A Deusa e as Letras.

A Deusa e as Letras.

Capítulo I

A Procura.

Subindo a Serra do Rio, rumo a hoje citada Nova Friburgo, de mapas confusos, sem água e com sede de descoberta, Eu, procurava uma ruina a muito soterrada por aqueles que negligenciaram as palavras narradas de uma certa Deusa, nesta civilização, para se chegar ao templo, era necessário trilhar um caminho de cultura sem precedentes, enfrentar sem sucumbir a beleza daquele lugar, e, sem deixar-se envolver pelo doce tom da sua voz. Neste lugarejo as pessoas viviam de acordo seus ganhos, e, qualquer desvio sem lucros era visto como inútil, apesar da Deusa expressar em suas narrações o amor, a beleza e fugas para os pensamentos insalubres e vil, o senhor daquele lugar não deixava-a influenciar a todos.

Parei frente a uma estrada difusa, que, como o mapa, não deixava-me seguir um rumo certo. Não podia ser tragada com Uni-Duni-Tê, nem jogando Cara ou Coroa, tinha que descobrir com exatidão por onde trilhar. Resolvi sentar numa clareira próxima, juntei um pouco de gravetos para a fogueira, armei a barraca, providenciei algo para comer, sentei num pedaço de tronco seco, peguei minhas anotações afim de descobrir algo que me levasse a tomar a decisão certa. Entre um papiro e outro, entre escritas e rabiscos, algo chamou-me a atenção, em cada papiro havia uma anotação. A devida anotação referia-se a um tema:

"Sou das Palavras."

Pus-me a divagar sobre a frase, o que queria essa frase falar?

Continuei minha busca, desta vez procurando palavras ou frases repetidas, a base que encontrasse iria anotar para uma suposta análise. Passada às horas, mais destas frases iam surgindo:

"Eternizada na Alma e na Mente." "Eterna Busca Pela Liberdade." "Mente Atenta." "Mistério não Revelado."

Deixou-me mais pensativo essas quatros frases, arrumei-as de cima para baixo, de baixo para cima, embaralhando-as, e mesmo assim, não faziam sentidos, sem sentido algum fui descansar apagando por completo.

Capítulo II.

O 1° Sonho.

"Puta que pariu! Que porra estas frases querem me dizer."

Do nada, saindo do meio dos arbustos uma Mulher linda como o crepúsculo da natureza mostrando a beleza da noite e seus segredos, seus cabelos esvoaçavam numa "Dança Sazonal", a tonalidade dos cabelos castanhos, fundia-se com os da íris daquele olhar vivo, encantador, apaixonante, e, de mistérios a serem desvendados. Sua roupa, uma mistura de Seda com Cetim transparente torneando seus corpo escultural, onde a pureza do sagrado, diluindo e enfatizando todo prazer do profano. Com seu caminhar leve, chegou perto de mim, sentou-se bem delicadamente, seu cheiro entorpecia meus sentidos como um ópio a ser consumido, nesta embriaguez, a vontade de envolve-la em meus braços não saia da minha mente, então, desperto do transe a ouvir-la:

- Das respostas que busca, siga o satélite das suas inspirações, crie ligações com palavras no intuito de adorar-me, e, não de outra forma, encontrará a estrada certa para seguir.

Depois de dito isso, Ela olhou-me mais uma vez com seus castanhos olhos, estava tão perto, que pude sentir seu hálito de hortelã e o adocicado mel das abelhas. Tive um sentir como as aquelas "Coisas que só quem Ama Sente" Ela levantou-se, deu dois passos, olhou-me de relance e disse:

- O tempo e a distância não oprime a beleza das composições e nem do amor complacente.

Depois de à ouvir fiquei olhando-a desaçarecer entre as folhagens.

Capítulo III.

As Palavras.

Merda!..

Acordei sobressaltado, o sol já havia acordado e eram 07:30 da matina, com o fogo já apagado, olhei ainda tonto do despertar para atestar ter sido real ou apenas um devaneio, seja como for, suas palavras não saiam da memoria. Peguei a caneta esferográfica e comecei a anotar as frases. Desta vez, com atenção de uma Águia e busquei no âmago a inspiração necessária a composição. Entre palavras retiradas do sonhar, e a palavras achadas nos documentos a descrição ficou assim:

" Sou das Palavras a pura poesia.

