O Toque da Morte - Livro 02 - A Rosa do Deserto - Prólogo - Propostas e Um Longo Caminho

Depois dos eventos que passamos em Harakir, tivemos um pouco de descanso tão merecido e necessário, apesar das aborrecidas arengas de Moisés e de sua estranha religião.

Descanso é apenas um modo de falar. Simplesmente tivemos a coragem e a sagacidade de escapar da fúria de um faraó que teve seu repouso eterno interrompido por um ambicioso sacerdote que queria tomar seu lugar como o lorde negro de Harakir.

Nephyr, depois de muito relutar, aceitou a proposta de Caleb de juntar-se a nossa busca para saber um pouco mais de seu passado e nos aconselhou a não sair da colina por enquanto.

Às vezes, ou no caso de Charlotte quase sempre, os conselhos de uma mulher podem mudar a história de um Domínio ou de um Reino. Os arquivos da Sociedade Van Richten têm dezenas de relatos contando sobre guerreiras, magas e até mesmo algumas vistanis salvando os reinos ora aconselhando seus lordes ora indo pro combate corpo a corpo. A história prova isso.

Voltando um pouco o relato, Nephyr sentiu algo estranho no ar. Era como se estivesse sendo tocada por alguém com uma força mágica indescritível. Será que Ankthepot possuía poder suficiente para nos atacar em outro domínio?

Achei que era um mero nervosismo de estar em outro lugar, mas havia percebido o perigo e sugeri a Vareen que criasse uma plataforma para nos defender desta estranha e poderosa força.

O clérigo agiu rápido e graças a sua magia, conseguimos escapar a uma ilha na parte norte de Sebua que não tinha nenhuma saída. Se tentássemos pelo método tradicional, morreríamos pelos efeitos da estranha magia que nos cercava.

Felizmente, nosso estrategista salvou o dia com a brilhante ideia de criar uma ponte forte o bastante para aguentar nosso peso.

Nephyr se juntou a nós e assim que atravessamos a ponte, entramos em um cenário que nos deixou maravilhados.

Havia uma pequena floresta com um clima bem mais ameno. Não que os desertos não tenham dado o ar da graça em Sebua, mas ao menos este lugar nos deixa um pouco mais tranquilos e ainda nos torna esta aventura bem mais suportável.

Fomos a outro templo bem preservado e ao entrarmos, tivemos duas surpresas. Uma agradável, outra nem tanto.

Os tesouros do templo foram roubados e não havia sacerdotes ali, o que era um bom sinal já que não havia nenhuma possibilidade de ter uma emboscada ou algo do tipo.

Ali também encontramos um estranho símbolo de uma cobra com asas enrolada ao sol e sentimos que Nephyr estava agitada demais.

Bem como bastante irritada. William tentou perguntar o que havia acontecido, mas Nephyr não respondia coerentemente a não ser uma frase que nos alertou: “Aquela cobra vagabunda ainda está viva”.

Mal saberíamos que estávamos nos envolvendo com um problema dos mais graves entre todos que enfrentamos até aqui.

Era um problema novo e delicado. A rivalidade feminina.

Me lembrei que Lucianinho, mesmo um pouco alterado pelo whiskey que tomou na festa de seu casamento, havia nos alertado de canto que as rivalidades entre mulheres eram as mais brabas devido a usar todas suas armas para destruir a rival. Todas mesmo, inclusive usando os homens para seus próprios fins.

Logo sentiríamos os efeitos desta rivalidade.

Em todos os sentidos.

* * *

Tivemos outra surpresa quando encontramos um túmulo vazio com a seguinte inscrição na lápide: “Aqui jaz a última dinastia antephoniana”.

Aqui chegamos a conclusão que o túmulo era do filho de Nephyr, Ankhtsepot.

Vasculhamos minuciosamente a tumba e pelo estado dela, a morte do rapaz foi a 1000 anos atrás e pelo seu semblante de tristeza, descobrimos que foi uma das vítimas do toque mortal de Ankhtepot.

Mas as surpresas ainda não tinham acabado. Nephyr cuspiu no chão com um ódio assustador dizendo sobre uma certa mulher que se autodenomina esposa da luz e que para ela, é um monstro capaz de assustar as crianças colocando-as para fora de casa.

Ela decidiu ficar no templo e nós seguimos em frente em uma longa caminhada com a areia como nosso companheiro indesejado.

Por sorte, encontramos um oásis no caminho para recarregar nossos cantis e descansar um pouco. Contudo, senti um zunido nos ouvidos parecido como o de uma mosca.

O calor estava forte demais apesar do oásis e o desmaio era iminente até ouvirmos relinchos de cavalo e o barulho de um tropel.

Muitos cavaleiros surgiram na nossa frente. Trajavam roupas escuras parecidas com as dos muçulmanos de Harakir.

E estavam prontos para nos atacar a golpes de sabre tendo a vantagem de estar acostumados com o calor.

Não tínhamos nenhuma chance de sobreviver na situação precária que estávamos.

Seria o fim de tudo?

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 09/03/2024
Código do texto: T8016303
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.