Eveline...
Eveline nasceu num “paraíso” - uma pequena ilha ainda sem nome e pouco habitada, no Nordeste brasileiro. Sua família vivia da pesca e cultivo local, não precisando de muito para o sustento de todos. Foram parar ali depois que Joel, seu pai, descobriu o lugar por acaso, quando ele e outros pescadores passaram por maus momentos num dia de tormenta no mar. Alguns habitantes os resgataram e, ao retornarem, decidiram que ali seria um bom lugar para viver. Moema, grávida da sua única filha, a princípio relutou, mas acabou convencida depois de ouvir das belezas e vantagens descritas pelo marido.
Acostumados com a escassez de tudo na pequena cidade onde moravam, as famílias de amigos pescadores partiram rumo a ilha, após considerarem nada terem a perder com a mudança
Viviam do que produziam e vendiam aos ricos possuidores de Iates e outras embarcações que para lá se dirigiam em busca de pescado saudável, produtos orgânicos e do bonito artesanato que criava o povo dali, mas o turismo não era permitido. Não havia eletricidade nem pousadas, ou qualquer tipo de hospedagem para ofertar. As vendas eram feitas num improvisado porto, e muitos nem desembarcavam, sendo alcançados pelos moradores em seus pequenos barcos, que lhes mostravam os seus produtos e assim os comercializavam.
Quando necessitavam de algo que não se encontrava na ilha, navegavam até a cidade mais próxima e se abasteciam dos itens precisados. Era uma vida simples e pacata, num lugar presenteado à Natureza por Deus, eles diziam. E a ilha foi batizada com o nome Paraíso, por seus habitantes.
Adam...
Adam Goldberg também nasceu num "paraíso", mas do "capital", do "mundo dos negócios" - São Paulo. Filho de ricos empresários de origem judaico/inglesa, é um jovem biólogo, formado no exterior, com posterior especialização em Ecologia, e que, disposto a estudar a fauna e flora brasileiras, se aventura em busca de áreas desconhecidas para explorar suas riquezas naturais, visando ampliar seus conhecimentos sobre ecossistema. Um dia, Adam pega o iate do pai e, subornando seu capitão, parte em busca de mais saber, sem nada comunicar ao familiar.
Eles também vivem um dia de tormenta no mar e acabam por encalhar em Paraiso, sendo socorridos por seus habitantes. A paixão do biólogo pela ilha é instantânea e, ao vislumbrar Eveline, o amor é à primeira vista. A jovem, agora com dezesseis anos, observa com curiosidade o rapaz bonito e bem vestido, e a sua atração é, igualmente, imediata.
O iate havia sofrido avarias e o capitão, junto aos homens do lugar, procuravam consertá-lo, mas isso levaria alguns dias. Adam e seu companheiro de viagem pernoitariam na embarcação enquanto o reparassem.
Com presença frequente e livre circulação no local, Adam e Eveline começam uma amizade e ele lhe convida a conhecer o iate. Conta sobre as belezas da cidade onde mora, mostrando-lhe fotografias pelo laptop que o acompanha sempre. Eveline fica fascinada e o desejo de conhecer tudo aquilo cresce forte na sua mente sonhadora. Então, em conversas familiares uma noite, ela narra entusiasmada o que viu e ouviu a respeito das imagens paulistanas e pergunta por que não podem viver num lugar como aquele. Joel e Moema, temendo pela segurança da filha, a proíbem de entrar novamente na embarcação, fazendo a jovem revoltar-se e dizer que o paraíso não é ali, onde vivem, mas naquela cidade cheia de luzes e coisas tão bonitas e diferentes da sua pequena ilha.
Enquanto isso, em São Paulo, os pais de Adam, já avisados pelo capitão do iate sobre os problemas que passaram, perguntam se precisam de uma missão de resgate e são tranquilizados por este, que diz estar tudo sob controle, ao passo que, em Paraiso, os encontros entre os dois jovens se tornam às escondidas, contrariando a decisão da família da moça e cedendo à tentação da desobediência, pois não se imaginam mais longe um do outro.
