O Toque da Morte - Livro 01 - O Filho do Sol - Parte IV - Verdade Dolorosa
No meio do caminho, ouvimos uma voz trêmula e aguda vindo da parte norte do deserto. Uma voz feminina.
Um grande clarão ofuscou nossos olhares e encontramos o espírito de Dulcimae, a vistani que estava conosco durante a viagem.
Contou-nos que foi cruelmente assassinada junto com seus companheiros que eram na verdade seus irmãos. Antes de ser morta, ouviu seus assassinos dizerem que Senmet iria destruir Ankhtepot para tomar o poder e consolidar o culto a Set por todo o domínio. Com isso, Rá não poderia mais dominar o reino pela falta de fé de seus fiéis.
Ouvimos ainda uma frase inquietante vinda não se sabe de onde que era assim:
- Não lutem!! Toquem o gongo e fujam!!
Nenhum de nós sabia o significado disso e mal estávamos colocando nossas mentes pra funcionar, quando reencontramos o nosso velho e bom “amigo” barqueiro.
Era ele que tinha dado o aviso a nós. O problema todo é que Caleb é um senhor que adora lutar e sabia o quanto seria difícil controlar sua sede beligerante.
Fomos a câmara de tumbas do faraó e depois de passar por várias salas e corredores deste intrincado labirinto, chegamos á sala do tesouro e ficamos espantados com a quantidade de ouro e pedras preciosas que o faraó tinha estocado. Diamantes, rubis e safiras estavam entre essas pedras.
Não era o momento propício para ganância e o tempo pra cumprir nossa missão estava se esgotando rapidamente.
Estávamos a ponto de sair da sala do tesouro quando Vareen ouviu passos pesados e o ranger de uma tumba se movendo.
Era Senmet.
Havia começado sua feitiçaria objetivando despertar Ankhtepot e depois assassiná-lo.
Sentimos uma forte explosão a seguir e um clarão que nos ofuscou.
Era Rá, o Deus-Sol, que apareceu com todo seu esplendor.
Não tínhamos mais tempo a perder.
Era hora de bater o gongo e correr.
Porque, caso contrário, iríamos morrer.
* * *
Ficamos estupefatos com a presença do próprio Filho do Sol. Senti-me tão paralisado de medo que nem todas as balas do mundo poderiam ferir um Deus. Nem mesmo os poderes combinados de Caleb e Vareen poderiam dar conta.
E no meio de nossos temores, nem desconfiávamos que a terceira parte da profecia da Grande Conjunção estava bem na nossa frente e tinha estas frases:
“O Filho do Sol em seu sétimo despertar, fará o usurpador pela eternidade lamentar.”
Com uma estranha palavra: Rixola Exat. Não consegui descobrir o significado dela.
Caleb nem pensou duas vezes antes de dar um golpe no gongo tão forte e barulhento que o eco foi capaz de retumbar até Dementlieu.
Com isso, o templo começou a tremer e Ankhtepot estava despertando de seu repouso eterno.
Senmet tentou impedir nossa fuga de todas as formas e começou uma louca perseguição pelas câmaras do templo. Aceleramos ainda mais nossos passos e o sacerdote de Set tentou atacar-nos com seu poder. Provavelmente estava furioso por ter seu plano frustrado por nós.
Estávamos perto do limite de nossas forças quando as Brumas nos envolveram. Não vimos mais nada após isso.
Quando tudo acabou, não estávamos mais na câmara de tumbas de Ankhtepot.
Era um lugar esquisito, parecendo uma espécie de estrada. Vimos ao longe outra estranha criatura envolta em faixas brancas. Outra das múmias do deserto, pensei eu.
As surpresas foram inúmeras. Era um vulto feminino e pra nos deixar desconcertados, era Nephyr, a mulher do faraó que aparentemente foi uma das vítimas de seu toque mortal.
E pra ficar ainda mais surpreendente, descobrimos que Nephyr ainda estava viva.
Provavelmente quando Ankhtepot foi pego pelas Brumas, Nephyr acabou vindo junto e sendo talvez ressuscitada no processo por Senmet com o objetivo de ser uma das suas múmias-soldado.
Notamos que estava chorando muito por acreditar que era uma morta-viva. Não sabíamos totalmente da verdade e nem mesmo Vareen com seus poderes conseguiu algo digno de nota.
Tudo que o clérigo poderia fazer era contar a verdade a Nephyr e foi exatamente o que fez.
Contou a ela que foi trazida de volta a vida de alguma forma e inicialmente sua reação foi de irritação, mas logo resignou-se com a notícia dada por Vareen.
Percorremos o deserto e logo percebemos que este tipo era muito diferente de Harakir. Parecia que as areias eram menos fofas e o calor era mais suportável e a temperatura mais amena.
Estávamos em um outro domínio com características totalmente diferentes.
Seu nome: Sebua.
Guardarei este nome com certa dor no coração.
Contudo, era hora de terminar meu relato antes que a areia inutilize minha pena e que os ventos levem meus manuscritos.
E descansar bem para enfrentar uma nova e dura jornada.