Lar Perdido
E ele vagava. Com seus olhos marejados e seus cabelos bagunçados, não encontrava mais seu lar. "Minha família e meus amigos, onde será que estão?"
E ele corria. Mesmo que uma floresta negra aparecesse na sua frente, assim continuava. Passou a enfrentar seus piores pesadelos. Ele mesmo não acreditava no que havia se tornado.
E ele voava. Nem mesmo em seus sonhos a paz lhe estendia a mão. Suor e enjôo era o que sentia ao acordar. A fraqueza tomava cada vez mais seu ser, mas se recusava a aceitar.
E ele nadava. Achou, por fim, um mar que se estendia ao infinito. "Será que esse é o caminho de volta para casa?" Ele abraçou o mar, mas o mar não o abraçou de volta.
E ele se frustrava. As altas ondas da maré tornavam impossível seu nado até outro lugar. "Talvez eu tenha me precipitado". Perguntava-se se não havia outro jeito.
E ele pensava. Mas nada do que tentava, funcionava.
E então, se rendeu. Ao desespero; medo. À sua própria solidão. Preferiu viver em seus sonhos infindáveis, e a voar para longe dali, do que a encarar o que realmente era: um homem incapaz de retornar ao seu lar.