Eternizada na Alma e na Mente daqueles que se auto escrevem sentindo o poema em sua essência, que, procuram uma Eterna Busca Pela Liberdade, e, de Mente Atenta, aprofundando-se no tema Amor alcança o Mistério não Revelado."

Eureka! É isso! Levantei animado, juntei toda tralha, voltei à estrada que agora não parecia mais difusa, pois, já sabia qual rota tomar e dei continuidade ao caminho. Neste trajeto fui abençoado com diversos temas, banhado com as mais diversas narrações de pura emoção, e, pela primeira vez o mapa antes confuso indicava o ponto X do templo. A tarde foi dando lugar a noite e chegando nas ruinas sem querer descansar fui em busca do tão desejado templo. 02:39 da madrugada de frente ao escombros milenar daquele espaço de encantos, Eu estava absorto. Apesar de ruinas, ainda estava de pé boa parte da estrutura mantendo seus portões intactos. Larguei minhas coisas, aproximei-me do portão notando uma inscrição e uma imagem grafada em Ouro e Turmalina. Na inscrição o seguinte dizer:

"Bem vindos todos aqueles que buscam nas palavras... Vida. Criando em si a mais pura harmonia."

Já a imagem.

Esta deixou-me balançado, pois, retratava-se da mesma Mulher que em meu devaneio da noite anterior invadiu meu corpo mostrando-se ainda mais linda que no sonho. O cançasso ganhou-me precocemente, sem armar minha barraca, apenas joguei o colchonete no chão rente ao portão, adormeci admirando-a como a um retrato.

Capítulo IV.

A Entrada.

O sol nem mesmo tinha acordado, Eu já estava em pé procurando a chave para adentrar tal ambiente. Em meu interior uma mistura de apreensão, curiosidade, medo do desconhecido, e, adrenalina por estar diante de uma das maiores descoberta da história. Vasculhei cada canto sem êxito, sem mais ideias, sentei de frente ao mesmo por alguns minutos. Percebi então, que a cada milésimo de segundos os sol encenava uma palavra aleatória naquele dizer.

"Vida"

"Cria"

Vida e cria. O que pode ser?

Mais uma vez dei de cara com um enigma. Pensei, pensei, e repensando cheguei a conclusão de refazer com essas palavras algo parecido com as frases da noite anterior, e, assim o fiz.

" Palavras, vida, cria."

A princípio não fez sentido.

"Vida, cria, palavras."

- Nada ainda.

"Cria, palavras, vida."

- Porra. Ainda não faz sentido.

Vou acrescentar artigo, conjunção, se for preciso, verbo transitivo. Buscando as devidas ortografia deu-se a seguinte inscrição:

"As Palavras que Ganham Vidas."

Após lido o que tinha formado, um ranger alto foi ouvido vindo da estrutura. Ao olhar atentamente percebi a entrada se abrindo bem devagar. Um aroma de Lavanda com as das Rosas Amarelas foi-me enchendo de agradável sentir. Enfeitando a saída como se ornasse o convite, Borboletas da espécie Pavão Real de Luzon e Libélulas Azuis, encantando-me com o seu bailar, sentir-me então, atraído a seu interior. Houve uma vez, no século 14, que um certo viajante teria descoberto tal monumento, entrando, nunca mais foi visto. Por todos os cantos da Arqueólogia era comentado tal feito e seus perigos. Eu sempre fui curioso na mística que envolve cada suposta descobertas, mas, essa em questão, causava-me receio e profundos desejos. Agora diante da descoberta com a possível invasão em nota, pensei:

- Devo me aventurar nesta escuridão? Se sim! O que irar-me acontecer. Se não! Como conseguirei dormir sem querer flagelar-me por tamanha covardia.