Eis que chega o dia em que a embarcação finalmente é reparada e Eveline defronta-se com a sua segunda tentação: partir com o seu amor, ou ficar no lugar onde nasceu sem jamais conhecer o que tanto lhe encantou. Vence a primeira opção e, escondida a bordo do iate, deixa Paraíso, sem que seus pais percebam. Adam viverá a sua segunda aventura e Eveline inaugurará a sua primeira.
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Embora muito educados e receptivos, a família Goldberg não vê com bons olhos a chegada da jovem junto com seu filho, especialmente por ser Eveline uma menor de idade, o que poderia gerar problemas para eles. Mas Adam está tão decidido a ficar com ela que chega a ameaçar os pais de abandonar a casa para unir-se a amada. Pensando em como resolver a situação, designam um quarto para ela, dão-lhe roupas novas e Eveline se sente num paraíso de verdade, como nas histórias de princesas que sua mãe lhe contava na infância. Ansioso por lhe mostrar seu lugar, Adam a leva num passeio de carro, o que provoca um imenso deslumbramento na moça. Eveline estava no seu segundo “paraíso”!
Mas o “éden” da grande metrópole esconde “infernos” que ela jamais sonhou imaginar. O casal é vítima de um assalto, mesmo numa movimentada avenida, e Adam é mantido em cárcere privado, para posterior pedido de resgate. Eveline, depois de abusada - sem ter sofrido violação do seu corpo, todavia, é abandonada nas ruas e vai parar num temeroso lugar daquela cidade. Desorientada, vaga por horas sem destino e um estranho surge para lhe oferecer o que ela acredita ser ajuda. A segunda aventura da “pequena princesa” vai começar. Uma aventura que a levaria ao antro do verdadeiro inferno - contraditoriamente, o “paraíso" das drogas. É quando a pior das tentações acontece. Eveline, fragilizada, aceita a sua primeira pedra de crack. Ensinada sobre como consumir o entorpecente, o alívio à todas as pressões pelas quais passara naquele dia logo acontece, e se esvaem em fumaça em instantes. Agora não havia medo, nem fome, nem nada. Sim, era um novo "paraíso"! No entanto, o efeito durava pouco tempo, e ela precisaria de mais... cada vez mais*.
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Sempre ocupados com os negócios e alheios ao que se passava com os jovens, os pais de Adam, estupefatos, recebem o primeiro telefonema com o pedido de resgate.
A polícia entra em ação e, com o dinheiro e a corrupção como aliados, foi fácil achar o rapaz através da ajuda de “informantes”. Mas nada se sabia sobre Eveline, e Adam suplica aos pais que a encontrem. Detetives e mais policiais são envolvidos e a tecnologia do reconhecimento facial das ruas, mesmo ainda considerada ilegal, foi ativada para tentar encontrá-la a partir das descrições fornecidas pelo jovem e de uma única selfie que fez com ela, numa das paradas do passeio de carro. Vasculharam todos os bairros próximos ao local onde aconteceram o assalto e o cativeiro, e chegaram até o mais movimentado deles: a Cracolândia. Suja, debilitada e ainda desnorteada, Eveline é, enfim, encontrada!
Os Goldberg providenciaram o melhor atendimento médico e psicológico para a “paraisiana”, e enquanto ela se recuperava, eles enviaram uma equipe até a ilha para contar aos pais sobre o acontecido e lhes aliviar do sofrimento com o sumiço da filha. Felizes com as informações e ansiosos por verem a garota, Joel e Moema embarcam junto com a equipe no retorno para São Paulo.
Já tratada e recuperada, Eveline abraça seus pais aos prantos ao reencontrá-los e, envergonhada e sinceramente arrependida, lhes pede perdão. Adam aproveita o momento em que todos estão reunidos e anuncia à família e aos pais da jovem que seus sentimentos são verdadeiros e lhes roga permissão para que se casem. O olhos da menina brilham quando, emocionados, eles assentem. Resolvidos os procedimentos para a permissão do casamento, Eveline vivenciará o seu quarto "paraíso” - o de ter a sua própria família constituída, mas desde que parte de suas vidas seja vivida lá... em Paraíso!
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TEMA: # Metáfora do Éden #
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