Escadas do céu

No alto do cume entre montes, feios, fadas e gigantes, na escada subi.

Vi nuvens tão miúdas, seres falantes, flores bem mudas.

Destes degraus e escada, alta, longa como estrada, vi.

No vertical e céu, o infinito em carretel, voei de caracol, sob estrelas, sobre o Sol.

De cantos, contos e poesias, bradou a boca minha, quebrou o silêncio.

Como em sons de bandolins, banjos e arpas, viram os olhos meus, um entediado anjo à arranhar uma viola.

Entoara uma melodia de criança mimada, vestia uma pantufa e trejeitos.

Sarcástico, um tanto, debrucei me sobre uma janela e peitoral.

Aquele ancião, subiu encima de uma nuvem, e balbuciava alguma palavra, no entanto, pouco entendi, era gago.

Um banquete se fazia entre os santos, seres engraçados, brincavam de borboletas.

Montanhas e ribeiros, amavam se num cio de gotejos.

Concebidas entre as terras, brotavam florais amarelas, girassóis cores de rosa, um canteiro de jasmins.

Tudo era belo, ria disfarçado, num canto, um tedioso demônio.

Pedi as horas à um tal Rafael, que meio desdém, mostrou me uma ampulheta quebrada.

Num instante, um beijo teu, despertou me.

Acordara eu, daquele sono de bom, já era quase meio dia.

João Francisco da Cruz