A viagem de moto, inesquecível...
Era uma manhã ensolarada de verão quando decidimos realizar um sonho – viajar com nossas motos. Depois das mochilas prontas - nos despedimos de nossas namoradas. Conferimos o material, e tiramos as motos da garagem e partimos para uma aventura inesquecível. A intenção nesta viagem de moto, era explorar novas paisagens e novas culturas em alguns países da América Latina. Com nossos capacetes adornados com adesivos da bandeira do Brasil e de outros diferentes países, estávamos prontos para o que estava por vir.
Éramos amigos há tempos; e acostumados a compartilhar emoções e risadas, e naquela viagem não seria diferente. Enquanto percorríamos as estradas, nossos rostos estampavam felicidade, proporcionada pela mistura ao som dos motores e o vento no rosto. A sensação de liberdade era indescritível; nos sentíamos como pássaros voando pelo mundo.
A paisagem variava a cada curva, e não tínhamos pressa. Parávamos em pequenas cidades para apreciar seus encantos e nos misturávamos aos moradores locais. Esses, ficavam encantados com as motos, e, porque as placas eram de São Paulo - Brasil; e é o que mais que chamavam a atenção da maioria naquela época. As pessoas pareciam intrigadas conosco. Penso que se perguntavam? – Principalmente os mais jovens - Que aventureiros são esses, que ostentavam essas grandes motos e seus capacetes enfeitados? E, sim, em cada lugar que parávamos, éramos rodeados por curiosos extremamente simpáticos. Nós, o Flávio e eu, sempre dispostos a conhecer o novo: experimentávamos as bebidas e comidas típicas nos bares e restaurantes localizados na beira das estradas, geralmente onde havia um posto de gasolina. E que comidas - boas demais!
Em uma das paradas, Flávio lançou o olhar para um rio que corria ao lado da estrada e não resistiu ao impulso de saltar da moto e mergulhar. Eu, sempre disposto a qualquer diversão, o segui. Nadamos e nos refrescamos naquela água límpida, trocando risadas e histórias que vivenciamos até aquele ponto do trajeto.
De volta à estrada, fizemos uma grande imprudência. Como não havia muito trânsito, nos arriscamos, percorremos alguns quilômetros sem capacetes. Depois, seguirmos em frente, agora com o corpo molhado e o cabelo esvoaçando ao vento. No entanto, a sorte logo virou contra a gente - Flávio fez uma curva brusca e escorregou na pista, onde havia uma mancha de óleo e um pouco de areia. Ele acabou caindo: a moto para um lado, ele para outro! Felizmente não se machucou gravemente, apenas um ralado na perna. Rimos – rimos muito, como se aquela pequena queda fizesse parte da diversão – a bagagem se desprendeu do bagageiro, e se espalhou pela pista - era uma situação inusitada...
Colocamos os capacetes novamente. O tempo passava... e a fronteira com o país vizinho estava cada vez mais próxima. Animados com o novo destino que nos aguardava, eu e o Flávio, paramos a poucos metros da fronteira para nos prepararmos um pouco mais antes de cruzarmos para o país de língua estrangeira – sabíamos que o castelhano não era uma língua completamente estranha: mas certamente teríamos dificuldade para nos comunicar.
Ao chegar à fronteira, fomos parados pelos guardas locais, que falavam apenas o castelhano, língua irmã da nossa língua portuguesa, mas difícil de entender! O som é de uma língua cantada, e falam muito rápido, as vezes com sons incompreensíveis – talvez gírias locais, finalmente, e felizmente, após conferirem nossos documentos, nos deixaram passar.
Claro que houve gafes: - quando pedimos um mapa da cidade, acabamos recebendo um com indicações para ir ao zoológico- (até hoje não sei se foi uma ironia proposital, ou dificuldade linguísticas, nossas ou daqueles guardas de fronteira).
Chegando aos centros das cidades nos tornávamos, sempre, o centro das atenções. Enfim, apesar dos ruídos de comunicação, não ficávamos abalados. As situações inusitadas se tornaram motivo de risadas e histórias para contar. na volta, por rotas diferentes. Aprendemos a lidar com a incerteza e a aproveitar cada momento, mesmo quando tudo parecia fora de controle.
E assim, a nossa viagem continuou. Não sei quantos quilômetros rodamos. Passamos pelo Paraguai e pela Argentina. Registramos paisagens deslumbrantes fora e aqui nas cidades do nosso país. Após chegarmos à Foz do Iguaçu: Outros acidentes leves e situações inesperadas aconteceram -como, por exemplo, ficar sem gasolina e ser guinchado pelo Flavio, até o posto mais próximo! Daí em diante seguimos de maneira acelerada para o fim da nossa aventura, parando só para abastecer nossas máquinas, e se alimentar, até a chegada em nosso lar do doce lar – A cidade de São Paulo. Não me recordo quanto durou toda nossa aventura, mas essa viagem formou cenas inesquecíveis em nossas memórias. E, acima de tudo, nos ensinou o verdadeiro significado da amizade, a importância de se divertir com as situações mais simples da vida e o prazer de sorrir naturalmente, independentemente do idioma que se fala – um aperto de mão e um sorriso sincero pode facilitar a comunicação.