mortadela, presunto e sucos de uva, laranja e guaraná, se deliciou. Maria Alice preparava as refeições no próprio colo, fatiando os pães, inserindo os recheios e, com um sachê de pó de frutas, transformava uma simples garrafa de água em um suco refrescante para os dois saborearem. Após as refeições, Maria Alice servia um café de sua garrafa térmica.

Apesar dos esforços de Omar, o sono parecia sempre negá-lo, permitindo-lhe apenas breves momentos de descanso. Pela janela do ônibus, ele assistia ao desenrolar de uma metamorfose em seu mundo. À medida que se dirigiam para o sul, as estrelas rareavam enquanto a vegetação na terra se adensava. Ele nunca havia contemplado tantas montanhas, campos agrícolas, gado pastando e rios. Era um mundo diferente de tudo o que ele já tinha visto ou imaginado.

Quando a chuva caía, Omar estendia a mão para fora da janela, molhando-a e refrescando o rosto com a água da chuva. Imerso em seus pensamentos, lembrava de sua família e de sua cidade natal, Exu, que inundavam seu coração de saudades. As palavras de encorajamento de seu pai ecoavam em sua cabeça: "Vai, meu filho, você vai conseguir." Ao seu lado, a senhora Maria Alice era uma presença reconfortante. Omar agradecia pela sua generosidade e afeição. De vez em quando, ao despertar de um cochilo, percebia que sua cabeça encontrava repouso no ombro de Maria Alice. Tudo parecia um sonho para ele. Os quilômetros passavam e ele se aproximava de uma nova vida.

Assim que desembarcou do ônibus, Omar foi recebido por seu tio e padrinho, Gael, a quem deu um abraço caloroso, transbordando autêntica felicidade. Com a sua trouxa de roupas em mãos, Omar aguardou que a senhora Maria Alice recolhesse suas malas. Após um gesto afetuoso, ele expressou gratidão pela companhia, assistência e alimentação que lhe proporcionou. Eles despediram-se, sem nunca mais se reencontrar, um episódio marcante de encontros e despedidas na sua vida.

Omar chegou em São Paulo no dia 21 de julho de 1970, ficou impressionado com o barulho alto das buzinas dos carros, balões voando no céu e muitas pessoas nas ruas. Intrigado, perguntou ao seu tio o que estava ocorrendo. Gael, então, explicou: "Meu sobrinho, hoje é o dia da final da Copa do Mundo. Mais tarde, o Brasil disputará contra a Itália. Se vencermos o jogo, seremos tri campeões de futebol, um marco histórico. O povo está em clima de festa". Omar, desconhecia o contexto, pois onde residia não havia televisão ou rádio. Ele e sua família viviam isolados do mundo. Observando seu tio e o ambiente ao seu redor, refletiu: "Eu tenho muito a aprender".

Após deixarem a rodoviária de São Paulo, Gael convidou Omar para compartilhar uma humilde residência de um quarto e cozinha, situada no bairro de Edu Chaves, na zona norte da metrópole. O tio já havia organizado tudo, desde a viagem até o alojamento e o emprego. No dia seguinte, eles iriam à Fábrica Djalma de Oliveira, na Avenida Guapira, no bairro de Jaçanã, que produzia motores para limpadores de para-brisas. A distância entre a casa deles e a fábrica era de oito quilômetros. Como não havia transporte público que os levasse até a indústria, Omar viajaria na garupa da bicicleta de seu tio. Eles não precisavam se preocupar com o almoço, pois a fábrica fornecia as refeições. A rotina matinal consistia apenas em um café sem leite com pão antes de partirem para o trabalho.

Na fábrica, Omar foi recebido pelo senhor Djalma de Oliveira, que lhe disse que, devido à sua falta de experiência profissional, seu trabalho seria auxiliar na faxina. Com o passar do tempo, se Omar demonstrar interesse em aprender uma profissão, os trabalhadores o orientarão, tudo dependerá da sua iniciativa e disposição. Omar foi conduzido até o almoxarifado, lhe deram duas camisas azuis, duas calças, botas, óculos e um capacete e avisaram que dentro da fábrica era obrigado usar uniforme. O senhor Francisco era o encarregado da limpeza e Omar teria que obedecer às suas ordens.