Sai da inércia do pensar e adentrei no escuro que nem a alma conseguira caminhar sem um ponto de luz. A cada passo, a sensação de estar sendo observado aumentava, o silêncio decorrente do ambiente da inveja aos filmes de terror de Stephem King, porém, adentrei mais fundo como fosse capaz de viajar no intimo desta Deusa em que no final, quem sabe o desfecho. De repente tropecei em algo, pelo tamanho e espessura nitidamente era um altar, mas, tava escuro demais para certificar. Tateando como a um cego, busquei compreender melhor o obstáculo. Foi quando lembrei do fósforo que levara comigo, então, procurei por alguma coisa que servisse de tocha.

Após varias investidas achei uma ossada, neste mesmo lugar, restos de indumentárias antigas, enrolei o pano no osso, acendi, a claridade fez-me olhar melhor o ambiente, este continha um tipo de lamparina onde continha um oleo preto (Petróleo). Acendi o mesmo deixando mais a vista todo cenário, além daquele existiam mais três locados precisamente nos cantos do salão.

Quando acendi os faróis a sala ficou completamente iluminada, era imensa, cheias de pinturas e escritas, no centro, diante do altar, lá estava Ela, a estatua mais graciosa de todas, a mulher do meu sonho com o ar de sabedoria, um papiro na mão esquerda e uma pena na direita. Neste momento sentei para contempla-la, não sabia por onde começar, entretanto, Eu tinha tempo de sobra para estar na presença dela. Aqui dentro não dava para precisar o horário, pelo relógio eram 20:20, comecei por a imagem dela escrevendo palavras de amor aos animais, noutra Ela compondo contos de magia e realidade, uma outra, falava sobre advertências dos males da época, mas, um atormentava-me. Era uma imagem dela sendo crusificada pelo senhor do lugar, levando-a muitas vezes pensar em desistir. Como poderia um ser, ser tão insensível a ponto de apagar sonhos voltados a seus súditos. Perdi horas lendo suas escritas perdidas num Recanto das Letras como intitulei. Mais uma vez o cansaço me dominou, sentei junto ao altar e apaguei.

Capítulo V.

O 2° Sonho.

"Senti uma mão acariciar meu rosto despertando-me.

- Encontrou-me.

Ao abrir meu olhos era Ela me fitando.

- Sim! Com sua ajuda. Como se deu toda essa história, não tem dados suficiente para ter uma compreensão mais ampla.

- Eu irei te contar detalhes, não repare se a emoção tomar conta de mim.

- Não precisa se preocupar.

Dito isso.

Ela, contou-me o resto da história que não estava grafada nas paredes. As horas iam passando e no resumo, pôs em evidencia todo seu projeto. Depois de ouvir-la, decidi ajudar a difundir seus talentos e suas magias. O silêncio se fez presente por uns segundos, foi quando percebi seus lábios rosados, uma atração forte tomou conta do momento e sem pensar roubei-lhe um beiiijoooo.

Capítulo VI.

Interrompido.

Porra!

Sangue corria da minha testa. A queda fez-me acordar sem antes sentir o sabor daqueles lábios.

Porra! A testa ainda sangrava.

Sai de lá frustrado, mas, com uma bagagem e tanto, assim como, uma promessa feita. Ao chegar na minha cidade, sentei em frente ao PC fazendo a primeira exibição de uma escrita que se intitulava:

"Coisas que só quem Ama Sente."

A seguir, de semana em semana uma projeção era feita conforme seu pedido, pois, todas as noite ela aparecia em meus sonhos, Eu, por minha vez ainda sonhava com aquele beijo que me foi negado pelo despertar.

Eu sou Osvaldo Rocha Jr., sou Arqueólogo, Designer, Aventureiro, e, das procuras feitas ao longo da minha profissão, esta é a maior aventura, a melhor descoberta depois da vida, e, com certeza o melhor design feito por Deus. Aqueles que quiserem conhecer esta Deusa e suas letras, criem coragem e visitem, se escrevam, e, compartilhem o canal As palavras que ganham vida.

Obs: Quem se atrever em ouvi-la, de certo terá contato com uma das vozes mais deslumbrante fazendo-os sonhar com ela ao pé do ouvido. Arrisquem-se!

Texto: A Deusa e as Letras.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 17/05/2024 às 15:10

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 18/05/2024
Código do texto: T8065590
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.