Tudo estava progredindo bem. Omar dedicava-se à limpeza da fábrica e, sempre que havia um intervalo nessa tarefa, buscava formas de se manter útil, seja auxiliando o eletricista, ajudando o pedreiro a consertar uma parede ou assistindo o pintor. Ele estava sempre em movimento e adquirindo conhecimento. Com o passar dos dias, Omar ganhou a simpatia de todos os trabalhadores, pois durante a limpeza, ele entoava canções de sua terra natal. Embora jovem, Omar possuía uma voz potente e cantava de maneira semelhante ao seu ídolo Luiz Gonzaga. Ele sempre afirmava: "Eu sou um cantor de forró". E seus colegas de trabalho brincavam com ele: "Cadê a sanfona?" Ao que ele respondia, "Estou juntando dinheiro para comprar uma".

Um dia, seu padrinho Gael lhe informou: "Estou deixando a fábrica, arrumei um novo trabalho que paga melhor, mas é em outra cidade. Quando estiver financeiramente estável, irei chamá-lo. Mas, por enquanto, continue na Djalma, afinal, você está se saindo muito bem. No entanto, temos um problema. O seu salário não é suficiente para cobrir o aluguel desta casa. Será necessário encontrar um quarto próximo à fábrica, já que levarei minha bicicleta". Omar ficou atordoado. Seu tio era o único membro da família que tinha naquela cidade. O tio o tranquilizou, prometendo ajudá-lo a encontrar um novo lugar para morar e sugeriu que ele também buscasse apoio dos colegas de fábrica.

A vida de Omar era a casa e a fábrica onde trabalhava. Os colegas da indústria eram seus únicos conhecidos e amigos, com quem compartilhou o desejo de encontrar uma nova residência próxima ao trabalho. Em pouco tempo, surgiram várias opções. Dentro de uma semana, Omar teve três alternativas para escolher sua futura moradia. Foi Antônia, a gentil senhora do café, que sugeriu um quarto em uma vila na Rua da Alegria, localizada ao lado da indústria. Este, Omar decidiu aceitar. Seu tio se responsabilizou pelo transporte dos móveis, deixando para Omar apenas um colchão para dormir. Para alguém que passou a vida dormindo num chão de terra batida, um colchão era um luxo.

No início, Omar encontrava-se bastante abatido devido à ausência do seu tio. Cientes da situação, seus colegas se reuniram e deram alguns móveis usados para ele, incluindo uma cama para o seu colchão, algumas panelas e um pequeno fogão de duas bocas. Omar residia próximo à Igreja Santa Terezinha e, como apenas sabia assinar seu nome, indicaram um curso de alfabetização para adultos, que acontecia à noite, com três aulas semanais. A alegria de aprender a escrever, amenizou a tristeza da separação do padrinho. Revigorado, Omar estabeleceu como meta que a próxima carta enviada para Exu, contendo dinheiro para seus pais, seria escrita e despachada por ele mesmo.

Longe de casa depois de seis meses, Omar enviou sua primeira carta à família, incluindo dinheiro para apoiá-los. Seus pais iriam ficar muito felizes ao ver que o filho sabia redigir: “Mainha, Painho, Céu e Flor. O trabalho é bom. Tio Gael foi embora para outra cidade. Moro numa casinha. Estou na escola e aprendendo a ler e escrever. Tenho saudade de vocês. Omar da Silva.” Enviou a carta para sua família em Exu. A partir daquele dia ele não precisava mais pedir para ninguém anotar em seu nome. E aguardava respostas dos seus pais.

Mais de um ano se passou. No trabalho, ele já havia desenvolvido habilidades de assistente de pedreiro, carpinteiro e pintor. Nos fins de semana, ele aplicava estes conhecimentos para realizar trabalhos extras com o objetivo de acumular dinheiro para comprar seu próprio acordeon, o instrumento tão sonhado. E ele conseguiu.

Através de anúncios classificados em jornais coletados na fábrica, Omar encontrou uma pessoa vendendo um acordeon Scandalli usado - exatamente o que procurava. Desconhecendo o local, solicitou o auxílio do seu colega de trabalho, Francisco, também originário do nordeste, para levá-lo ao endereço fornecido. Ao chegarem à residência, depararam-se com Antônio, o detentor de quatro harmônicas, disposto a vender uma delas. Omar pegou a Scandalli, idêntica à que seu ídolo, Luiz Gonzaga, usava, e começou a tocar uma melodia. Observando que Omar tinha talento para tocar e cantar, Antônio passou a tarde inteira com ele, unindo-se à música de forró. Fascinado pelo instrumento, Omar decidiu comprá-lo. Antônio, então, convidou-o a voltar sempre que quisesse, demonstrando o quanto apreciava a sua companhia musical e desejou-lhe sucesso.

Na fábrica, ele ostentava um sorriso contagiante, compartilhando a emocionante notícia de que havia adquirido sua própria sanfona. As felicitações foram unânimes! No entanto, uma crescente ansiedade começou a envolver a todos, ansiosos para presenciar sua habilidade em tocar e cantar baião. Dado que o ambiente de trabalho não era o mais adequado, seus colegas organizaram uma apresentação no bar do Sr. Agostinho, localizado próximo à fábrica, numa sexta-feira após o expediente. Omar convidou dois colegas de origem nordestina para acompanhá-lo: Tião no triângulo e Chico no bumbo. Ambos aceitaram o convite e formaram o Trio do Forró. Omar mal sabia que essa primeira apresentação mudaria sua vida, realizando um sonho que nutria desde a infância.

O "Trio de Forró do Omar" ultrapassou todas as expectativas. Os colegas de trabalho fizeram questão de comparecer ao evento, enquanto transeuntes que caminhavam pela rua eram seduzidos pelos acordes da música, interrompendo suas rotinas para se unirem ao canto dos músicos. Foi durante essa marcante apresentação que Omar compreendeu quão significativa é a presença nordestina na cidade de São Paulo, uma metrópole construída com o esforço dessas pessoas.

A massa de pessoas era tão extensa que o Sr. Agostinho se viu obrigado a requisitar o auxílio de sua esposa e filha para atendê-las. As melodias mais pedidas incluíam: "Asa Branca, O Xote da Menina, Vida do Viajante, Vem Morena, Respeita Januário", entre outras. Nos primeiros acordes de "Asa Branca", as pessoas entoaram em uníssono, o trio acompanhava o coro e a canção foi repetida várias vezes. "Respeita Januário" foi marcada pela cantoria entusiasmada e emocionada do público. Foi uma noite inesquecível.

Logo depois do evento, o senhor Agostinho chamou os três músicos para conversar, agradeceu pela apresentação e contribuiu com uma quantia para cada um. Satisfeito com o aumento da frequência no seu estabelecimento, ofereceu o palco para uma futura apresentação na próxima sexta-feira, caso eles estivessem interessados. Omar voltou para casa com a sensação de missão cumprida, de um dia tocar e cantar para o povo, sentia que aquele havia sido o dia mais alegre de sua vida. E decidiu que iria compartilhar essa história emocionante na próxima carta que escreveria para seu pai.

Omar subestimou os acontecimentos recentes, pensando que as pessoas iriam esquecer e que sua rotina diária de ir do trabalho para casa permaneceria inalterada. Contudo, o desfecho foi o oposto. Seus colegas de trabalho elogiaram seu desempenho, garantindo que tudo seria resolvido. Convites para apresentações começaram a surgir.

No bar do Sr. Agostinho, ele assinou um contrato remunerado para realizar apresentações todas as sextas-feiras e sábados à noite durante um mês. A afluência de clientes no estabelecimento cresceu nesses dias. Nos finais de semana à tarde, convites para tocar em festas, casamentos e forrós começaram a aparecer. E ganhou reconhecimento no bairro do Jaçanã, sendo conhecido como "Omarzinho do Baião".

O trio ganhou fama e, para apoiá-los, Elias, o Diretor Comercial da Djalma de Oliveira, ofereceu-se para ser o empresário do grupo. Ele vestiu-os com os trajes típicos do Nordeste e começou a organizar várias apresentações, levando os músicos aos locais de seus shows. Após quatro anos se apresentando em festas em São Paulo, Elias conseguiu que o grupo Omarzinho do Baião se apresentasse na festa mais prestigiada da cidade na época, no baile do Zé Béttio, na zona norte. Eles fizeram abertura do cantor Genival Lacerda. O sucesso foi tão grande que Zé Bettio contratou-os para a noite de dança de domingo, compartilhando o palco com uma dupla de música caipira. Para promover o evento, Zé Béttio anunciava todas as manhãs em seu programa de rádio. A partir daquele dia, a carreira de Omarzinho do Baião decolou, com shows acontecendo todos os dias.

Uma vez mais, ele precisou dizer adeus às pessoas, à fábrica, à casa e ao bairro do Jaçanã que o recebeu quando veio de Exu, para continuar sua tão desejada vida de sanfoneiro. Agora a sua música favorita era Vida de Viajante:

“ Minha vida é andar por este país

Pra ver se um dia descanso feliz

Guardando as recordações das terras onde passei

Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei

Chuva e sol, poeira e carvão

Longe de casa, sigo o roteiro

Mais uma estação

E alegria no coração ”